quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Os Dez Mandamentos - A Bíblia na Novela


E com a cena mais cheia de absurdos históricos com os fins de alimentar o senso comum na "megaprodução" da Record, começamos a narrar, "junto com Moisés", a narrativa rumo à Terra Prometida. 
Roda a vinheta da novela: 



Mas antes de tudo gostaria de explicar o motivo desta postagem, já que ela é longa, com certeza muito cansativa, e dependendo do quando você estiver lendo-a, pode ser que esteja até meio que sem sentido, pois os vídeos alguma hora podem ter sido retirados do ar pelo R7. 
Pra começar com as explicações, com certeza já falei aqui neste blog, se não falei ainda vou falar de novo, ou talvez nem fale, recomendo que explore o site para descobrir, sobre Os Dez Mandamentos, primeira novela bíblica da Record (escrita por Vivian de Oliveira, com a direção geral de Alexandre Avancini), e talvez também já tenha argumentado que ela foge bastante do texto das Sagradas Escrituras - o que é esperado e necessário -, então, por conta própria, resolvi reunir todos os vídeos, disponibilizados no site que hospeda o material oficial da novela, que recriam especificamente a narrativa da Bíblia. 
Não quero com isso "evangelizar" ninguém (porém, caso te convença de algo, ou também se servir para alguma escolinha dominical, a postagem também foi válida), nem tampouco fazer publicidade da TV de Edir Macedo (mas isso acho meio inevitável), quero apenas deixar fixado aqui o modo como a Televisão Brasileira representou, a sua maneira, uma das histórias mais famosas da Humanidade. Claro, eu sei que existem infinitas versões dessa narrativa imortalizadas em filmes, peças teatrais, pinturas, paródias humorísticas e outras obras televisivas, então, longe da versão da Record ser superior ou inferior à qualquer outra delas, não estou aqui para fazer comparações. Meu objetivo, como já deixei bem claro, é apenas resumir mais essa forma de contar a já tão familiar trajetória de Moisés e a libertação dos Hebreus da escravidão do Egito. 
E por fim, antes de começar, gostaria de lembrar que estou trabalhando apenas com o que a Record nos deixou a disposição de forma gratuita na internet, ou seja, pode ser que faltem alguns versículos, mas nada que comprometa muito o entendimento total do que está sendo narrado. Lembrar também que, infelizmente, este conteúdo só pode ser exibido em território brasileiro. Se você me lê de outros país, te peço desculpas desde já pelo inconveniente. Esta postagem foi feita com auxílio da Bíblia Sagrada - Edição Pastoral, 27ª Impressão, e da Bíblia Sagrada - Tradução CNBB, 8ª Edição. Vamos começar então: 

A novela começa com o nascimento de Moisés, num período que, segundo a narrativa bíblica, foi marcado pelo grande número de hebreus escravizados na Terra do Egito - eles chegaram ao Reino na saga de José [filho de Jacó, chamado Israel], segundo a mesma Bíblia. A Record fez uma minissérie sobre a vida deste personagem -, e também por um decreto do Faraó que ordenava o assassinato de todos os bebês do sexo masculino pertencentes àquela etnia, sob a justificativa de uma suposta rebelião ou traição contra os egípcios. 



Sua mãe, Joquebede (os nomes são relativos, cada Bíblia traduz de um jeito, não existe certo e errado pra isso), escondeu a criança e cuidou dela o máximo que deu, mas chegou uma hora que não dava mais pra manter ela escondida. A solução encontrada para "salvar" (eu não confiaria nessa tática não) o bebê se tornou uma das passagens mais famosas de toda a Bíblia, e quiçá de todo imaginário ocidental e oriental: 


Acompanhado noite afora pela irmã Miriã, o cesto da criança foi encontrado, "junto aos juncos", pela filha do Faraó, que na novela havia sofrido uma sequência de abortos devido a poções feitas pela vilã Yunet, sua dama de companhia (no próximo vídeo, a moça que pega o cesto para a princesa. O motivo era ciúmes. O então marido da princesa, General Disebek, mantinha um caso com a vilã ainda em sua época de solteiro, quando ela vivia em uma casa de prostituição. Tomou meio que como uma traição o casamento dele com outra mulher, e para não ver a princesa tendo um filho com seu amado, ela faz questão de causar essas maldades. Yunet chegou ao palácio sob indicação de Disebek, e Nefertari, que virá a ser rainha do Egito e o amor de Moisés e Ramsés, é filha dos dois, que porém, para não passarem ambos como adúlteros e sofrerem as consequências, por artimanha da mãe, Nefertari "se torna" filha de Yunet com o sacerdote Paser, este último que passou a vida sendo enganado), tendo provavelmente ficado estéril com isso. A dor de não poder gerar um filho faz com que a princesa interprete essa criança como um envio dos deuses para suprir essa "maldição" que havia recaído sobre ela, e então resolve tomar a criança para si. Em uma das várias jogadas de "protagonismo disfarçado" de mulheres, presente várias vezes no Livro Sagrado, a irmã de Moisés aparece para oferecer uma ama de leite hebréia para a criança - sua mãe - que o leva de volta para a Vila, onde ele passa a ser educado segundo a tradição de seu povo - depois ele esquece tudo, num equívoco absurdo da novela, fazendo de conta que uma separação forçada da mãe, e tudo o que veio antes, simplesmente pode ser apagado da mente de uma criança. Só não esquece totalmente porque vira e mexe voltam flashbacks à sua mente. Psicólogos podem explicar melhor este fenômeno na vida real, que eu acho que não deve de acontecer bem assim -. Ainda nesse episódio, o menino recebe o nome de Moisés, segundo a princesa, "pois das águas o tirei", e na sequência ao fato, de presente de casamento, ainda sem ter levado a criança ao Palácio, a princesa pede a seu pai que anule o decreto que mandava matas os nascidos hebreus. 


Dado o tempo da amamentação (o Ministério da Saúde adverte: amamente seu filho até os dois anos de idade, na novela, se puder até os três e tanto, melhor ainda), a princesa pede de volta o menino:  


A Bíblia não diz como Moisés descobriu, ou se por algum acaso sempre soube, a verdade sobre sua história. Para essa sequência, pede-se a liberdade poética dos autores, e em cada obra ela se dá de uma maneira. Na novela da Record, o Faraó "aceita" que a criança more no Palácio, contanto que sua origem nunca seja revelada. Torna-se então um tabu falar qualquer coisa sobre a vida de Moisés. Seu avô, o  Rei, desde o começo passou a odiar o menino, que acaba crescendo como um príncipe, e com a mesma mentalidade de todo nobre, a de opressão. Em atuações maravilhosas do núcleo infantil, Arão, irmão de sangue do libertador, em um momento de ira, revela as origens secretas do príncipe, que são confirmadas por sua mãe. A partir daí Moisés passa a se interessar por sua origem escrava (vídeo dos "melhores momentos" do quinto capítulo da novela):


A partir daí nada de interessante acontece, todo mundo cresce e os atores mudam: 


E quando digo que nada de interessante acontece, é nada, nada mesmo! A novela vira uma ensebação que só, mostrando o triângulo amoroso de Moisés, Nefertari e Ramsés, e as crises existenciais do "Libertador", por não se decidir entre ser Hebreu ou Egípcio. Pra dar sequência à história, vou partir para a cena em que Moisés encontra, finalmente, sua família hebraica (ele já conhecia sem saber que conhecia, não vou explicar, assistam a novela): 



E voltamos à Bíblia!!! Já familiarizado com os escravos, Moisés mata um feitor egípcio quando o vê maltratando seu irmão, que ele ainda não sabe ser seu irmão (vejam a novela), num canto um tanto mais afastado da obra que o arquiteto do Reino - falei que Moisés era arquiteto do Reino? - vistoriava: 


E depois disso enterrou o cara na areia: 



Aí entra a liberdade poética de novo. Depois de ouvir por detrás das portas Moisés contar o bafão daí de cima, a vilã, que já citei alguns parágrafos lá atrás, faz com que o sacerdote, seu marido, conte ao Rei que os deuses lhe disseram em sonho que Moisés havia matado um oficial, e que inclusive passou até as coordenadas. Para o Faraó, foi juntar a fome com a vontade de comer. Manda os legistas, digo soldados, até o local procurar pelo corpo: 




Já com o presunto desenterrado, eis que aparece um hebreu, personagem de uma semana, na cena do crime, e ouve toda a história. Volta pra obra e faz a notícia começar a correr. Por coincidência do destino, Moisés aparece na obra, vê nosso coadjuvante brigando, e na hora de separar a briga, descobre que já tá na boca do povo: 



E no Palácio é condenado à morte: 



Obviamente que Moisés nem para o Palácio volta (se tivesse voltado, nossa já história acabava por aqui mesmo), e recebendo a ajuda de Ramsés, de certa forma Henutmire, e de sua família hebraica, em sequências - está longe de ser uma sequência só - de cenas que foram reprisadas dentro da novela infinitas vezes, Moisés foge do Egito: 



E depois de alguns dias andando pelo deserto, com seus maus costumes de príncipezinho criado a base de leite com pera, chega à Terra de Midiã: 



Lá é recebido pelo sacerdote local, pai de 7 meninas (uma família biblicamente amaldiçoada), das quais lhe daria uma delas - através desse sacerdote Moisés passa a conhecer o Deus de Israel: 



Como não poderia faltar aqui, o momento que levou a internet à loucura: 


  #CasamentoZipisés


E um grifo pessoal meu, ouçam a música tema de Moisés e Zípora em Hebraico, com esse clipe, é muito lindo (tem em Português também, mas é estranha): 


Enquanto isso, no Egito o Mundo tava despencando. Na Bíblia, dão o espaçamento de "muito tempo" (de novo, depende da sua tradução), mas na novela foi tudo ao mesmo tempo mesmo, Moisés malemá começara a vida em Midiã e o Faraó morre assassinado pela vilã da novela - com uma conspiração interna tão fácil que chegou a ser ridícula (essa conspiração é obra da autora também): 



O Faraó recebe as devidas honras fúnebres: 



E seu filho, Ramsés [II], é coroado "Senhor das Duas Terras": 



Na novela, o #CasamentoZiposés acontece depois disso tudo, mas resolvi alternar a sequência para não lhes atrapalhar a linha de raciocínio. 

E de novo o tempo passa e todo mundo cresce outra vez: 



E é a partir dessa terceira fase (sempre que os personagens crescem e mudam os atores, muda a fase da novela também) que começa a história da libertação do povo Hebreu. Na novela, com a troca de Faraó, as jornadas de trabalho ficam mais intensas, e o Egito entra numa época de megalomania. De fato essa época de megalomania deste Ramsés II realmente existiu, e por isso foi tradicionalmente atribuído a ele o papel de Faraó do Êxodo, mas não se pode afirmar nada a respeito na vida real. Só que na ficção, vendo isso, a família de Moisés - essa tá em tudo - passa a convocar o povo para reuniões onde seriam contadas novamente as histórias do Gênesis Judaico-Cristão (que aqui ainda não se chamava assim), sob o pretexto de que ninguém mais recontava essas histórias, logo, ninguém mais se lembraria delas (na História isso seria considerado um movimento de resistência), então só assim os escravos poderiam largar a fé politeísta dos egípcios e voltar-se para a "fé de seus pais". Pra não se estender muito, as reuniões ficam famosas, e depois de um tempo geraram um clamor coletivo, que foi o que acordou Deus pra história (até agora ele não tinha aparecido, só tinha aparecido um fanatismo cego da parte de alguns personagens que só falavam dEle e de mais nada): 



E dados alguns episódios tivemos o efeito especial mais lindo da história dos efeitos especiais da TV e do cinema (não recomendado para pessoas com olhos sensíveis): 


Pois é, a cena da sarça ardente foi mesmo emocionante, mas graças a Deus não temos ela na íntegra para postar aqui, dependam vocês do R7 Play, cinema ou Netflix (suspense, vou chegar nisso mais tarde). Mas para vocês não se perderem, a sequência da sarça é a seguinte: Moisés avista a sarça, ela diz que ouviu o clamor de Seu povo no Egito, e por isso o mandará para interceder diante do Faraó pela liberdade dos filhos de Israel. Revela seu nome, "יהוה", traduzido na obra como "Eu Sou", e apresenta os sinais que deveriam ser mostrados para a comprovação de Sua palavra, e manda Moisés de volta para a terra onde passou sua infância e juventude. Só pra tomarem como nota, queria eu chegar aos 80 anos com tudo em cima do mesmo jeito que Moisés chegou (piada bíblica). 

Do outro lado do deserto, Deus se manifesta para Arão, irmão de Moisés: 


Arão também acata às ordens do Senhor, e os dois partem para se encontrar no deserto. No meio do caminho de Moisés, um dos trechos mais nonsense de toda a Bíblia acontece, e Deus "mata" Moisés por não ter circundado (ou seria circuncidado?) um filho. A dúvida que fica: Deus não podia ter visto isso antes? Pra que matar o outro no meio do caminho?


Mas Zípora circunda/circunciza ele lá mesmo, Deus ressuscita Moisés e a viagem continua (não temos esta cena), desta vez sem a matriarca da família, que resolve voltar pra Midiã.

Depois de muito tempo de caminhada, Moisés e Arão se reencontram, mas não se beijam, pois isso seria muito chocante para a família brasileira: 



Os dois finalmente chegam à capital egípcia: 



Moisés é apresentado ao povo após o velório de seu pai, e convoca uma reunião com os anciãos e chefes dos escravos para repassar o recado divino: 


Chegando logo à parte que interessa, Moisés se reencontra com Ramsés depois de muitos anos, e recebe logo de cara um "não" por sua esquisitíssima proposta:  


E começam a retaliações pela ousadia de Moisés. O Faraó manda que retirem o fornecimento de palha e se mantenha a produção de tijolos: 


A meta, obviamente não é cumprida, e os chefes dos escravos são punidos (parece uma coisa meio idiota, mas acabaram "romantizando" isso também, quem viu a novela sabe o porquê): 


Depois da primeira derrota, a mando de Deus, Moisés e Arão voltam ao Faraó para realizar prodígios com cobras e paus: 


E depois de mais um "não" e uma enrolação astronômica, o Deus dos Hebreus começa a mandar suas dez pragas sobre o povo egípcio (ele manda chamar Moisés e Arão para tentar negociar a saída dos Hebreus após a segunda, quarta, sétima e nona pragas. Os magos do Reino conseguem imitar a primeira e a segunda. Já tô falando agora para não ter que interromper a sequência, e além do mais que a maioria dos vídeos destas cenas sequer foi disponibilizado. Quero uniformidade, afinal): 

Primeira Praga: As águas do Nilo e de todo o Egito convertem-se em sangue: 



Segunda Praga: Rãs saem do Nilo para tomarem as cidades e os campos: 



Terceira Praga: O pó da terra do torna-se em piolhos:



Quarta Praga: Nuvens de moscas varejeiras tomam o Egito: 



Quinta Praga: Deus manda uma peste fatal sobre os rebanhos e animais domésticos: 



Sexta Praga: Através do pó do forno, o todo o Egito é abatido por úlceras e tumores: 



Sétima Praga: Chove sobre toda a terra do Egito uma chuva de pedras e fogo: 



Oitava Praga: Gafanhotos devoram tudo o que sobrou da chuva de pedras e fogo: 



Nona Praga: Trevas tão densas que podiam ser tocadas cobrem todo o Reino do Egito: 



Décima Praga: O Anjo da Morte passa por todas as casas egípcias em que houvessem filhos primogênitos: 


E o primogênito da Faraó não é poupado: 



Mas no lugar onde viviam os escravos (e na casa de quem eles avisassem), os primogênitos seriam poupados, sob a condição da celebração festa da Páscoa, judaica, a festa do cordeiro assado e do pão sem fermento, com o sangue do animal pintado sobre o batente das portas: 


Dada a última e derradeira praga, o Rei deixa que os Hebreus deixem o Egito. Eu não ia postar um vídeo tão grande pra uma cena tão pequena, mas é um trecho muito importante pra passar batido, e não tem vídeo quebrado. A cena em questão está por volta dos nove minutos de vídeo: 


E sai para o deserto a turminha de Moisés: 



E no deserto Deus usa de uma coluna de nuvem, que alterna entre areia e fogo, pra fazer o povo andar em círculos que nem idiota por supostos 40 anos: 


E a partir daqui começa uma das sequências mais famosas da Bíblia. No contexto da novela, a pedido da Rainha, que havia juntado mil sentimentos a respeito de Moisés e agora somados com a morte do filho, o Faraó busca vingança sobre os Israelitas, toma seu exército, junto com parte do exército da Núbia (na trama eram reinos muito próximos), e parte para alcançar a população recém liberta. A sequência conclui-se com a abertura do Mar Vermelho: 







Bom, vou deixar pra vocês decidirem se foi mesmo tuuudo isso que prometeram. Eu particularmente acho que depois de tanta expectativa, merecíamos algo melhor. Na minha opinião, a chuva de pedras de fogo ficou bem melhor, vinda do mesmo estúdio (não desconsiderando o fator de ser um efeito provavelmente mais fácil de ser produzido, claro).

E, o cântico de Moisés e Miriã: 


E pra mim a novela acaba aqui. Ainda tem mais o que, duas semanas de novela, um pouco menos? Mas agora sem Egito, com um núcleo só, história parada, e só conversa fiada. Mas como me comprometi a postar todas as referências que fossem possíveis, vamos seguir. Tivemos o episódio em que Moisés torna potável a água de Mara, mas não temos o vídeo separado. Próximo grande marco da narrativa, ao reclamar de fome, a cada tarde Deus manda ao povo carne: 


E pelas manhãs o pão, de nome "maná": 



Dado um tempo, se queixando de sede, Moisés faz brotar da pedra, sob o Monte Horeb, água: 


A próxima sequência, não fica muito claro, mas é a narrativa da batalha contra os Amalequitas, que os Hebreus, em desvantagem, ganhavam sempre que Moisés erguia os braços, e perdiam sempre que este os abaixavam. É também o primeiro passo de Oséias, "a quem Moisés chamou Josué", para se tornar meio que um general do primeiro exército de Israel, assunto que será tratado em outra novela: 


O reencontro de Moisés com sua família midianita. É através desta visita que pode-se dizer que Moisés elabora, junto com seu sogro o "sistema de juizado" de Israel, que se tornaria mais adiante, já não mais no conto de Moisés, a organização política do povo de Deus (também não temos o vídeo): 


E chegamos ao último capítulo da novela!!! A voz de Deus revela ao povo "Os Dez Mandamentos", numa contagem um tanto quanto polêmica, mas que poetizamos para 10, justificando assim o título da novela: 


Depois disso, os populares se assustam e mandam que Moisés se reúna sozinho com Deus. Mas Moisés chama também o coitado do Oséias/Josué, e sobem os dois ao Monte Sinai, Moisés lá em cimão e o menino na metade, montando guarda. O povo fica no chão, no acampamento. Aquela narrativa bíblica colossal não aparece na novela. E lá eles ficam mais de um mês, ininterruptamente, sem descerem. O Povo, carente, convence Arão, na novela fragilizado pela morte da esposa, a construir um ídolo, e este faz um bezerro de ouro, alegando ser a imagem do Deus de Israel, para que fosse adorado, as pessoas se sentissem amparadas, e também para que lhe parassem de encher o saco: 


Moisés desce o monte neste mesmo instante, e põe fim à patifaria (e às tábuas que Deus escreveu): 


E a novela acaba aqui. Não bem nessa cena, tem mais, coisa de um minuto, talvez menos, em que Moisés empurra no fogo o bezerro, pede explicações para Arão, e chama que venha até ele quem é do Senhor. Mas acaba aí. Peraí, acaba? Mas a história não acabou. Pois é, ela não acabou, e justamente para que isso aconteça, ela volta ano que vem: 


Pois é, a novela acabou virando uma série. Nem uma série, pois série nenhuma tem uma temporada com tantos episódios. Mas essa discussão teórica e conceitual, vou deixar para os especialistas e profissionais de televisão, quem sabe Os Dez Mandamentos não foi revolucionária até na criação de um formato, né? Outras discussões sobre a falta de respeito com o telespectador podem ser levantadas também, mas em outro post, não é a intenção deste. 

E só pra encerrar, esse trecho todo que a novela cobriu, está no livro do Êxodo, capítulos de 1 a 32. Se for ´pra ser mais específico, Capítulo 32, versículo 26a. Pra quem quiser ver, ou rever a novela inteira, como já citei lá na metade do texto e prometi explicar no final, ela já está inteira disponível no R7 Play, e muito em breve estará disponível também no Netflix. Ambas as plataformas não são gratuitas. Mais ousadamente, a novela ganhará também uma versão para o cinema, prevista para fevereiro de 2016, com a promessa de cenas e um final inéditos (final?). 

Bom, espero ter feito uma postagem interessante para vocês. E lembrando que depois da segunda temporada do Moisés, em sequência já começa também a continuação da história, com Oséias/Josué de protagonista, já na "Terra Prometida". E quem sabe eu não continuo fazendo postagens como esta até lá?