domingo, 25 de fevereiro de 2018

E esses tais esportes de inverno?



No Brasil quase não existe neve e, a exceção de algumas atrações esporádicas de shoppings, pistas de gelo também não. Mas ainda assim, por que esportes tão estranhos a nossa cultura, como esqui, curling e snowboard, que usam destes ambientes, nos fascinam tanto, a cada quatro anos (mas é um fenômeno recente, admitamos)?

Parece fácil, mas falar dos Jogos Olímpicos - e Paralímpicos - de Inverno não é algo tão simples assim. É uma competição da qual não conhecemos os atletas, tampouco as estrelas; não sabemos as regras e muitas vezes nem os nomes dos esportes e para muitos até o nome dos países que se destacam no evento são uma novidade. 

Sempre gosto de acusar o "efeito mídia", mas não sei se ele é de todo válido para esta situação. Claro que ele é inevitável, pois sem internet e televisão, seria impossível que tivéssemos acesso a esses Jogos, mas acho que existe algo a mais. E nem é esse tal "espírito olímpico", que ainda vale pras Olimpíadas de Verão, mas não pras de Inverno. Resumir o problema à estética? Pode até ser, gostamos de neve, a achamos bonita, embora a maioria de nós nunca a tendo visto pessoalmente (e eu sou um deles).Os próprios esportes são bonitos, quase todos modernos e radicais, quando não artísticos, como é o caso da patinação. Ou, como eu já mesmo disse, talvez seja tudo isso, somado ao nosso "recalque" de frio. Sim, temos fantasias com o frio e a neve, e isso não pode ser desconsiderado. 

Motivos eu poderia enumerar até amanhã. Mas no fim, eles nem são importantes. Gostamos, olhando-os esportivamente ou esteticamente, e isso é o que importa. Os Jogos Olímpicos de Inverno de PyeongChang 2018 acabam daqui a pouco, mas o esporte de inverno não pára. E pra você que está chegando agora nesse meio, pra que esperar mais quatro anos, até Pequim? Inspire-se, informe-se, como eu mesmo admito que não faço. E se você está na neve - por inúmeros motivos -, por que também não participar (garanto que a concorrência na delegação brasileira não vai ser grande)? 

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

PyeongChang 2018 na Globo. Tóquio 2020 também. Pequim 2022, Paris 2024 e outros/as que vierem, no mesmo lugar.




Ainda que passado meio despercebido, tivemos na última sexta o início oficial dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2018, realizados na cidade de PyeongChang, Coréia do Sul. Ocorrendo em meio a um período complicado do interminável conflito entre sul e norte coreanos, o evento, no Brasil, marca o recomeço de uma era na televisão, pois é a primeira de oito Olimpíadas (que se tornam dezesseis, se consideradas as da Juventude) adquiridas antecipadamente, num único tiro, pela Rede Globo junto ao COI (Comitê Olímpico Internacional). 

Não perca as contas, entre inverno-verão-inverno-verão, a emissora carioca detêm os direitos dos Jogos até o ano de 2032. O acordo, noticiado até no Jornal Nacional, bota o canal brasileiro em pé de igualdade à estadunidense NBC, maior patrocinadora olímpica, ainda que informalmente, do mundo - eles também conseguiram o acordo pelos mesmos 14 anos de forma antecipada. O acordo global é exclusivo para TV paga e internet e não exclusivo para TV aberta (o que quer dizer que SBT, Band e qualquer outra rede pode pode negociar os direitos com o COI, sem necessidade de falar com a Globo). 

Mas tá, Globo transmitindo Olimpíadas, nada de novo sob o Sol, não? Sim, de fato que sim, não estou dizendo nada além do esperado, mas é uma notícia que me faz pensar sobre a realidade da nossa televisão. Sabemos que a discrepância entre a Globo e suas concorrentes é algo surreal, assim como sabemos a importância de uma transmissão de Jogos Olímpicos, sejam eles de inverno ou de verão, para qualquer TV do mundo. É um evento que pode girar cifras astronômicas em um eventual leilão de direitos. Será que nossa TV é assim tão restrita a ponto de não valer uma disputa dessas? 

Para o Comitê Olímpico Internacional parece estar bem claro que não. Se essa negociação foi possível, foi porque esses cartolas viram lá no Ciclo Olímpico de 2010-2012 que Olimpíada, para gerar a visibilidade e retornar o lucro que eles querem, ou é na Globo ou não é em lugar nenhum. 2010 e 2012, Vancouver e Londres, lembram, as Olimpíadas da Record? Se a resposta for negativa, minha tese está confirmada. Embora a rede de Edir Macedo tenha sido muito importante para a divulgação do movimento olímpico, pela apresentação dos Jogos de Inverno ao grande público, nos de verão, que são os Jogos que realmente importam para o mercado brasileiro, o resultado foi um fiasco. Baixa audiência, pouca repercussão e um prejuízo financeiro sem tamanho para a TV exibidora. 

E se na Record, que é um canal riquíssimo e não tão estereotipado quanto o SBT, a aposta não deu certo, quem dirá em outros canais de menor expressão, como a RedeTV! ou Bandeirantes (aceitem), por exemplo? Logo, aos passos que andam nossa "caixa de maravilhas", como diz o vídeo que abre esta postagem, na Globo você vai ver, sim, vai, e por muito tempo. 

E nessa madrugada, com o fim do Carnaval, você finalmente começa a ver a transmissão, atrasada, mas ao vivo, de PyeongChang 2018 em TV aberta. E aproveitemos, pois quando o fuso horário não ajudar, é bem provável que isso [outra Olimpíada de Inverno] não vamos ver novamente. 


quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Tonin, o ninja que veio da roça (e as outras temporadas)


Voltei de "férias"! Depois de um dezembro e janeiro corridos, finalmente estou podendo voltar ao blog. E como não tive tempo antes, minha indicação pras férias reais (não tipo as minhas) de vocês vai acabar ficando como uma dica para os finais de semana. Você que me lê já conhece o anime brasileiro do Tonin? 

Sim, é um desenho em estilo japonês, mas ao mesmo tempo mais brasileiríssima que existe! Publicado entre 2008 e 2012, em quatro temporadas de episódios exibidos aos sábados no Charges.com.br, de Maurício Ricardo (sim, o site daquele cara que é um dos fundadores da internet no Brasil).Conta a história de um caipira da região do Triângulo Mineiro (Berlândia-Berada-Tuiutaba) que vai até o Japão do passado treinar em uma escola de ninjas para resgatar uma vilinha de camponeses da opressão de um mago que usa de seus poderes para extorquir o que pode e não pode daquelas pessoas. E é a sinopse que eu vou dar para não estragar a surpresa de ninguém. Mais abaixo vou deixar algumas um pouco mais completas, mas por é só isso que vocês precisam saber mesmo (acreditem, surpresa é o que não vai faltar nesse desenho).

Pra quem acompanha, ou já acompanhou o site, vai ver que é um trabalho totalmente diferente do que ele oferece no dia a dia. Primeiro por ser uma história fechada, e em temporadas, mas que em contrapartida, ainda carrega muito do trabalho que a gente tá acostumado. Críticas de cotidiano, paródias da sociedade, referências a ocorridos do mundo real (lembrem que ali tem muita coisa que fazia sentido lá em 2008, há dez anos atrás e que hoje talvez não façam tanto, mas isso não torna a obra nem um pouco menos atemporal), além de trocadilhos e gags visuais, exatamente como acontece nas animações diárias. Só que menos ficado nisso. É também, ao menos no meu ponto de vista, o trabalho mais artístico de Maurício, com perspectivas e proporções que a gente não vê ele usando, como personagens de perfil,  por exemplo, que ficam estranhíssimos no traço dele e até onde me lembro, só apareceram aí mesmo.


Mas a novidade que, que nem é tão nova, que tô trazendo, são as quatro temporadas em formato de filme que o próprio foi disponibilizando durante todo o ano passado em seu canal no YouTube (aliás, se você não é inscrito nele, inscreva-se. Não, não estou recebendo nada pra indicar, estou fazendo isso porque ele é bom mesmo). Algumas coisas ali podem até ter ficado estranhas ali, mas entendam que é porque esse não foi o formato original do produto (quem assistiu o filme d'Os Dez Mandamentos sabe do que eu tô falando), em filme ele não ia ficar perfeito mesmo. Na sequência, as quatro temporadas, com um rápido comentário antes de cada uma, pra você, se não conhece, conhecer um dos produtos mais fantásticos - e menos valorizados - da... Da... Animação? Brasileira? Bom, Tonin aí pra vocês: 


A primeira temporada é a apresentação da história. Ninjas chegam ao interior mineiro buscar, lê-se comprar, aquele que é o "Escolhido" para dar fim às tiranias de Vilano San, antagonista de maior destaque na série, em uma vila do Japão Feudal (não dá pra saber a época com exatidão). Enquanto isso, no Brasil, são mostradas as aplicações de Tião, pai de Tonin, com os lucros da venda do menino. 



A vorta dos que num foi acontece no Brasil, às vésperas das Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016 e é continuação direta dos acontecimento de O ninja que veio da roça, a fim de que eu nem sei como falar dela sem dar spoilers. Só vou dizer, para aumentar a expectativa de vocês, que ela apresenta, de fato, um novo vilão, que já havia aparecido de relance na primeira temporada passará a acompanhar o herói rural até o fim de sua saga. Ah, e peço que prestem atenção nos vários exercícios de futurologia de Maurício Ricardo presentes no filme.



Devido aos acontecimentos da última temporada, O ninja dos inferno retorna todos os personagens ao Japão. As questões temporais, que ganharam destaque principalmente no vídeo aqui de cima dão uma pausa para abranger um ambiente mais "místico". É a mais filosófica dentre todas as quatro histórias e é também o fechamento da maioria arcos abertos no primeiro ano da série.



A última temporada de Tonin é a mais alheia a todo o resto da série. Como já visto no final da saga anterior, passaram-se cinco anos, o protagonista é adulto (ao menos nas concepções tradicionais de "adultice") e praticamente todos os problemas que envolviam o universo do desenho já foram resolvidos, a exceção de um ou outro que acabou ficando para trás - e que eu adianto, se são mesmo resolvidos ou não, é questão de interpretação. O tempo também volta a ter seu protagonismo, agora abordando uma linha teórica que eu particularmente não concordo muito quando o assunto é viagem pelo tempo e espaço. Mas eu concordando ou não, de qualquer modo nada disso é real, então apenas aproveitem!



Tonin reaparece em Transando essa transa, primeiro e por enquanto único crossover com todos personagens do Charges, publicada em 2013. Você pode assistir a saga acessando este link. E para assistir a série no seu formato original, em capítulos, clique aqui.