quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Os Dez Mandamentos - A Bíblia na Novela


E com a cena mais cheia de absurdos históricos com os fins de alimentar o senso comum na "megaprodução" da Record, começamos a narrar, "junto com Moisés", a narrativa rumo à Terra Prometida. 
Roda a vinheta da novela: 



Mas antes de tudo gostaria de explicar o motivo desta postagem, já que ela é longa, com certeza muito cansativa, e dependendo do quando você estiver lendo-a, pode ser que esteja até meio que sem sentido, pois os vídeos alguma hora podem ter sido retirados do ar pelo R7. 
Pra começar com as explicações, com certeza já falei aqui neste blog, se não falei ainda vou falar de novo, ou talvez nem fale, recomendo que explore o site para descobrir, sobre Os Dez Mandamentos, primeira novela bíblica da Record (escrita por Vivian de Oliveira, com a direção geral de Alexandre Avancini), e talvez também já tenha argumentado que ela foge bastante do texto das Sagradas Escrituras - o que é esperado e necessário -, então, por conta própria, resolvi reunir todos os vídeos, disponibilizados no site que hospeda o material oficial da novela, que recriam especificamente a narrativa da Bíblia. 
Não quero com isso "evangelizar" ninguém (porém, caso te convença de algo, ou também se servir para alguma escolinha dominical, a postagem também foi válida), nem tampouco fazer publicidade da TV de Edir Macedo (mas isso acho meio inevitável), quero apenas deixar fixado aqui o modo como a Televisão Brasileira representou, a sua maneira, uma das histórias mais famosas da Humanidade. Claro, eu sei que existem infinitas versões dessa narrativa imortalizadas em filmes, peças teatrais, pinturas, paródias humorísticas e outras obras televisivas, então, longe da versão da Record ser superior ou inferior à qualquer outra delas, não estou aqui para fazer comparações. Meu objetivo, como já deixei bem claro, é apenas resumir mais essa forma de contar a já tão familiar trajetória de Moisés e a libertação dos Hebreus da escravidão do Egito. 
E por fim, antes de começar, gostaria de lembrar que estou trabalhando apenas com o que a Record nos deixou a disposição de forma gratuita na internet, ou seja, pode ser que faltem alguns versículos, mas nada que comprometa muito o entendimento total do que está sendo narrado. Lembrar também que, infelizmente, este conteúdo só pode ser exibido em território brasileiro. Se você me lê de outros país, te peço desculpas desde já pelo inconveniente. Esta postagem foi feita com auxílio da Bíblia Sagrada - Edição Pastoral, 27ª Impressão, e da Bíblia Sagrada - Tradução CNBB, 8ª Edição. Vamos começar então: 

A novela começa com o nascimento de Moisés, num período que, segundo a narrativa bíblica, foi marcado pelo grande número de hebreus escravizados na Terra do Egito - eles chegaram ao Reino na saga de José [filho de Jacó, chamado Israel], segundo a mesma Bíblia. A Record fez uma minissérie sobre a vida deste personagem -, e também por um decreto do Faraó que ordenava o assassinato de todos os bebês do sexo masculino pertencentes àquela etnia, sob a justificativa de uma suposta rebelião ou traição contra os egípcios. 



Sua mãe, Joquebede (os nomes são relativos, cada Bíblia traduz de um jeito, não existe certo e errado pra isso), escondeu a criança e cuidou dela o máximo que deu, mas chegou uma hora que não dava mais pra manter ela escondida. A solução encontrada para "salvar" (eu não confiaria nessa tática não) o bebê se tornou uma das passagens mais famosas de toda a Bíblia, e quiçá de todo imaginário ocidental e oriental: 


Acompanhado noite afora pela irmã Miriã, o cesto da criança foi encontrado, "junto aos juncos", pela filha do Faraó, que na novela havia sofrido uma sequência de abortos devido a poções feitas pela vilã Yunet, sua dama de companhia (no próximo vídeo, a moça que pega o cesto para a princesa. O motivo era ciúmes. O então marido da princesa, General Disebek, mantinha um caso com a vilã ainda em sua época de solteiro, quando ela vivia em uma casa de prostituição. Tomou meio que como uma traição o casamento dele com outra mulher, e para não ver a princesa tendo um filho com seu amado, ela faz questão de causar essas maldades. Yunet chegou ao palácio sob indicação de Disebek, e Nefertari, que virá a ser rainha do Egito e o amor de Moisés e Ramsés, é filha dos dois, que porém, para não passarem ambos como adúlteros e sofrerem as consequências, por artimanha da mãe, Nefertari "se torna" filha de Yunet com o sacerdote Paser, este último que passou a vida sendo enganado), tendo provavelmente ficado estéril com isso. A dor de não poder gerar um filho faz com que a princesa interprete essa criança como um envio dos deuses para suprir essa "maldição" que havia recaído sobre ela, e então resolve tomar a criança para si. Em uma das várias jogadas de "protagonismo disfarçado" de mulheres, presente várias vezes no Livro Sagrado, a irmã de Moisés aparece para oferecer uma ama de leite hebréia para a criança - sua mãe - que o leva de volta para a Vila, onde ele passa a ser educado segundo a tradição de seu povo - depois ele esquece tudo, num equívoco absurdo da novela, fazendo de conta que uma separação forçada da mãe, e tudo o que veio antes, simplesmente pode ser apagado da mente de uma criança. Só não esquece totalmente porque vira e mexe voltam flashbacks à sua mente. Psicólogos podem explicar melhor este fenômeno na vida real, que eu acho que não deve de acontecer bem assim -. Ainda nesse episódio, o menino recebe o nome de Moisés, segundo a princesa, "pois das águas o tirei", e na sequência ao fato, de presente de casamento, ainda sem ter levado a criança ao Palácio, a princesa pede a seu pai que anule o decreto que mandava matas os nascidos hebreus. 


Dado o tempo da amamentação (o Ministério da Saúde adverte: amamente seu filho até os dois anos de idade, na novela, se puder até os três e tanto, melhor ainda), a princesa pede de volta o menino:  


A Bíblia não diz como Moisés descobriu, ou se por algum acaso sempre soube, a verdade sobre sua história. Para essa sequência, pede-se a liberdade poética dos autores, e em cada obra ela se dá de uma maneira. Na novela da Record, o Faraó "aceita" que a criança more no Palácio, contanto que sua origem nunca seja revelada. Torna-se então um tabu falar qualquer coisa sobre a vida de Moisés. Seu avô, o  Rei, desde o começo passou a odiar o menino, que acaba crescendo como um príncipe, e com a mesma mentalidade de todo nobre, a de opressão. Em atuações maravilhosas do núcleo infantil, Arão, irmão de sangue do libertador, em um momento de ira, revela as origens secretas do príncipe, que são confirmadas por sua mãe. A partir daí Moisés passa a se interessar por sua origem escrava (vídeo dos "melhores momentos" do quinto capítulo da novela):


A partir daí nada de interessante acontece, todo mundo cresce e os atores mudam: 


E quando digo que nada de interessante acontece, é nada, nada mesmo! A novela vira uma ensebação que só, mostrando o triângulo amoroso de Moisés, Nefertari e Ramsés, e as crises existenciais do "Libertador", por não se decidir entre ser Hebreu ou Egípcio. Pra dar sequência à história, vou partir para a cena em que Moisés encontra, finalmente, sua família hebraica (ele já conhecia sem saber que conhecia, não vou explicar, assistam a novela): 



E voltamos à Bíblia!!! Já familiarizado com os escravos, Moisés mata um feitor egípcio quando o vê maltratando seu irmão, que ele ainda não sabe ser seu irmão (vejam a novela), num canto um tanto mais afastado da obra que o arquiteto do Reino - falei que Moisés era arquiteto do Reino? - vistoriava: 


E depois disso enterrou o cara na areia: 



Aí entra a liberdade poética de novo. Depois de ouvir por detrás das portas Moisés contar o bafão daí de cima, a vilã, que já citei alguns parágrafos lá atrás, faz com que o sacerdote, seu marido, conte ao Rei que os deuses lhe disseram em sonho que Moisés havia matado um oficial, e que inclusive passou até as coordenadas. Para o Faraó, foi juntar a fome com a vontade de comer. Manda os legistas, digo soldados, até o local procurar pelo corpo: 




Já com o presunto desenterrado, eis que aparece um hebreu, personagem de uma semana, na cena do crime, e ouve toda a história. Volta pra obra e faz a notícia começar a correr. Por coincidência do destino, Moisés aparece na obra, vê nosso coadjuvante brigando, e na hora de separar a briga, descobre que já tá na boca do povo: 



E no Palácio é condenado à morte: 



Obviamente que Moisés nem para o Palácio volta (se tivesse voltado, nossa já história acabava por aqui mesmo), e recebendo a ajuda de Ramsés, de certa forma Henutmire, e de sua família hebraica, em sequências - está longe de ser uma sequência só - de cenas que foram reprisadas dentro da novela infinitas vezes, Moisés foge do Egito: 



E depois de alguns dias andando pelo deserto, com seus maus costumes de príncipezinho criado a base de leite com pera, chega à Terra de Midiã: 



Lá é recebido pelo sacerdote local, pai de 7 meninas (uma família biblicamente amaldiçoada), das quais lhe daria uma delas - através desse sacerdote Moisés passa a conhecer o Deus de Israel: 



Como não poderia faltar aqui, o momento que levou a internet à loucura: 


  #CasamentoZipisés


E um grifo pessoal meu, ouçam a música tema de Moisés e Zípora em Hebraico, com esse clipe, é muito lindo (tem em Português também, mas é estranha): 


Enquanto isso, no Egito o Mundo tava despencando. Na Bíblia, dão o espaçamento de "muito tempo" (de novo, depende da sua tradução), mas na novela foi tudo ao mesmo tempo mesmo, Moisés malemá começara a vida em Midiã e o Faraó morre assassinado pela vilã da novela - com uma conspiração interna tão fácil que chegou a ser ridícula (essa conspiração é obra da autora também): 



O Faraó recebe as devidas honras fúnebres: 



E seu filho, Ramsés [II], é coroado "Senhor das Duas Terras": 



Na novela, o #CasamentoZiposés acontece depois disso tudo, mas resolvi alternar a sequência para não lhes atrapalhar a linha de raciocínio. 

E de novo o tempo passa e todo mundo cresce outra vez: 



E é a partir dessa terceira fase (sempre que os personagens crescem e mudam os atores, muda a fase da novela também) que começa a história da libertação do povo Hebreu. Na novela, com a troca de Faraó, as jornadas de trabalho ficam mais intensas, e o Egito entra numa época de megalomania. De fato essa época de megalomania deste Ramsés II realmente existiu, e por isso foi tradicionalmente atribuído a ele o papel de Faraó do Êxodo, mas não se pode afirmar nada a respeito na vida real. Só que na ficção, vendo isso, a família de Moisés - essa tá em tudo - passa a convocar o povo para reuniões onde seriam contadas novamente as histórias do Gênesis Judaico-Cristão (que aqui ainda não se chamava assim), sob o pretexto de que ninguém mais recontava essas histórias, logo, ninguém mais se lembraria delas (na História isso seria considerado um movimento de resistência), então só assim os escravos poderiam largar a fé politeísta dos egípcios e voltar-se para a "fé de seus pais". Pra não se estender muito, as reuniões ficam famosas, e depois de um tempo geraram um clamor coletivo, que foi o que acordou Deus pra história (até agora ele não tinha aparecido, só tinha aparecido um fanatismo cego da parte de alguns personagens que só falavam dEle e de mais nada): 



E dados alguns episódios tivemos o efeito especial mais lindo da história dos efeitos especiais da TV e do cinema (não recomendado para pessoas com olhos sensíveis): 


Pois é, a cena da sarça ardente foi mesmo emocionante, mas graças a Deus não temos ela na íntegra para postar aqui, dependam vocês do R7 Play, cinema ou Netflix (suspense, vou chegar nisso mais tarde). Mas para vocês não se perderem, a sequência da sarça é a seguinte: Moisés avista a sarça, ela diz que ouviu o clamor de Seu povo no Egito, e por isso o mandará para interceder diante do Faraó pela liberdade dos filhos de Israel. Revela seu nome, "יהוה", traduzido na obra como "Eu Sou", e apresenta os sinais que deveriam ser mostrados para a comprovação de Sua palavra, e manda Moisés de volta para a terra onde passou sua infância e juventude. Só pra tomarem como nota, queria eu chegar aos 80 anos com tudo em cima do mesmo jeito que Moisés chegou (piada bíblica). 

Do outro lado do deserto, Deus se manifesta para Arão, irmão de Moisés: 


Arão também acata às ordens do Senhor, e os dois partem para se encontrar no deserto. No meio do caminho de Moisés, um dos trechos mais nonsense de toda a Bíblia acontece, e Deus "mata" Moisés por não ter circundado (ou seria circuncidado?) um filho. A dúvida que fica: Deus não podia ter visto isso antes? Pra que matar o outro no meio do caminho?


Mas Zípora circunda/circunciza ele lá mesmo, Deus ressuscita Moisés e a viagem continua (não temos esta cena), desta vez sem a matriarca da família, que resolve voltar pra Midiã.

Depois de muito tempo de caminhada, Moisés e Arão se reencontram, mas não se beijam, pois isso seria muito chocante para a família brasileira: 



Os dois finalmente chegam à capital egípcia: 



Moisés é apresentado ao povo após o velório de seu pai, e convoca uma reunião com os anciãos e chefes dos escravos para repassar o recado divino: 


Chegando logo à parte que interessa, Moisés se reencontra com Ramsés depois de muitos anos, e recebe logo de cara um "não" por sua esquisitíssima proposta:  


E começam a retaliações pela ousadia de Moisés. O Faraó manda que retirem o fornecimento de palha e se mantenha a produção de tijolos: 


A meta, obviamente não é cumprida, e os chefes dos escravos são punidos (parece uma coisa meio idiota, mas acabaram "romantizando" isso também, quem viu a novela sabe o porquê): 


Depois da primeira derrota, a mando de Deus, Moisés e Arão voltam ao Faraó para realizar prodígios com cobras e paus: 


E depois de mais um "não" e uma enrolação astronômica, o Deus dos Hebreus começa a mandar suas dez pragas sobre o povo egípcio (ele manda chamar Moisés e Arão para tentar negociar a saída dos Hebreus após a segunda, quarta, sétima e nona pragas. Os magos do Reino conseguem imitar a primeira e a segunda. Já tô falando agora para não ter que interromper a sequência, e além do mais que a maioria dos vídeos destas cenas sequer foi disponibilizado. Quero uniformidade, afinal): 

Primeira Praga: As águas do Nilo e de todo o Egito convertem-se em sangue: 



Segunda Praga: Rãs saem do Nilo para tomarem as cidades e os campos: 



Terceira Praga: O pó da terra do torna-se em piolhos:



Quarta Praga: Nuvens de moscas varejeiras tomam o Egito: 



Quinta Praga: Deus manda uma peste fatal sobre os rebanhos e animais domésticos: 



Sexta Praga: Através do pó do forno, o todo o Egito é abatido por úlceras e tumores: 



Sétima Praga: Chove sobre toda a terra do Egito uma chuva de pedras e fogo: 



Oitava Praga: Gafanhotos devoram tudo o que sobrou da chuva de pedras e fogo: 



Nona Praga: Trevas tão densas que podiam ser tocadas cobrem todo o Reino do Egito: 



Décima Praga: O Anjo da Morte passa por todas as casas egípcias em que houvessem filhos primogênitos: 


E o primogênito da Faraó não é poupado: 



Mas no lugar onde viviam os escravos (e na casa de quem eles avisassem), os primogênitos seriam poupados, sob a condição da celebração festa da Páscoa, judaica, a festa do cordeiro assado e do pão sem fermento, com o sangue do animal pintado sobre o batente das portas: 


Dada a última e derradeira praga, o Rei deixa que os Hebreus deixem o Egito. Eu não ia postar um vídeo tão grande pra uma cena tão pequena, mas é um trecho muito importante pra passar batido, e não tem vídeo quebrado. A cena em questão está por volta dos nove minutos de vídeo: 


E sai para o deserto a turminha de Moisés: 



E no deserto Deus usa de uma coluna de nuvem, que alterna entre areia e fogo, pra fazer o povo andar em círculos que nem idiota por supostos 40 anos: 


E a partir daqui começa uma das sequências mais famosas da Bíblia. No contexto da novela, a pedido da Rainha, que havia juntado mil sentimentos a respeito de Moisés e agora somados com a morte do filho, o Faraó busca vingança sobre os Israelitas, toma seu exército, junto com parte do exército da Núbia (na trama eram reinos muito próximos), e parte para alcançar a população recém liberta. A sequência conclui-se com a abertura do Mar Vermelho: 







Bom, vou deixar pra vocês decidirem se foi mesmo tuuudo isso que prometeram. Eu particularmente acho que depois de tanta expectativa, merecíamos algo melhor. Na minha opinião, a chuva de pedras de fogo ficou bem melhor, vinda do mesmo estúdio (não desconsiderando o fator de ser um efeito provavelmente mais fácil de ser produzido, claro).

E, o cântico de Moisés e Miriã: 


E pra mim a novela acaba aqui. Ainda tem mais o que, duas semanas de novela, um pouco menos? Mas agora sem Egito, com um núcleo só, história parada, e só conversa fiada. Mas como me comprometi a postar todas as referências que fossem possíveis, vamos seguir. Tivemos o episódio em que Moisés torna potável a água de Mara, mas não temos o vídeo separado. Próximo grande marco da narrativa, ao reclamar de fome, a cada tarde Deus manda ao povo carne: 


E pelas manhãs o pão, de nome "maná": 



Dado um tempo, se queixando de sede, Moisés faz brotar da pedra, sob o Monte Horeb, água: 


A próxima sequência, não fica muito claro, mas é a narrativa da batalha contra os Amalequitas, que os Hebreus, em desvantagem, ganhavam sempre que Moisés erguia os braços, e perdiam sempre que este os abaixavam. É também o primeiro passo de Oséias, "a quem Moisés chamou Josué", para se tornar meio que um general do primeiro exército de Israel, assunto que será tratado em outra novela: 


O reencontro de Moisés com sua família midianita. É através desta visita que pode-se dizer que Moisés elabora, junto com seu sogro o "sistema de juizado" de Israel, que se tornaria mais adiante, já não mais no conto de Moisés, a organização política do povo de Deus (também não temos o vídeo): 


E chegamos ao último capítulo da novela!!! A voz de Deus revela ao povo "Os Dez Mandamentos", numa contagem um tanto quanto polêmica, mas que poetizamos para 10, justificando assim o título da novela: 


Depois disso, os populares se assustam e mandam que Moisés se reúna sozinho com Deus. Mas Moisés chama também o coitado do Oséias/Josué, e sobem os dois ao Monte Sinai, Moisés lá em cimão e o menino na metade, montando guarda. O povo fica no chão, no acampamento. Aquela narrativa bíblica colossal não aparece na novela. E lá eles ficam mais de um mês, ininterruptamente, sem descerem. O Povo, carente, convence Arão, na novela fragilizado pela morte da esposa, a construir um ídolo, e este faz um bezerro de ouro, alegando ser a imagem do Deus de Israel, para que fosse adorado, as pessoas se sentissem amparadas, e também para que lhe parassem de encher o saco: 


Moisés desce o monte neste mesmo instante, e põe fim à patifaria (e às tábuas que Deus escreveu): 


E a novela acaba aqui. Não bem nessa cena, tem mais, coisa de um minuto, talvez menos, em que Moisés empurra no fogo o bezerro, pede explicações para Arão, e chama que venha até ele quem é do Senhor. Mas acaba aí. Peraí, acaba? Mas a história não acabou. Pois é, ela não acabou, e justamente para que isso aconteça, ela volta ano que vem: 


Pois é, a novela acabou virando uma série. Nem uma série, pois série nenhuma tem uma temporada com tantos episódios. Mas essa discussão teórica e conceitual, vou deixar para os especialistas e profissionais de televisão, quem sabe Os Dez Mandamentos não foi revolucionária até na criação de um formato, né? Outras discussões sobre a falta de respeito com o telespectador podem ser levantadas também, mas em outro post, não é a intenção deste. 

E só pra encerrar, esse trecho todo que a novela cobriu, está no livro do Êxodo, capítulos de 1 a 32. Se for ´pra ser mais específico, Capítulo 32, versículo 26a. Pra quem quiser ver, ou rever a novela inteira, como já citei lá na metade do texto e prometi explicar no final, ela já está inteira disponível no R7 Play, e muito em breve estará disponível também no Netflix. Ambas as plataformas não são gratuitas. Mais ousadamente, a novela ganhará também uma versão para o cinema, prevista para fevereiro de 2016, com a promessa de cenas e um final inéditos (final?). 

Bom, espero ter feito uma postagem interessante para vocês. E lembrando que depois da segunda temporada do Moisés, em sequência já começa também a continuação da história, com Oséias/Josué de protagonista, já na "Terra Prometida". E quem sabe eu não continuo fazendo postagens como esta até lá? 

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

O Futebol Americano (e eu)

Talvez possa ser meio constrangedor, ou até meio estranho, eu vir até aqui para contar minha história com o Futebol Americano. Sei que minha vida não interessa para ninguém, e acho que tampouco eu gosto de ficar contando-a desse jeito, mas com o início da temporada  de 2015 (acabamos de ter a Semana 1 agora a pouco, estamos entrando na 2 hoje, com o primeiro Thursday Night Football da temporada) e pela minha própria memória (não, ainda não estou com alzheimer), resolvi que talvez fosse hora de externar esse episódio. 
De fato que sempre mantive um enorme preconceito quanto a esse esporte, quem me conhece sabe muito bem, tanto que até estranham quando descobrem que do dia pra noite, assim sem mais nem menos, comecei a gostar dele. As razões do preconceito eram as mesmos que a maioria das pessoas usam (ainda mais pra mim, que na época já não jogava mais rúgbi, o que já seria ruim ficava ainda pior): esporte exclusivo de americano, Só pancadaria generalizada e sem motivo, um jogo sem regra (e acho que seria tão bom se fosse assim mesmo), bola é esquisita, não era eu que ia ficar "pagando pau" pra gringo, não gostava de Estados Unidos (e não foi um joguinho que mudou isso em mim), dentre outras coisas. Hoje consigo rebater todos esses "argumentos", mas na época, acho que preferia fechar a cabeça para tais conhecimentos. 
O esporte me foi apresentado em uma época difícil da minha vida, quem me conhece sabe, pra mim, 2014 foi um ano muito doloroso de passar. Os motivos, que foram vários, não interessam para vocês, leitores, mas as "soluções" sim. De fato que soluções não existem, quando nos vemos num labirinto sem saídas ou placas de direção, o que costumamos fazer? As duas opções mais prováveis, ou seguimos em frente tentando achar a "saída", ou arrumamos uma distração até morrermos. Claramente escolhi a segunda opção!
Mas se engana quem acha que depois disso caí logo de cara no futebol com a mão,  não, setembro é um mês do ano muito distante. Antes disso, turbulências (greves) acabaram ditando minha agenda do ano, e devido a isso, pude assistir à Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 em Itápolis (minha cidade natal, onde está minha família. A cidade onde fico quando não estou estudando), com o sinal digital da Globo recém instalado na cidade. Era tudo lindo, uma ocupação que te fazia esquecer de todas as preocupações, ainda mais dados episódios das vésperas do evento (novamente, não interessa). Mas Copa do Mundo só dura um mês, e a discrepância de mundo entre esse futebol e o futebol brasileiro nosso de cada dia acabou só piorando minha situação; não havia mais ópio, não havia mais ilusão, o próprio futebol me trazia de volta pro Mundo Real (quem assiste futebol sabe do que eu tô falando). 
Bom, Copa do Mundo, junho inteiro, comecinho de julho, depois disso agosto, somado com o que já acontecia desde os primeiros meses do ano (agradeço hoje não lembrar mais sequer o mês), em setembro finalmente fomos apresentados. Por algum motivo do Universo, um amigo de faculdade, fã da bola oval, me mandou uma foto através das mídias sociais de um jogo, se não me lembro errado, Oakland Raiders e Miami Dolphins, sua equipe contra a que viria a ser a minha. Claro, houve resistência, mas no fim acabei cedendo. De alguma forma, não sei se pelos grandes estádios, arenas lotadas e toda a mística e história em torno, que me trouxeram de volta aquela sensação de alivio que Mundial no Brasil proporcionava, ou se a complexidade, com a curiosidade e o gosto de novidade me devolviam algum traço perdido de vida. Essa dúvida ainda me faz não saber direito do que realmente gosto, se do futebol americano, ou da NFL, a liga norte americana, e principal do mundo, do esporte, mas indifere, a partir daí passaram a me vir momentos melhores. Das vezes em que sentava no sofá, com outros amigos, para assistirmos aos jogos, ou apenas deixávamos a TV ligada enquanto fazíamos outras coisas. Da minha vontade de participar das transmissões, tanto na ESPN como no Esporte Interativo, ou da minha briga pessoal para ganhar a viagem para o Super Bowl XLIX - que  nunca ganhei. 
A vida e a temporada passaram, e no como naturais essas coisas devem ser, em fevereiro já me sentia bem melhor. Não posso dizer que foi o futebol americano, ou a NFL, que seja, que me salvou, com toda certeza não foi isso - e eu nem gostaria que fosse -, mas negar sua importância, acho que seria um tanto quanto injusto. Dizer que sou um especialista, ou que tenho qualquer cacique pra falar do esporte, com certeza seria uma grande mentira, mas o amor, e a gratidão, que tenho por esse jogo, é algo que talvez demore um bom tanto para acabar, isso SE acabar. Mas depois dessa história toda, saí pensando, o que na vida não acaba, afinal?  

terça-feira, 25 de agosto de 2015

O caso da UEFA Champions League nos canais Esporte Interativo



Bom, vocês sabem, devido à abrangência de público, não costumo falar muito de TV fechada, mas, acho que este caso merece uma certa atenção.

Como sabemos, em uma negociação que surpreendeu a todos, o Esporte Interativo conseguiu no ano passado os direitos exclusivos de transmissão da Liga dos Campeões da Europa na TV paga. Desde então, muito se falou, mas a  transmissão da competição, que teve início com os playoffs, não pôde ser vista pela maioria esmagadora dos usuários da TV por assinatura devido à não entrada dos canais Esporte Interativo nas duas principais operadoras do mercado, NET e Sky. Operadora de destaque, a Claro, tradicional parceira do EI, após parceria com a NET, também deixou de oferecer o canal. 

Juntas estas três operadoras representam por volta de 70% do mercado brasileiro. Sabemos que grande parte destes assinantes, um dia só aderiram ao serviço devido à canais esportivos (o esporte sofre um declínio na TV aberta já há muito tempo), que mostram principalmente futebol, uma das paixões nacionais por aqui. E qual a principal competição anual de futebol do Mundo? Pois então. Já podemos tomar isso como ponto de partida das indagações sobre os porquê de a emissora não conseguir figurar para grande público.

De fato que o Esporte Interativo, que começou como um canal aberto apenas em parabólicas (estou desconsiderando o tempo em que eles eram apenas uma empresa que "terceirizava campeonatos"), até pouco tempo atrás ainda era uma emissora pequena e com expressão quase nenhuma. Foi aos poucos conseguindo alguns campeonatos de alguma importância - ao mesmo tempo que perdia todas as ligas nacionais que possuía em seus primeiros anos -, se aproximando de parceiras e grupos, passando a ser oferecido muitas vezes pelas operadoras menores de TV a cabo, criando uma identidade própria, e com isso ganhando certa visibilidade, principalmente na internet (o canal esportivo mais "curtido" no Facebook, sempre batendo de frente inclusive com outros canais de TV convencionais. E, no início de graça, hoje transformado em um serviço pago - trato dele lá na frente -, o E+I também sempre disponibilizou online sua programação), o canal foi conseguindo seu lugar, se expandiu de vez para a TV por assinatura com EI NE, porém, o êxito veio mesmo após parceria com o grupo de mídia norte-americano Turner. Uma relação que se aproximou, aproximou, até o grupo adquirir o canal inteiro, e a partir daí injetar rios de dinheiro nele, o que resultou, com maior destaque, na compra dos tais direitos exclusivos da UEFA Champions League
Grana sobrando, uma super competição como atrativo, e um nome forte e tradicional por trás, o que então pode explicar a não entrada do EI nas grandes operadoras? De fato que o canal não poupou esforços para "facilitar" essa negociação. Conseguiu os direitos e criou a estrutura para transmitir TODOS os jogos do campeonato europeu, inaugurou mais um canal (vídeo que abre esta postagem) para a transmissão na TV paga, para fazer par com o EI Nordeste (que pelo jeito hoje virou "EI MAXX2"), segurou a exclusividade toda para si, e não usou dos demais canais da Turner para transmitir a Liga. Caso as geradoras não cedessem pelo canal em si, esperava-se que cederiam pelos assinantes. Mas nada saiu como planejado. 
Obviamente, não posso afirmar nada, não participei de negociações. Seria muito fácil dizer que existe uma conspiração contra um canal jovem liderada pela repartição de TV a cabo maior grupo de mídia da América Latina que são donas das operadoras (não vou citar nomes, mas todo mundo já leu teorias envolvendo essas empresas), e outras coisas do tipo. Claro, é uma possibilidade, mas acredito que as grandes operadoras também defendem seus interesses, e perder assinantes devido a essa briguinha aí acredito não ser uma delas. Existe também a chance de o próprio Esporte Interativo/Turner estar pedindo um valor muito surreal para fechar o negócio, o que faria encarecer demais para o cliente os pacotes que tivessem o canal, tornando assim o acordo inviável. Ou as donas do mercado estão oferecendo muito pouco também, por que não? Ou talvez existam até complicações vindas da legislação de teletransmissão. Infelizmente, não sou eu que posso dar um veredito, dizendo "é isso" ou "é aquilo", mas posso dizer que a exclusividade da Liga dos Campeões no EI corre o risco de se assimilar com a exclusividade das Olimpíadas de Londres na Record, de início, pode parecer um ótimo negócio, mas no fim, se torna um grande prejuízo. Torcemos para que não, e que a emissora finalmente entre em todos os provedores, para o bem dela mesma, para o bem da operadora, e principalmente, para o bem do cliente e fã do futebol em geral, já que este é o maior prejudicado dessa, me permitam o uso do termo, palhaçada toda. 

Aos muitos (como eu) que não tem o canal em suas televisões, sobra a opção de assistir aos jogos pelo EI Plus, serviço on demand do Esporte Interativo. Por lá são exibidos todos os jogos, tal qual como prometido pela emissora, com inclusive um canal só com os melhores momentos em tempo real, tudo com narração e comentários em português. O serviço está disponível todas as plataformas, e com certeza deve haver, para facilitar a vida de todo mundo, um aplicativo para ele nas Smart TVs (se não tem, alguma coisa muito errada está sendo feita). E para quem realmente gosta, não é algo tão caro. Além do mais que ele oferece todos os outros produtos da emissora também. E acho que para o Brasil, essa iniciativa feita através do Esporte Interativo Plus com a UCL, se com sucesso, pode abrir portas para outros serviços de streaming esportivo no país, independentes ou terceirizados, consolidando ainda mais esse ramo de mercado que tanto cresce no por aqui (não estou falando de serviços como Watch ESPN ou FOX Play, estes apenas reproduzem o que é transmitido na TV, assim como o EI Plus para eventos não-Liga. Quando falo disso, me refiro às transmissões da Liga dos Campeões dentro da plataforma apenas).

Encerro com um institucional da emissora os frisando detalhes da cobertura da Liga dos Campeões pelo EI: 

Hoje começa uma cobertura histórica nos canais Esporte Interativo!
Posted by Esporte Interativo on Terça, 11 de agosto de 2015

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Essa estranha cordialidade de Record e SBT - (re)Estréia de Xuxa



Pois é, Xuxa iniciou uma nova fase, e ontem ficou bem claro que o SBT e a Record também. 

Era mais do que óbvio que o encontro entre Silvio Santos e Edir Macedo no Templo de Salomão, exibido pelo Domingo Espetacular do último dia 02 de agosto (2015) não seria por motivo de uma simples matéria televisiva.Silvio com certeza é alguém muito ocupado para se dar ao trabalho de participar de reportagens de emissoras concorrentes. No caso do Bispo Macedo, recebê-lo não seria mais do que sua obrigação - ainda mais que ele trabalha no prédio -, mas reunião em sala fechada e "entrevista" cheia de troca de amores? Não, isso não seria a toa. 
Abaixo, a matéria com Silvio e Edir na sede da Igreja Universal: 



De fato que os resultados começaram a ser divulgados na mesma semana da entrevista. Proposta de acordos comerciais, negociações de novelas para serem exibidas no exterior, criação de empresas para TV por assinatura e, se for para radicalizar, presença predominantemente evangélica nas produções infantis do SBT (enquanto as crianças desaparecem em Os Dez Mandamentos), coisa que talvez não seja um simples detalhezinho a toa. Mas sem dúvida, algo ficou escancarado ontem, com a estréia do Programa Xuxa Meneghel pela Record. 
Tivemos sim um ano cheio para a televisão - e olha que ele malemá está na metade -, mas a estréia de Xuxa na Record, depois de uma verdadeira novela nas negociações e boatos, em pleno cinquentenário de "sua antiga casa", com certeza foi até agora o ponto alto desse 2015. É sabido que todos os olhos estariam voltados para este momento, o contexto ideal para uma promover a outra. De formas mais ou menos discretas, Xuxa e Patrícia (a filha do "Patrão") usaram de seus espaços para falar sobre sua concorrência de horário:

Xuxa, lamentando não ter entrevistado Silvio Santos, comenta da homenagem de Patrícia Abravanel sendo realizada no SBT


Patrícia Abravanel imita Xuxa na Máquina da Fama e deseja sorte à Rainha dos Baixinhos, agora na Record


Convenhamos que isso não é lá a coisa mais comum de se ver. Se formos considerar que no SBT as menções à loira se extenderam, ainda que de forma satírica, até o The Noite, podemos começar a pensar que nada disso foi a toa. Geralmente as emissoras se movem para desfocar a atenção das concorrentes em ocasiões como estas, jamais que ficam fazendo essas propagandas externas por aí. Vale lembrar que tudo isso ocorreu em meio à uma Xuxa que, pedindo para que não falassem mal da TV Globo, escancarava todas as ações recentes da emissora negativa contra seu programa. 

Talvez pareça exagero tudo isso que disse sobre essa sinistra faixa noturna de uma segunda feira de agosto, talvez apenas estejamos acostumados com TVs hostis umas às outras, mas prefiro pensar que isso não é "só isso". Os pauzinhos estão mexendo nas duas emissoras que disputam a vice liderança de audiência no Brasil, e o cenário não se apresenta muito favorável para o futuro da televisão de um modo geral. Eu sinceramente torço para que essa união, caso continue, traga bons frutos para a "salvação" da TV, e até que democratize esse campo que, pelo menos em nosso país, é autoritariamente ditado. E que quem ganhe com isso finalmente seja o telespectador.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

V ParaPan American Games - Toronto 2015





Quadro de medalhas final
Arte: toronto2015.org
Sim, encerramos neste final de semana os Jogos Parapan-Americanos de Toronto de forma avassaladora! Peço desculpas antecipadas já por duas coisas, a primeira, pelo vídeo que abre esta postagem, pelo menos até seu fechamento, só poder ser visto através de link externo (só que ele é o que melhor ilustra isso tudo), e também por estar falando de algo que, ao contrário do esporte convencional, não tenho domínio quase nenhum, porém não poderia deixar de falar algo sobre.
O Brasil contou na competição com a maior delegação dentre todos os países, até maior do que a dos tão poderosos Estados Unidos ou do Canadá, país sede da competição. Claro que o número de atletas sugeriria um bom resultado, mas acho que nem os mais otimistas imaginariam mais que o dobro do número de ouros do segundo colocado, e que se somadas todas as cores de medalhas, quase 100 (cem) medalhas a mais que esse mesmo vice campeão (o quadro de medalhas final está anexado nesta postagem).

Mas o que me me deixou intrigado foi pensar no como um país tão pouco inclusivo como o Brasil, pode se destacar de tal maneira em uma prática exclusiva de deficientes? Durante a pesquisa prévia desse post (sim, eu não saio escrevendo nada aqui sem um devido preparo), uma matéria do iG me fez entender justamente que a falta de inclusão é o que nos torna uma potência! Por mais que hoje tenhamos políticas que obriguem as grandes empresas a terem uma porcentagem X de funcionários portadores de nescessidade, ainda assim, o número de deficientes físicos e psíquicos que não encontram um lugar na sociedade ainda é muito grande (segundo essa mesma reportagem, o Censo de 2010 aponta que 23,9% da população brasileira apresenta algum grau de deficiência). Nesse ambiente inóspito pra essas pessoas, quem muitas vezes é o único a abrir os braços? Pois enfim. Lembrando que a grande maioria desses atletas são bolsistas do Governo Federal, o que em um país que tanto nega oportunidades de emprego, é pra lá de um incentivo. Além do mais que, em casos de reabilitação, principalmente após acidentes, o tratamento muitas vezes vêm através da introdução no paradesporto, nesses casos, quando se gosta, "basta" manter e continuar treinando.  
E acho que não existe exemplo maior de inclusão social através do esporte do que esse afinal, não? Bastava conseguir se fazer extender para a "vida real".

E se pros Jogos Olímpicos 10º lugar é uma meta absolutamente surreal, para as Paralimpíadas do ano que vem, 5º lugar dentro de casa pode até ser considerada uma meta modesta. De um sétimo lugar em Londres 2012, e uma delegação maior, melhor preparada e "investida" - desde 2012/2013 os gastos, públicos e privados, com treinamento e infraestrutura paradesportiva cresceram consideravelmente - em 2016, o que são subir duas posições, afinal? 

Encerro a postagem com o "clipe final" do Parapan de Toronto, inspirador, humano, feito pelo próprio Comitê Paralímpico Brasileiro. Abaixo: 

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Cúmplices de Um Regate - Estréia



E na noite desta segunda voltei a ver a uma novela do SBT. Mesmo sendo infantis, a mística presente nelas me seduz. É colorido, é musical, é alternativo, não tem como eu não gostar disso! E até porquê também, é nostálgico! Sim, sou da velha guarda de Cúmplices de Um Resgate, mesmo não lembrando muito da versão original, exibida lá há muito tempo atrás pelo SBT. Mas lembro que assistia todos os dias, e lembro inclusive das chamadas anunciando a troca de atriz. Lembro inclusive que foi essa novela que me despertou fobia de sapo (não, nem adianta procurar, que aquela postagem não existe mais) - eu acho. 

Já deixei acima um trailler da novela para vocês (não considerem o título, vai muito além de só aquilo), pois acho legal que vocês possam ter uma noção da história e do visual e da trilha sonora da novela. E os personagens, principalmente. Mas além daquele vídeo, seria injusto também eu começar sem a abertura, que opinião minha, ficou muito legal: 



A música em sua versão brasileira de maneira nenhuma supera a versão original

Mas fazendo uma análise mais profunda do vídeo, especificamente a primeira imagem da abertura, já denuncia de uma forma um tanto macabra o principal problema social que a novela aborda: O tráfico de bebês. Por mais que depois essa cena seja ofuscada pela música alegre e as cores que saltam da tela, a expressão de pânico do bebê da direita ao ser sequestrado, pelo menos a mim, choca bastante. 
Ainda nessa temática, o início da novela, em forma de conto de fadas, servindo para amenizar a situação, não acho que ajudou muito na hora de retratar o problema. Partir para o lado lúdico, por ser uma novela infantil, claro, sempre é muito bom, mas talvez existam horas que as coisas não devem ser tão maquiadas assim, a ponto de sua sutileza conseguir enganar até muitos pais. 

Mas meu medo maior é que essa metáfora de reis e princesas não seja só uma metáfora  de denúncia mais adiante na história. Não quero que a novela vire uma versão brasileira de Once Upon a Time com efeitos especiais melhorados (sim, podem acreditar).
E aliás, referências da cultura pop é o que não faltou nessa estréia. Além de OUaT já citado, deu pra ver um pouco de Game of Thrones, Malévola e Sítio do Pica Pau Amarelo. E isso só no primeiro bloco. Nos próximos pudemos ver a versão pobre do SuperStar apresentada pelo apresentador do Ídolos. 

Sobre a parte da novela a ser avaliada de verdade, eu achei que foi legal. Pra mim já superou Chiquititas, novela cujo remake acabou não me agradando tanto. Histórias que usam da fórmula "gêmea boa e gêmea má" (por que sempre é mulher?) sempre tendem a ser um atrativo a parte, e Maria Joaquina, digo Larissa Manoela, pelo menos a primeira instância, está sabendo fazer bem o papel caricato que a trama pede - é uma novela de criança gente, desculpa -, uma gêmea totalmente malvada, e outra uma perfeita bobinha (fico pensando se não fizeram essa última assim pra pejorativizar cidades de interior). Talvez Isabela, a gêmea má, esteja um pouco má demais, fazendo transparecer raiva. A personagem é tão intensa que chega a parecer até um pouco forçada no final. A ambientação também é estranha, me pareceu ainda muito "mexicanizada", com as pequenas vilinhas que conseguem criar um vínculo entre várias delas. Do pouco que entendi da "vila", no cenário brasileiro ela seria algo entre o distrito de uma cidade e um bairro rural? Eles não se tratam como cidade, então um município de pequeno porte também acho que não seja. É uma realidade muito mais parecida com a dos pueblos presentes em países de colonização espanhola, do que com qualquer coisa que, eu pelo menos, conheça no Brasil. O fato da roupa de apresentação estar tão mexicanizada quanto nem preciso comentar, né? E por que não dizer que a intensidade de Manuela e Isabela são mexicanas também? 
Os demais núcleos ainda não sei avaliar. Consegui identificar qual serão os personagens responsáveis pelo humor, e os romances adultos já tomaram forma também. Mas não são essas histórias secundárias que me interessarão tanto, mas sim uma que está por vir. Cúmplices de Um Resgate vai discutir religião! E o SBT pelo jeito resolveu comprar a inútil briga que estamos acompanhando no horário nobre de novelas. Não que isso seja legal, mas quero ver como essa questão será tratada em um folhetim infantil. 

E destaque pra atuação do gato. Humilhou sem piedade nenhuma o cachorro e o rato, de longe o melhor personagem. 

Deixo abaixo o episódio de estréia, caso tenha interessado a alguém. Ele está dividido em 3 partes. Lembrando que todos os capítulos são disponibilizados gratuitamente pelo SBT em seu site oficial no canal da novela no YouTube.






Lembrando que mesmo com essa facilidade, por questão de tempo, eu ainda não sei se vou acompanhar essa novela por seu horário ser o mesmo de Os Dez Mandamentos (acompanhar três novelas requer muita organização). Como a novela da Record está há tempo mostrando pura enrolação, talvez eu migre para o SBT, ao menos para torcer para não termos outra novela, que a exemplo da colega bíblica, viva de  vai e volta para conseguir superar os logo os maçantes 600 capítulos de Chiquititas.

sexta-feira, 31 de julho de 2015

El Chapulín Colorado - Série Animada


Andei lendo na internet que esse final de semana El Canal de Las Estrellas (podem ficar pasmados, não existe nenhum canal chamado "Televisa" no México) estrearia o já há tanto tempo anunciado desenho do Chapolin Colorado (trailler acima). Eu como fã das obras de Chespirito, logo corri atrás de poder assistir o capítulo. Vou deixar o episódio de estréia incorporada no fim deste texto para vocês poderem ver também. Está em Espanhol e não tem legenda, caso não tenham familiaridade com a língua, no começo pode ser um pouco complicado de acompanhar, mas não é muito difícil de entender não, basta um pouco de esforço e costume. Os diálogos, neste caso pelo menos, não são muito diferentes dos que já conhecemos. A trilha sonora e toda a parte auditiva da série também está seguindo a obra original, que ficou um pouco diferente quando chegou ao Brasil. O SBT está negociando a série - e vai consegui-la, não tenha dúvida (e espero que lance produtos dela para comprar) -, quando ela chegar aqui com certeza terá mais a nossa cara, mas enquanto não, o que temos pode nos ir treinando um segundo idioma e nos trazendo conhecimentos sobre adaptações de conteúdo por países. 
Me surpreendi quando encontrei o episódio ao descobrir que já existem duas temporadas prontas do Chapolim já disponíveis em um serviço sob demanda (esses serviços que ainda vão acabar destruindo a televisão como conhecemos). O vídeo que postei abaixo contém uma faixa de texto que lhe dá o caminho para assinar esse serviço, caso o queira fazer - o que eu acho que não vai querer. Como já é de praxe e todos sabemos, versões piratas são facilmente encontradas na internet. Me baseei nelas para esta análise, que de início seria só do episódio de estréia. 
Da mesma empresa produtora de El Chavo Animado, El Chapulín Colorado apresenta traços e técnicas de animação diferentes de seu "desenho irmão", e a primeira impressão que tive foi a de que seguiria seu mesmo rumo também, de uma animação muito bem feita esteticamente, mas que em seu conteúdo não oferecesse nada de mais. Conforme saí do primeiro episódio, vi que não, e que o desenho do Chapolin tem tudo para encantar muito mais do que seu antecessor. Provavelmente não por coincidência, a série do Polegar Vermelho surge em meio a um boom de produtos relacionados a super heróis, só por isso já não poderia ficar no básico, sendo apenas a série antiga. Nos são apresentados novos personagens fixos, como eu pude ver pelo "Professor" e seu núcleo, composto por um laboratório aparentemente secreto, dado à estética do cenário, onde trabalha com uma jovem que se declara sua neta. Ambos ajudam o Vermelhinho em suas missões, o que me faz pensar que talvez esse laboratório seja como uma "casa" do Chapolin sem uniforme, ou um quartel general do Chapolin herói. Independente disso, é daí que surgem peripécias tecnológicas, que nem sempre nosso herói consegue utilizar, mas que que põe a série junto à outras do ramo. De inédito, vemos também a vida social de Chapolin Colorado. O que ele faz enquanto não está ajudando alguém? Ele mantém uma identidade secreta em sua vida cotidiana? A resposta para esta segunda é não. 
"Mas se ela é assim, tão diferente do original, por que eu vou assistir? Eu gosto de Chapolim, não quero novidade!" - Não aconselho ninguém a pensar assim - pelo menos sobre a segunda parte -, mas nesse caso é entendível. E esse público não ficou a mercê não, pois o desenho também nos trás Polegar Vermelho clássico em todos os seus detalhes. A personalidade meio de anti-herói, medroso, "miguezeiro" e mulherengo, ao mesmo tempo atrapalhado, carismático e sortudo, que faz com que, apesar de tudo, no fim as coisas sempre darem certo. A essência não mudou, é o mesmo personagem das boas intenções, que com seu jeito único, fez gerações o verem como um herói, o nosso herói latino americano, nosso inconfundível Chapolin Colorado!!!
A grande desvantagem mesmo é que não tem o Seu Madruga em todos os episódios, mas de resto...

Abaixo, o piloto da série:



A história do capítulo acima é claramente uma referência à este episódio em live action (com gente de verdade): 


Que como não é de se estranhar, ganhou um ou mais remakes no decorrer do tempo:


Sim, terão remakes animados também. Do pouco que assisti, cheguei à conclusão que sim, terão. Chespirito é feito de remakes, afinal, não? Mas nesse caso, eles são bons, pois nos situam sobre o trabalho original que inspirou essa "homenagem", e até o apresenta para as novas gerações que talvez não tiveram a chance de conhecê-lo (não estou falando só de Brasil e/ou México nesse caso). Mas ainda nesse saudosismo, agradecemos não terem abusado de sua nobreza fazendo-o ser em 2015 um super-herói (me permitam chamá-lo assim) de 1970.

Como se pode ver, esse desenho, ao contrário de seu antecessor, El Chavo Animado, promete nos trazer grandes novidades, ainda que sem perder o "classissismo" de nos trazer de volta o que crescemos vendo. A animação do Chaves passou a ganhar cara própria apenas após um certo tempo, quando finalmente começou a contar com enredos dignos de desenho animado, feitos pensando principalmente no público infantil, para o qual de fato o desenho é voltado. Chapolim já nos trás essa dinâmica de desenho logo de cara, com a diferença de parecer uma produção que não se contentará em ser apenas uma animação para crianças. Provavelmente este pegou o embalo daquele desenho, que demorou mais tempo para conseguir abraçar os dois públicos, e usou de de sua receita de fisgar os pais pela nostalgia, e os filhos pela fantasia. A nós, público da velha guarda (se é que Chaves e Chapolin tem isso aqui no Brasil), não sobrará muito tempo para ficar lamuriando que pegamos a melhor era dessas obras, cada uma tem vida própria, afinal.