sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

A regionalização do Campeonato Carioca é o retrato da desvalorização dos estaduais

imagem: R7.com/FERJ

 A transmissão exclusiva do Campeonato Carioca de Futebol em TV aberta foi anunciada nos últimos dias pela Record TV. A emissora adquiriu os direitos de exibição do campeonato após Globo e Flamengo se desentenderem no torneio de 2020 (o time rubro negro não tinha contrato firmado com a TV dos Marinho e usou da Medida Provisória nº 984, a "MP do mandante", para transmitir um jogo em seu canal do YouTube. A tal MP deixou de valer após não ser aprovada dentro do prazo pelo Congresso, mas a Globo, na época, entendeu que seu direito, como player exclusivo de todas as outras equipes, foi violado e rescindiu com o estadual do Rio). As partidas serão exibidas aos sábados e às terças, MAS NÃO PARA TODO O BRASIL. Apenas 15 REGIÕES, ao menos em primeiro momento, poderão assistir aos jogos de Botafogo, Flamengo, Fluminense, Vasco e as demais oito equipes da capital e interior.

Antes de começar a argumentar, gostaria de deixar duas coisas bem claras: eu sei da existência do pay-per-view criado em parceria com as grandes operadoras de TV de por assinatura, mas o meu foco aqui é TV aberta, pública e gratuita, que todos podem assistir. E a segunda questão a tratar é quanto à mudança de emissora. Assim como a Libertadores não ficou menor por passar no SBT, o Campeonato Carioca também não vai ficar mais ou menos importante por ter deixado a Globo. Obviamente que a televisão é um indicativo de relevância, valor econômico, mas o futebol, os clubes e a tradição deste ou aquele torneio são coisas que vão muito além da televisão.

Voltando agora para o assunto principal do post, os times do Rio de Janeiro são marcas nacionais. Existem torcedores dos quatro grandes times da cidade maravilhosa em todos os estados e regiões Brasil. Como a Record sequer cogita exibir o Campeonato Carioca em rede nacional?

É inquestionável que os estaduais perderam espaço, em detrimento não apenas do crescimento do Campeonato Brasileiro, mas também dos torneios internacionais que ocorrem em simultâneo, logo no começo do ano. Muitos alegam, e com certa razão, que os times grandes nem deveriam jogar os campeonatos estaduais. Outros defendem mudanças em seus formatos e há até quem milite pela sua extinção. Você consegue encontrar de tudo, mas com certeza que não vai achar ninguém que defenda este tipo de competição da forma em que está. 

O Campeonato Carioca, entretanto, mesmo com todos estes poréns, ainda é o segundo maior estadual do país (não adianta, o Campeonato Paulista, até mesmo pelos times do interior, mais ricos e tradicionais, segue sendo o maior). Muitas emissoras tratariam este produto como um artigo de luxo em suas programações. A TV do bispo Macedo, que há anos está afastada do futebol, poderia muito bem usar deste produto para recriar uma cultura esportiva entre o seu público, inclusive em estados com menor apelo aos times cariocas, como São Paulo, principal mercado consumidor do Brasil. Em outros tempos, inclusive, este seria um troféu, a ser exposto para todos, como um símbolo de vitória contra a Globo (e nesse caso em específico, o SBT). 

Nada disso, porém, foi levado em conta. Por que? O sucesso da novela Gênesis? Pedido da Federação? Favorecimento do pay-per-view? Nada disso. Simplesmente a instituição "campeonato estadual" perdeu força. E não importa se a sua unidade federativa organiza o melhor ou segundo melhor regional do país, simplesmente as pessoas não querem mais ver isso. 

Com certeza existe uma análise de mercado, uma televisão do tamanho da Record não faz as coisa na base da intuição. Existe uma opinião pública que você pode constatar inclusive aqui na internet. Não sou eu que não gosto de estadual, é o fã de futebol, de maneira geral, que acordou para a vida e se deu conta que o mundo de hoje não é mais o mesmo da virada do milênio. E se a vida, de maneira geral, evoluiu, o esporte precisa evoluir junto. O estadual não é retrocesso, como muito se ouve por aí, mas ele com certeza também não é o futuro. E por causa disso seu interesse tende a ser cada vez mais regionalizado. 

Se essa decisão da Record foi acertada, só o futuro dirá. Eu particularmente gostaria de ver as partidas sendo exibidas aqui no estado de São Paulo, mas entendo o que as leva a não serem. No vídeo abaixo você pode ver para quais regiões a Record TV exibirá o principal torneio de clubes do estado do Rio de Janeiro:


EXTRA: Como assistir ao Campeonato Carioca estando fora destas praças?
imagem: Wiki Commons

Infelizmente, isso é algo que eu não posso afirmar, mas no horário do jogo, tente acessar o PlayPlus (a GloboPlay da Record), faça seu cadastro, caso não tenha nenhum e vá até a aba "NO AR". Ali você encontrará vários canais ao vivo, alguns grátis, outros pagos. Procure pela Record do Rio de Janeiro (ou de qualquer outra praça onde o Campeonato for exibido). Não acredito que vá ter algum bloqueio para quem mora fora destes estados.
Há ainda a possibilidade destes jogos passarem na Record News ou no R7.com, portanto, fique atento a estas plataformas também. 


domingo, 7 de fevereiro de 2021

É, não deu para o Palmeiras

O Palmeiras jogou neste domingo a semifinal do Campeonato Mundial de Clubes da FIFA e perdeu. O time mexicano do Tigres marcou um gol de pênalti ainda no começo do segundo tempo e a partir daí o Palmeiras não conseguiu mais administrar o jogo. Foi uma partida horrível de se assistir e fica adiado, mais uma vez, o sonho do Mundial "inquestionável".

Mas não nos esqueçamos de uma coisa. Caso confirmado mesmo o novo modelo de Mundial de Clubes da FIFA, a ser realizado a cada quatro anos com 24 equipes (é o torneio que chega para substituir a Copa das Confederações), o time verde de São Paulo tem tudo para já estar com vaga garantida!

Será, com toda certeza, um campeonato bem mais difícil de se conquistar, mas se dá pra olhar pra hoje e fazer um "jogo do contente", como proporia a protagonista de As Aventuras de Poliana do SBT (e do livro clássico de Eleanor Porter), eu não tenho dúvidas de que este é o melhor dos cenários. 

E sigamos, por enquanto, de Copa do Brasil, Recopa Sul Americana e Campeonato Brasileiro. Ah, e não nos esqueçamos: Mundial de Clubes, em dezembro, tem outro


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Palmeiras campeão da Conmebol Libertadores 2020 (em 2021)


2020 foi um ano atípico. Vimos as consequências de uma pandemia a níveis globais, o campo político do Brasil foi o caos e não vemos muita luz no fim do túnel. Este texto está sendo publicado em 1º de fevereiro de 2021 e em vários cenários 2020 ainda não foi superado. O futebol é um desses cenários. 

O Campeonato Brasileiro está a pleno vapor, a Série B terminou na última sexta-feira e as finais da Copa do Brasil estão agendadas para o final do mês. Mas, no futebol brasileiro, temos como encerrada a Libertadores. E ah, que Libertadores foi essa?

Em 1999, quando o Palmeiras foi campeão da América (do Sul) pela primeira vez eu era muito pequeno. Muito provavelmente não era palmeirense e não me lembro de nada do título. Mesmo vendo os vídeos e as reprises, nada naquele título me apega emocionalmente. Já essa, em vários aspectos se torna marcante para mim. 

A começar que ela foi interrompida por causa da covid-19. Comemoramos em 2021 a Libertadores que na verdade é de 2020! O campeonato começou na Globo em TV aberta e terminou no SBT, marcando o retorno definitivo da emissora de Silvio Santos aos torneios esportivos. Nesse meio tempo, muito se discutiu um cancelamento da edição, não se sabia como retornar em segurança com países lidando de maneiras tão distintas com a pandemia. O retorno, sem bolha, aparentemente sem segurança nenhuma, foi marcada pela falta de torcida nos estádios (à exceção da final) e surtos de corona vírus em diversas equipes. Acredito que o futebol em ano de pandemia ainda será um assunto estudado no futuro, mas para saber a apreensão e toda a questão do medo, da ansiedade e da revolta envolvida nisso, acredito que só vivendo mesmo (eu fui um dos que ficou revoltado). 

Em campo, passei longe de ser o maior dos palmeirenses. Claro, queria muito ver meu time conquistar esse título, ter a chance de disputar um mundial e acabar com a piada infame que todo palmeirense conhece e é obrigado a lidar. Mas por outro lado, há tempo que meio que perdi a paciência com o futebol. Troquei a Libertadores pela A Fazenda 12 inúmeras vezes. Acompanhava, entretanto, os melhores momentos, as repercussões, mas pouquíssimo dos jogos ao vivo. Cabe a você, leitor, me julgar como mais ou menos palmeirense por causa disso, mas não é a você que eu devo justificativas (aliás, acho que a ninguém). 

O ponto forte do torneio, para mim, como torcedor, foram sem dúvidas as semifinais contra o River Plate. Os jogos aconteceram nas duas primeiras semanas de janeiro, ainda na ressaca do ano novo. Nessa vibe de querer ver coisas novas, "virar de vez a chavinha" de 2020, já há umas semanas havia passado a ver futebol de novo. O primeiro jogo, 3 a 0 para o Verdão na Argentina havia me enchido na ânimo. Sinceramente, já estava acreditando em uma passagem antecipada à final. Mas o segundo jogo foi algo de outro planeta! Nunca imaginei que sofreria com um jogo de futebol como estava sofrendo com aquele jogo! Faz gol, anula gol, marca pênalti, chama o VAR, volta penalidade, 2 a 0 para os argentinos e pênalti em revisão no último minuto. Com a adrenalina no máximo (não conseguia nem dormir depois), agora era esperar a final. Ainda não sabíamos com quem, mas veio a ser com o Santos.

Aquela ansiedade pelo jogo, as fatalidades por covid-19 batendo recordes dia após dia (as festas de final de ano foram devastadoras) e a expectativa por um resultado positivo afligiam. Era a chance não só de acabar com a piadinha do mundial (vamos aguardar até semana que vem), mas também de nos aproximarmos de Grêmio, São Paulo e do próprio Santos, maiores campeões da Libertadores no Brasil. Era, ainda, uma forma de evitar que o Santos se isolasse no topo do ranque, com um troféu a mais que os outros dois times citados. 

O risco de morte, minha e de meus familiares, não me permitia aglomerar. Era hora de fazer um rolê caseiro. Não há muito o que acrescentar sobre isso, apenas que o futebol serve para reaproximar as pessoas (sim, tem gente é distante dos parentes, mesmo morando junto). O resultado do jogo, já nos minutos além do acréscimo foi pra encerrar esse torneio e coroar esse título com a emoção que ele merece. Como vocês devem imaginar, não houve comemoração da minha parte em carreatas ou festas, abraços ou beijos. Talvez até nisso esse título é marcante. Ele é festa, por dentro, mas vem para mostrar que time ou esporte nenhum vale mais do que nossa saúde, nossa família e a sensação de estar preservando nossos amigos/família/namorada(o). E a festa, bom, quem sabe a gente não guarda ela para o final desse ano?

Abaixo, você que confere tanto o gol (primeiro vídeo, aos que tem pressa), como os melhores momentos da final no Maracanã (segundo vídeo)



E não poderia encerrar este post sem a campanha memorável da equipe palmeirense. Foram 10 vitórias, 2 empates e apenas uma derrota:

 

PARABÉNS, SOCIEDADE ESPORTIVA PALMEIRAS!

Mais um retorno...

 E dessa vez sem compromisso nenhum. 

Em todas as outras vezes prometi regularidade e sumi. Prometi altos projetos e no final não fazia nada. 

Então dessa vez não tem magia. O blog vai continuar ativo, vira e mexe posso escrever alguma coisa, mas não esperem muita coisa. 

E não digo isso de má vontade. O último post neste site foi em fevereiro de 2018, há coisa de três anos. Nesse meio tempo muita coisa mudou em vida offline. Mesmo que quisesse atualizar frequentemente este espaço, não encontraria agenda para tal. 

Peço que compreendam o meu lado. Desde já, muito obrigado. 

Ah, e daqui a pouco tem postagem inédita!