terça-feira, 25 de agosto de 2015

O caso da UEFA Champions League nos canais Esporte Interativo



Bom, vocês sabem, devido à abrangência de público, não costumo falar muito de TV fechada, mas, acho que este caso merece uma certa atenção.

Como sabemos, em uma negociação que surpreendeu a todos, o Esporte Interativo conseguiu no ano passado os direitos exclusivos de transmissão da Liga dos Campeões da Europa na TV paga. Desde então, muito se falou, mas a  transmissão da competição, que teve início com os playoffs, não pôde ser vista pela maioria esmagadora dos usuários da TV por assinatura devido à não entrada dos canais Esporte Interativo nas duas principais operadoras do mercado, NET e Sky. Operadora de destaque, a Claro, tradicional parceira do EI, após parceria com a NET, também deixou de oferecer o canal. 

Juntas estas três operadoras representam por volta de 70% do mercado brasileiro. Sabemos que grande parte destes assinantes, um dia só aderiram ao serviço devido à canais esportivos (o esporte sofre um declínio na TV aberta já há muito tempo), que mostram principalmente futebol, uma das paixões nacionais por aqui. E qual a principal competição anual de futebol do Mundo? Pois então. Já podemos tomar isso como ponto de partida das indagações sobre os porquê de a emissora não conseguir figurar para grande público.

De fato que o Esporte Interativo, que começou como um canal aberto apenas em parabólicas (estou desconsiderando o tempo em que eles eram apenas uma empresa que "terceirizava campeonatos"), até pouco tempo atrás ainda era uma emissora pequena e com expressão quase nenhuma. Foi aos poucos conseguindo alguns campeonatos de alguma importância - ao mesmo tempo que perdia todas as ligas nacionais que possuía em seus primeiros anos -, se aproximando de parceiras e grupos, passando a ser oferecido muitas vezes pelas operadoras menores de TV a cabo, criando uma identidade própria, e com isso ganhando certa visibilidade, principalmente na internet (o canal esportivo mais "curtido" no Facebook, sempre batendo de frente inclusive com outros canais de TV convencionais. E, no início de graça, hoje transformado em um serviço pago - trato dele lá na frente -, o E+I também sempre disponibilizou online sua programação), o canal foi conseguindo seu lugar, se expandiu de vez para a TV por assinatura com EI NE, porém, o êxito veio mesmo após parceria com o grupo de mídia norte-americano Turner. Uma relação que se aproximou, aproximou, até o grupo adquirir o canal inteiro, e a partir daí injetar rios de dinheiro nele, o que resultou, com maior destaque, na compra dos tais direitos exclusivos da UEFA Champions League
Grana sobrando, uma super competição como atrativo, e um nome forte e tradicional por trás, o que então pode explicar a não entrada do EI nas grandes operadoras? De fato que o canal não poupou esforços para "facilitar" essa negociação. Conseguiu os direitos e criou a estrutura para transmitir TODOS os jogos do campeonato europeu, inaugurou mais um canal (vídeo que abre esta postagem) para a transmissão na TV paga, para fazer par com o EI Nordeste (que pelo jeito hoje virou "EI MAXX2"), segurou a exclusividade toda para si, e não usou dos demais canais da Turner para transmitir a Liga. Caso as geradoras não cedessem pelo canal em si, esperava-se que cederiam pelos assinantes. Mas nada saiu como planejado. 
Obviamente, não posso afirmar nada, não participei de negociações. Seria muito fácil dizer que existe uma conspiração contra um canal jovem liderada pela repartição de TV a cabo maior grupo de mídia da América Latina que são donas das operadoras (não vou citar nomes, mas todo mundo já leu teorias envolvendo essas empresas), e outras coisas do tipo. Claro, é uma possibilidade, mas acredito que as grandes operadoras também defendem seus interesses, e perder assinantes devido a essa briguinha aí acredito não ser uma delas. Existe também a chance de o próprio Esporte Interativo/Turner estar pedindo um valor muito surreal para fechar o negócio, o que faria encarecer demais para o cliente os pacotes que tivessem o canal, tornando assim o acordo inviável. Ou as donas do mercado estão oferecendo muito pouco também, por que não? Ou talvez existam até complicações vindas da legislação de teletransmissão. Infelizmente, não sou eu que posso dar um veredito, dizendo "é isso" ou "é aquilo", mas posso dizer que a exclusividade da Liga dos Campeões no EI corre o risco de se assimilar com a exclusividade das Olimpíadas de Londres na Record, de início, pode parecer um ótimo negócio, mas no fim, se torna um grande prejuízo. Torcemos para que não, e que a emissora finalmente entre em todos os provedores, para o bem dela mesma, para o bem da operadora, e principalmente, para o bem do cliente e fã do futebol em geral, já que este é o maior prejudicado dessa, me permitam o uso do termo, palhaçada toda. 

Aos muitos (como eu) que não tem o canal em suas televisões, sobra a opção de assistir aos jogos pelo EI Plus, serviço on demand do Esporte Interativo. Por lá são exibidos todos os jogos, tal qual como prometido pela emissora, com inclusive um canal só com os melhores momentos em tempo real, tudo com narração e comentários em português. O serviço está disponível todas as plataformas, e com certeza deve haver, para facilitar a vida de todo mundo, um aplicativo para ele nas Smart TVs (se não tem, alguma coisa muito errada está sendo feita). E para quem realmente gosta, não é algo tão caro. Além do mais que ele oferece todos os outros produtos da emissora também. E acho que para o Brasil, essa iniciativa feita através do Esporte Interativo Plus com a UCL, se com sucesso, pode abrir portas para outros serviços de streaming esportivo no país, independentes ou terceirizados, consolidando ainda mais esse ramo de mercado que tanto cresce no por aqui (não estou falando de serviços como Watch ESPN ou FOX Play, estes apenas reproduzem o que é transmitido na TV, assim como o EI Plus para eventos não-Liga. Quando falo disso, me refiro às transmissões da Liga dos Campeões dentro da plataforma apenas).

Encerro com um institucional da emissora os frisando detalhes da cobertura da Liga dos Campeões pelo EI: 

Hoje começa uma cobertura histórica nos canais Esporte Interativo!
Posted by Esporte Interativo on Terça, 11 de agosto de 2015

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Essa estranha cordialidade de Record e SBT - (re)Estréia de Xuxa



Pois é, Xuxa iniciou uma nova fase, e ontem ficou bem claro que o SBT e a Record também. 

Era mais do que óbvio que o encontro entre Silvio Santos e Edir Macedo no Templo de Salomão, exibido pelo Domingo Espetacular do último dia 02 de agosto (2015) não seria por motivo de uma simples matéria televisiva.Silvio com certeza é alguém muito ocupado para se dar ao trabalho de participar de reportagens de emissoras concorrentes. No caso do Bispo Macedo, recebê-lo não seria mais do que sua obrigação - ainda mais que ele trabalha no prédio -, mas reunião em sala fechada e "entrevista" cheia de troca de amores? Não, isso não seria a toa. 
Abaixo, a matéria com Silvio e Edir na sede da Igreja Universal: 



De fato que os resultados começaram a ser divulgados na mesma semana da entrevista. Proposta de acordos comerciais, negociações de novelas para serem exibidas no exterior, criação de empresas para TV por assinatura e, se for para radicalizar, presença predominantemente evangélica nas produções infantis do SBT (enquanto as crianças desaparecem em Os Dez Mandamentos), coisa que talvez não seja um simples detalhezinho a toa. Mas sem dúvida, algo ficou escancarado ontem, com a estréia do Programa Xuxa Meneghel pela Record. 
Tivemos sim um ano cheio para a televisão - e olha que ele malemá está na metade -, mas a estréia de Xuxa na Record, depois de uma verdadeira novela nas negociações e boatos, em pleno cinquentenário de "sua antiga casa", com certeza foi até agora o ponto alto desse 2015. É sabido que todos os olhos estariam voltados para este momento, o contexto ideal para uma promover a outra. De formas mais ou menos discretas, Xuxa e Patrícia (a filha do "Patrão") usaram de seus espaços para falar sobre sua concorrência de horário:

Xuxa, lamentando não ter entrevistado Silvio Santos, comenta da homenagem de Patrícia Abravanel sendo realizada no SBT


Patrícia Abravanel imita Xuxa na Máquina da Fama e deseja sorte à Rainha dos Baixinhos, agora na Record


Convenhamos que isso não é lá a coisa mais comum de se ver. Se formos considerar que no SBT as menções à loira se extenderam, ainda que de forma satírica, até o The Noite, podemos começar a pensar que nada disso foi a toa. Geralmente as emissoras se movem para desfocar a atenção das concorrentes em ocasiões como estas, jamais que ficam fazendo essas propagandas externas por aí. Vale lembrar que tudo isso ocorreu em meio à uma Xuxa que, pedindo para que não falassem mal da TV Globo, escancarava todas as ações recentes da emissora negativa contra seu programa. 

Talvez pareça exagero tudo isso que disse sobre essa sinistra faixa noturna de uma segunda feira de agosto, talvez apenas estejamos acostumados com TVs hostis umas às outras, mas prefiro pensar que isso não é "só isso". Os pauzinhos estão mexendo nas duas emissoras que disputam a vice liderança de audiência no Brasil, e o cenário não se apresenta muito favorável para o futuro da televisão de um modo geral. Eu sinceramente torço para que essa união, caso continue, traga bons frutos para a "salvação" da TV, e até que democratize esse campo que, pelo menos em nosso país, é autoritariamente ditado. E que quem ganhe com isso finalmente seja o telespectador.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

V ParaPan American Games - Toronto 2015





Quadro de medalhas final
Arte: toronto2015.org
Sim, encerramos neste final de semana os Jogos Parapan-Americanos de Toronto de forma avassaladora! Peço desculpas antecipadas já por duas coisas, a primeira, pelo vídeo que abre esta postagem, pelo menos até seu fechamento, só poder ser visto através de link externo (só que ele é o que melhor ilustra isso tudo), e também por estar falando de algo que, ao contrário do esporte convencional, não tenho domínio quase nenhum, porém não poderia deixar de falar algo sobre.
O Brasil contou na competição com a maior delegação dentre todos os países, até maior do que a dos tão poderosos Estados Unidos ou do Canadá, país sede da competição. Claro que o número de atletas sugeriria um bom resultado, mas acho que nem os mais otimistas imaginariam mais que o dobro do número de ouros do segundo colocado, e que se somadas todas as cores de medalhas, quase 100 (cem) medalhas a mais que esse mesmo vice campeão (o quadro de medalhas final está anexado nesta postagem).

Mas o que me me deixou intrigado foi pensar no como um país tão pouco inclusivo como o Brasil, pode se destacar de tal maneira em uma prática exclusiva de deficientes? Durante a pesquisa prévia desse post (sim, eu não saio escrevendo nada aqui sem um devido preparo), uma matéria do iG me fez entender justamente que a falta de inclusão é o que nos torna uma potência! Por mais que hoje tenhamos políticas que obriguem as grandes empresas a terem uma porcentagem X de funcionários portadores de nescessidade, ainda assim, o número de deficientes físicos e psíquicos que não encontram um lugar na sociedade ainda é muito grande (segundo essa mesma reportagem, o Censo de 2010 aponta que 23,9% da população brasileira apresenta algum grau de deficiência). Nesse ambiente inóspito pra essas pessoas, quem muitas vezes é o único a abrir os braços? Pois enfim. Lembrando que a grande maioria desses atletas são bolsistas do Governo Federal, o que em um país que tanto nega oportunidades de emprego, é pra lá de um incentivo. Além do mais que, em casos de reabilitação, principalmente após acidentes, o tratamento muitas vezes vêm através da introdução no paradesporto, nesses casos, quando se gosta, "basta" manter e continuar treinando.  
E acho que não existe exemplo maior de inclusão social através do esporte do que esse afinal, não? Bastava conseguir se fazer extender para a "vida real".

E se pros Jogos Olímpicos 10º lugar é uma meta absolutamente surreal, para as Paralimpíadas do ano que vem, 5º lugar dentro de casa pode até ser considerada uma meta modesta. De um sétimo lugar em Londres 2012, e uma delegação maior, melhor preparada e "investida" - desde 2012/2013 os gastos, públicos e privados, com treinamento e infraestrutura paradesportiva cresceram consideravelmente - em 2016, o que são subir duas posições, afinal? 

Encerro a postagem com o "clipe final" do Parapan de Toronto, inspirador, humano, feito pelo próprio Comitê Paralímpico Brasileiro. Abaixo: 

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Cúmplices de Um Regate - Estréia



E na noite desta segunda voltei a ver a uma novela do SBT. Mesmo sendo infantis, a mística presente nelas me seduz. É colorido, é musical, é alternativo, não tem como eu não gostar disso! E até porquê também, é nostálgico! Sim, sou da velha guarda de Cúmplices de Um Resgate, mesmo não lembrando muito da versão original, exibida lá há muito tempo atrás pelo SBT. Mas lembro que assistia todos os dias, e lembro inclusive das chamadas anunciando a troca de atriz. Lembro inclusive que foi essa novela que me despertou fobia de sapo (não, nem adianta procurar, que aquela postagem não existe mais) - eu acho. 

Já deixei acima um trailler da novela para vocês (não considerem o título, vai muito além de só aquilo), pois acho legal que vocês possam ter uma noção da história e do visual e da trilha sonora da novela. E os personagens, principalmente. Mas além daquele vídeo, seria injusto também eu começar sem a abertura, que opinião minha, ficou muito legal: 



A música em sua versão brasileira de maneira nenhuma supera a versão original

Mas fazendo uma análise mais profunda do vídeo, especificamente a primeira imagem da abertura, já denuncia de uma forma um tanto macabra o principal problema social que a novela aborda: O tráfico de bebês. Por mais que depois essa cena seja ofuscada pela música alegre e as cores que saltam da tela, a expressão de pânico do bebê da direita ao ser sequestrado, pelo menos a mim, choca bastante. 
Ainda nessa temática, o início da novela, em forma de conto de fadas, servindo para amenizar a situação, não acho que ajudou muito na hora de retratar o problema. Partir para o lado lúdico, por ser uma novela infantil, claro, sempre é muito bom, mas talvez existam horas que as coisas não devem ser tão maquiadas assim, a ponto de sua sutileza conseguir enganar até muitos pais. 

Mas meu medo maior é que essa metáfora de reis e princesas não seja só uma metáfora  de denúncia mais adiante na história. Não quero que a novela vire uma versão brasileira de Once Upon a Time com efeitos especiais melhorados (sim, podem acreditar).
E aliás, referências da cultura pop é o que não faltou nessa estréia. Além de OUaT já citado, deu pra ver um pouco de Game of Thrones, Malévola e Sítio do Pica Pau Amarelo. E isso só no primeiro bloco. Nos próximos pudemos ver a versão pobre do SuperStar apresentada pelo apresentador do Ídolos. 

Sobre a parte da novela a ser avaliada de verdade, eu achei que foi legal. Pra mim já superou Chiquititas, novela cujo remake acabou não me agradando tanto. Histórias que usam da fórmula "gêmea boa e gêmea má" (por que sempre é mulher?) sempre tendem a ser um atrativo a parte, e Maria Joaquina, digo Larissa Manoela, pelo menos a primeira instância, está sabendo fazer bem o papel caricato que a trama pede - é uma novela de criança gente, desculpa -, uma gêmea totalmente malvada, e outra uma perfeita bobinha (fico pensando se não fizeram essa última assim pra pejorativizar cidades de interior). Talvez Isabela, a gêmea má, esteja um pouco má demais, fazendo transparecer raiva. A personagem é tão intensa que chega a parecer até um pouco forçada no final. A ambientação também é estranha, me pareceu ainda muito "mexicanizada", com as pequenas vilinhas que conseguem criar um vínculo entre várias delas. Do pouco que entendi da "vila", no cenário brasileiro ela seria algo entre o distrito de uma cidade e um bairro rural? Eles não se tratam como cidade, então um município de pequeno porte também acho que não seja. É uma realidade muito mais parecida com a dos pueblos presentes em países de colonização espanhola, do que com qualquer coisa que, eu pelo menos, conheça no Brasil. O fato da roupa de apresentação estar tão mexicanizada quanto nem preciso comentar, né? E por que não dizer que a intensidade de Manuela e Isabela são mexicanas também? 
Os demais núcleos ainda não sei avaliar. Consegui identificar qual serão os personagens responsáveis pelo humor, e os romances adultos já tomaram forma também. Mas não são essas histórias secundárias que me interessarão tanto, mas sim uma que está por vir. Cúmplices de Um Resgate vai discutir religião! E o SBT pelo jeito resolveu comprar a inútil briga que estamos acompanhando no horário nobre de novelas. Não que isso seja legal, mas quero ver como essa questão será tratada em um folhetim infantil. 

E destaque pra atuação do gato. Humilhou sem piedade nenhuma o cachorro e o rato, de longe o melhor personagem. 

Deixo abaixo o episódio de estréia, caso tenha interessado a alguém. Ele está dividido em 3 partes. Lembrando que todos os capítulos são disponibilizados gratuitamente pelo SBT em seu site oficial no canal da novela no YouTube.






Lembrando que mesmo com essa facilidade, por questão de tempo, eu ainda não sei se vou acompanhar essa novela por seu horário ser o mesmo de Os Dez Mandamentos (acompanhar três novelas requer muita organização). Como a novela da Record está há tempo mostrando pura enrolação, talvez eu migre para o SBT, ao menos para torcer para não termos outra novela, que a exemplo da colega bíblica, viva de  vai e volta para conseguir superar os logo os maçantes 600 capítulos de Chiquititas.