terça-feira, 1 de novembro de 2011

Jogos Pan-Americanos de Guadalajara 2011 - A crítica final


Encerraram-se na madrugada deste domingo para segunda os XVI Juegos Panamericanos, com uma festa muito bonita no estádio Omnilife, em Guadalajara. Uma festa com muita música, a reunião dos atletas e das nações e tudo mais que o espírito Olímpico nos deve representar, assim como também foi feito durante a Cerimônia de Abertura, com a maior diferença que no dia 14, foi feito o ato de maior alegria de qualquer evento desse tipo, o de acender a pira, e o desse dia 30 (ou 31, dependendo do fuso), o mais triste, que é vê-la ser apagada. Agora, outra festa como essa, só em 2015, na cidade de Toronto, no Canadá. 

Torçamos para que daqui quatro anos, o Brasil possa ser melhor do que esse, que havemos de convir, foi um ano maravilhoso para o esporte brasileiro, superou todas as expectativas para o Pan, com suas quase 50 medalhas (48 para ser mais exato) e o terceiro lugar na classificação geral, estando atrás apenas dos Estados Unidos (mas com eles não se compete) e de Cuba, escolas esportivas tradicionalíssimas do esporte. Veja abaixo o "medallero" com todos os países que subiram ao pódio pelo menos uma vez:


Apenas fiquei chateado por que o Brasil ficou desde os primeiros dias na segunda posição, na sexta, dois dias antes do encerramento dos jogos, Cuba conseguiu passar, porém isso não tira mérito nosso, pois não ficamos atrás de qualquer país, ficamos atrás da segunda maior potência do continente.
Mas apesar de o Brasil ter ido muito bem, muitas medalha de ouro escaparam na bobeira, como é o caso das medalhas que podiam ter vindo com os campeões mundiais, como Douglas Brose do caratê, Fabiana Mürer do salto com vara... além também das nossas estrelas que deram uma certa "apagada" na competição, como é o caso da da ginasta Daniele Hipólito (ainda na ginástica artística, a ausência de Jade Barbosa, contundida, pode nos ter custado medalhas douradas), e da nossa seleção de futebol masculino, que ao contrário do futebol feminino, que as meninas não conseguiram o ouro, mas trouxeram uma prata sendo derrotadas nos penalties, mas jogando pra honrar a camisa, eles sequer passaram da primeira fase, mostrando tudo, menos o futebol tipicamente brasileiro em Guadalajara. E assim foi com mais alguns esportes, que vocês puderam acompanhar. 
Porém não vamos apenas nos lamentar, tiveram muitos momentos grandiosos também, como o ouro conquistado pelo jogador de ping-pong Hugo Hoyama, até então maior medalhista brasileiro em Pans, pouco depois superado por Thiago Pereira, que também nos trouxe vários ouros (a natação brasileira no seu geral nos orgulhou, rendendo 10 ouros), a carateca Lucélia Ribeiro, que conseguiu a marca histórica de quatro ouros em quatro Pans consecutivos, coisa que atleta brasileiro nenhum mais conseguiu, também nosso primeiro ouro no levantamento de peso, a vitória memorável do vôlei de quadra feminino sobre Cuba no Tie Brake (seleção que teve a ausência de Jaqueline, naquela batida de cabeça que quase aleijou a moça ainda na primeira fase) e claro, talvez o maior exemplo de patriotismo e força de vontade, representado por Maurine ao continuar defendendo a seleção de futebol, na mesma semana em que o pai vem a falecer no Brasil.
E além das medalhas, ainda conquistamos o direito de levar mais de 100 atletas para as Olimpíadas de Londres do ano que vem durante Jogos, apenas para constar.
Enfim, esse Pan deixou muitas marcas e lições para o esporte brasileiro, mas a principal é a que podemos ser uma potência. Acabamos afrente do Canadá, que sempre dava lavada na gente, e só fomos inferiores à 2007, quando jogávamos em casa. Se muitos atletas amadores se espelharem em atletas como Solonei Rocha, o vencedor da maratona, por exemplo, que proporcionou uma cena que fez muitos brasileiros chorarem em casa de emoção na cerimônia de encerramento, era catador de materiais recicláveis na sua cidade no interior de SP (Anápoles), profissão na qual as pessoas normalmente não enxergam futuro nenhum, vai se imaginar então que um dia fossem protagonistas de uma cena como essa, de medalhista de ouro da mais nobre de todas as provas olímpicas e pan-americanas, sendo premiado diante de 45 mil pessoas, e que graças a ele, é tocado nosso Hino Nacional numa festa que estava sendo destaque no mundo todo.
O Brasil é uma país continental, tem gente talentosa o suficiente, só não é uma potência porque não quer. Se atletas não morressem de fome vivendo como atletas no Brasil, poderíamos ser pelo menos uma Cuba no esporte.

E apenas para "concluir" minha primeira postagem sobre os Jogos, vamos à crítica final da transmissão:


Confesso que Portal Terra.com.br me pegou de surpresa, por isso nem o citei no post passado, e dele não tenho nada do que reclamar. O Portal abriu brecha para praticamente todos os esportes, com transmissões exclusivas e ao vivo que a televisão não teria disponibilidade para transmitir, inclusive dos esportes que o Brasil jamais ouve falar. Montou uma estrutura grandiosa para transmissão, tendo em vista ser "apenas" uma empresa de internet. Só achei meio que falha algumas transmissões em que a qualidade de vídeo não era muito boa, embaçada até na sua qualidade máxima, porém, por estas não serem imagens da geração oficial, acabam se tornando "boas", por serem próprias e independentemente feradas pelo Terra, que não tem a mesma estrutura e equipamentos que uma emissora teria para fazer o mesmo serviço.
E um lembrete: O Terra detém detém os direitos de transmissão das Olimpíadas de Londres!!! Quem gosta de esportes inusitados, já sabe que terá onde assistir!!!


Já quanto á esta, a gigante, dona de exclusividade no Brasil, também não há muito do que reclamar. A Record fez uma ótima cobertura, transmitindo os jogos o tarde toda e parte da noite, quase inteira também. Porém, na Record faltou um pouco de diversidade. Dá até para se dizer que a Record transmitiu apenas futebol, vôlei, ginástica, natação, atletismo e judô, pois era disso que basicamente consistia sua cobertura. Claro que transmitia outras modalidades, mas muito pouco, se comparado a essas que citei.
Ficou com o filé, as modalidades que o Brasil já conhece e tinha medalha praticamente garantida. Mas, o que não se pode dizer é que ela desmereceu o Pan no seu geral. Mas, por ser uma máquina de audiência, precisava mesmo de apenas o filé, e dava uma folga nos finais de semana, já que o Pan não daria 1/3 do IBOPE que seus programas dominicais e O Melhor do Brasil dão, e com o evento seria esmagada pela concorrência fortíssima desse período.
E a palhaçada maior da Rede Record foi: A novela que ela estava fazendo por causa da Globo, quando esta passou um trecho da natação e da cerimônia de abertura sem o logotipo da emissora paulista
 e o drama que fez depois por que a concorrente não passava mais cena nenhuma. Quanto ao "primeiro capítulo", a Record não está errada de reclamar, é o direito dela, estava no contrato, o que tornou o caso ridículo é ter levado uma causa dessa a público, exibindo uma matéria no seu principal telejornal, fazendo várias reportagens no seu portal na internet, submetendo bloggeiros e comentaristas e repetirem isso, e etc. Já quanto ao "segundo episódio, o que a Record tem a ver se a Globo transmite ou não as cenas do Pan? Cada um com seus problemas, se fosse a TV Cultura ou a Bandeirantes que fizesse a mesma coisa, ela não ia reclamar a público de um A sequer...
E além da briga com a Globo, ainda mostrou explicitamente suas picuinhas com a CBF, quando o Romário e as matérias da TV e R7 ficavam falando que Ricardo Teixeira mandou uma seleção fraca por que eles iam transmitir os jogos e a Globo não... 
Mas saindo um pouco da Record, a transmissão da Record News, essa sim, no meu ver, foi infinitamente melhor que a da Record. Apesar dela não ter os narradores e comentaristas de elite, nem pego pra exibir os eventos top, conseguiu fazer uma cobertura ótima, digna de Olimpíada. Ficava praticamente 24 horas falando do evento, quase todo tipo de modalidade exibia, nem que fossem reprises ou flashes, ao contrário da sua "mãe rica".
E o exemplo maior de que a Record News entrou no verdadeiro espírito do Pan é que foi diagnosticado um câncer de laringe no Lula e Khadafi foi assassinado, e ela não ficou com seu sensacionalismo tradicional nesses mega acontecimentos (Todo o sensacionalismo estava no Pan). 
E para complementar, o Portal R7 dava as notícias de última hora, e as informações a mais que a TV não dava conta. A transmissão online não era tão completa como a transmissão do Portal Terra, pois apenas transmitia em simultâneo com a Record ou a Record News (raros os casos que fez transmissão própria, mas pode-se arredondar isso para nada), porém foi um dos pontos essenciais da cobertura do Grupo Record, sem dúvida.

Porém, o Pan foi só o teste final, ano que vem, veremos esse slogam que a Record tanto se orgulha de repetir na prática:




Sim, ano que vem teremos o evento máximo do Esporte, os Jogos Olímpicos, a serem realizados em Londres, evento exclusivo da Rede Record em TV aberta (SporTV tem a sublicenciação para TV fechada), que provavelmente seguirá o mesmo esquema de transmissão do Pan: Muitas horas por dia, o logo da Record gigante com as argolas olímpicas no canto superior do vídeo, porém, gracinhas da Record a parte, tudo indica que será uma transmissão boa... Já há certa cobertura olímpica, tanto na TV, com seus "Minutos Olímpicos" e principalmente no Portal R7. Que realmente seja tão boa como está sendo prometida, por que Olimpíadas são Olimpíadas, elas que provarão a capacidade e grandeza da Record. E caso falhe, pobres de nós telespectadores, que ainda teremos a Record até 2019 (Pelo menos em 2016 "ainda" há Globo e Band)...