domingo, 25 de fevereiro de 2024

Megatemplos

    É normal vermos em redes sociais ou ouvirmos em conversas informais do nosso dia a dia opiniões contrárias à construção de grandes templos religiosos. Discursos como "esse dinheiro poderia ser usado para alimentar um número X de pobres" ou "se Jesus voltasse à Terra hoje jamais aprovaria essa extravagância" são argumentos bastantes comuns. Em meio a essa eterna polêmica (que já deve existir desde tempos imemoriais da humanidade) e aproveitando o embalo de duas viagens recentes que fiz, gostaria de propor uma reflexão sobre o assunto.


    Antes de tudo, vou chamar estas edificações pelo nome técnico que elas têm, "megatemplos". E vale dizer que esse tipo de construção já existe desde a Antiguidade, mas é com a secularização da sociedade que eles se tornam um tema de debate, seja na perspectiva interna, a partir do olhar do próprio culto e seus respectivos elementos; seja no perspectiva externa, tomando como base o senso comum, a opinião das pessoas que podem viver ou não o dia a dia da fé que está ali sendo representada, mas que têm (e podem ter) um pensamento a respeito desse fenômeno. A linha de pensamento que vou seguir tenta levar em conta um pouco destes dois universos.
    
    Os dois que visitei recentemente foram o Santuário Nacional de Aparecida, em Aparecida-SP e o Templo de Salomão da Igreja Universal do Reino de Deus, na capital paulista (um como fiel e outro como turista). São obras muito distintas entre si, mas que guardam pontos em comum. Ambas pertencem a instituições altamente relevantes no cenário brasileiro e atraem multidões às missas e reuniões ali realizadas. São também edifícios que impactam na paisagem, seja pelo seu tamanho, seja pela sua beleza (ignorá-los é algo bem difícil). Por fim, estando dentro deles, fica claro que tanto em um como no outro a celebração é o objetivo final, mas inúmeras outras atrações periféricas a esse objetivo estão ali presentes. E elas podem ser tanto religiosas, como roteiros com ensino, acolhimentos vocacionais, etc.; como comerciais, com lojas e lanchonetes, por exemplo.


    Mas o que eu penso a respeito disso? É errado construir templos gigantes, para receber pessoas e cultuar divindades? Não, não é, mas com alguns poréns. A edificação religiosa permite uma experiência com o sagrado para além daquela que o fiel teria em sua comunidade de origem? Ou em outras palavras, a pessoa que visita esse templo consegue aprender algo ou se conectar com Deus de uma forma diferente daquela que ele(a) tem todo domingo na igreja do seu bairro? Se não, qual a necessidade de se gastar milhões de reais em um prédio, se seu único diferencial é o número de cadeiras?

    Esse contato pode se dar através da arte, das atividades pedagógicas e culturais que a pessoa só vai encontrar ali ou mesmo através de uma história específica do local (é o lugar onde um santo viveu, por exemplo). Construir um barracão gigante onde não se tem uma preocupação estética, um cuidado especial com a sacralidade ou uma objetividade evangelística (no caso do cristianismo) é algo que acrescenta o que, exatamente, à vida do fiel? Pois se é pra gastar dinheiro com ônibus, com alimentação, com hospedagem e com a oferta, que então o destino lhe propicie uma experiência, uma transformação de vida. Caso contrário, por que mesmo sair de sua casa e de sua igreja de origem apenas para viver um mais do mesmo?

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

O Mundial do Palmeiras em imagens



    É normal, dentro da História, dos depararmos com "lacunas". Aquele momento histórico que sabemos, por diversos momentos que existiu, mas que não temos fontes, registros suficientes para poder acessá-lo. Isso, claro, é muito comum com eventos antigos, centenários, milenares, e menos comuns hoje, em um mundo onde a tecnologia é algo corriqueiro e acessível (é impossível, por exemplo, imaginar que sua ida ao shopping no final de semana com os amigos ou o/a parceiro/a vá terminar sem nenhuma foto ou vídeo).
    
    É mágico, entretanto, nessa mesma História, quando evidências de um momento parecem ressurgir do nada. Uma vistoriada em arquivos, uma limpeza de armários, uma investigação mais aprofundada e "pá-pum", o que antes era apenas imaginação agora é paupável, é visível. Isso aconteceu há alguns anos com as imagens da Copa Rio de 1951, o "Mundial do Palmeiras".

    Não vou entrar no mérito do título, se é mundial ou se não é, se é reconhecido pela FIFA ou só pela torcida, isso tudo pra mim não interessa. O que eu fico feliz de compartilhar é que hoje esse momento está disponível, ainda que parcialmente, a todos os torcedores e não torcedores. E não, não é uma descoberta recente. Essa é uma postagem antiga, que deveria ter ido ao ar anos atrás, mas nas paralisações do blogue, acabou ficando esquecida. As imagens foram divulgadas em 2008 e o Instituto Luce, da Itália (país da Juventus, vice campeã do torneio), é proprietário das imagens originais. Dada a precariedade da época, pode ser que estas sejam as únicas imagens em movimento deste título palmeirense.

Hoje, data em que se inicial a Conmebol Libertadores de 2024, compartilho com vocês, acima e abaixo, as imagens dessa conquista. Apreciem.