terça-feira, 31 de outubro de 2017

Os 30 novos santos do Brasil deixam um recado para o país





O Brasil - e a Igreja Católica em sua totalidade - ganhou neste último dia quinze 30 novos santos. Canonizados na Basílica de São Pedro pelo papa Francisco, os mártires de Cunhaú e Uruaçu, como são conhecidos, agora posam lado a lado de Frei Galvão e Madre Paulina (é, vamos considerar) no ainda discreto panteão de santos tupiniquins. Mas o que esses homens e mulheres brutalmente mortos naquelas então pequenas vilas do Rio Grande do Norte há mais de trezentos anos têm para nos falar hoje? 

Eu particularmente não acredito muito em coincidências, principalmente quando o assunto são as coisas do "mundo místico". O fato desse evento ter aparecido justamente nesse momento do Brasil, em que política e religião flertam entre si como em poucas vezes em nossa história, me pareceu muito providencial. Tempos de expressiva bancada evangélica no Congresso, ataques contra a arte, a mídia e educação sob alegação de uma suposta (e esse suposta está aqui por diversos motivos) moral cristã a ser violada e o advento de diversos grupos da sociedade civil e política invocando um conservadorismo que chega a assustar nos fazem lembrar de algo que foi essencial para o episódio do dito martírio no nordeste do Brasil (detalhes no vídeo que abre esta reportagem): a não separação entre Estado e religião.

Sim, esse grupo não foi assassinado por religião alguma lá em 1645, foi assassinado por um projeto de Estado, um modelo de "país" (que ainda não podia ser chamado desse jeito). Modelo em que o catolicismo infelizmente não podia fazer parte. Podemos acusar uma "inquisição protestante", termo que muitos sites gostam de trazer? Talvez até possamos, mas o protestantismo, propriamente dito, é o menos importe nessa história. Era um período de formação de identidades, criação de nações, expansão de impérios, onde o que pesa de verdade é apenas o nome Holanda. Holanda, que assim como várias outras nações europeias, aproveitaram da Reforma de Lutero (que aliás está comemorando 500 anos hoje) para adotar "novos cristianismos" para integrar seus projetos de Estado. E nesse contexto, pouca diferença faria a "igreja escolhida" pois o resultado seria o mesmo.

E o recado, pelo menos para mim, está mais do que claro: independente de você ser católico, evangélico ou muçulmano, se você tem em mente que toda a sociedade deve seguir a risca o seu código moral, não permitindo brecha para nenhum outro estilo de vida ou forma de visão e acha que a Lei deva dar garantia isso, pode ter certeza, só o que você está fazendo é abrindo caminho para o surgimento de outros 30, 40, 50 ou seja lá quantos novos mártires de Cunhaú e Uruaçu.

sábado, 28 de outubro de 2017

#Teleton20Anos




E o Teleton, icônica maratona televisiva, como Silvio Santos o chamou, realizada anualmente pelo SBT pra arrecadar fundos para a AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) chegou à sua vigésima edição. A iniciativa, adaptada de um formato que já existia em outros países chegou ao Brasil em 1998 e desde então já ajudou (e divulgou) com o tratamento de milhares de crianças e adultos dos quatro cantos do Brasil. 
E eu particularmente tenho um carinho muito grande por esse programa. Não, não conheço pessoalmente a AACD, tampouco sequer tive contato com algum de seus ex-pacientes. Minha única relação com a instituição é justamente essa, midiática e a distância, nesses finais de semana de outubro/novembro. E não digo isso com frieza ou falso puritanismo não! É nesse ponto que quero ressaltar a real importância do TeleTon. Eu não sou uma exceção, a maioria dos brasileiros com certeza também nunca teve contato com isso. Muitas pessoas, que inclusive, talvez nunca sequer viram - ou optaram por passar a vida fazendo de conta que essa realidade não existe - uma criança com uma deficiência grave precisando de um tratamento especializado (e que num país tão empobrecido como o nosso, infelizmente, muitas vezes é até inexistente). 
São pra essas pessoas, e pra mim, que o Teleton é importante. Eu posso afirmar, na pura base do achismo mesmo, que em vinte anos de programa muitas pessoas saíram de suas zonas de conforto, mostrando que o mundo não é tão cor de rosa como muita gente acha. 
Como o próprio Homem do Baú ressaltou no vídeo que eu destaquei acima, o mesmo que abriu os Teletons de 1998 e de 2017: "eu nunca pensei que as crianças nascessem assim". Mas sim, elas nascem. E como Silvio deu seu gesto concreto, cedendo mais do que um dia inteiro de programação à uma instituição de saúde, depois saindo de casa, forçando a voz e quebrando seu próprio cronograma, lá no fim do século passado, dê o seu também. Os telefones para você fazer sua doação estão na imagem abaixo:

imagem: Facebook.com/teletonoficial

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Eu também sou parte destes 300 anos

imagem: Portal A12

Ontem foi 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida. Ontem, difereciando-se um pouco dos demais dias da Padroeira, comemorou-se também o aniversário dos 300 anos do encontro da imagem no Rio Paraíba do Sul, em 1717. E há um ano que o Santuário Nacional de Aparecida e a Igreja do Brasil estava na expectativa desta data, com eventos, reflexões e até a concessão de indulgências. E eu, que também esperava pelo Jubileu, gostaria de deixar umas palavrinhas sobre esse dia tão especial. 
Antes de tudo, gostaria de já deixar avisado que não sou o cara daquelas fé lindas, que vemos na televisão ou presenciamos nas orações diárias de nossas mães e avós. Na verdade, minha história na Igreja Católica é até bastante recente, pois até meus treze, catorze anos, preferiria qualquer lugar aos templos religiosos. Depois disso me tornei quase que um "rato de igreja", até me chegar ao parâmetro que sigo agora, de cumprimento das obrigações litúrgicas e morais e quase que nada além disso. Não, não sou um exemplo a ser seguido, mas ainda me orgulho da minha luta diária pra não me deixar enfraquecer na fé. 
Já minha história com Aparecida talvez seja um pouco mais antiga. Desde muito pequeno que ia à "capital da fé" com minha família. A primeira vez deve ter sido com oito ou nove anos, quando não tinha sequer noção do que era uma romaria, tanto que me lembro muito pouco dessa e das próximas viagens. Sim, plural, pois nesse meu tempo de infância fomos uns dois ou três anos seguidos, quando o que mais me marcava era o caminho de volta, quase que um dia inteiro dentro do ônibus, vendo várias cidades pelo caminho. Depois disso, sabe-se lá Deus por que motivos, paramos com os passeios e voltamos já nos idos da minha adolescência, mais ou menos no começo da minha "vida religiosa" e desde então falhamos poucas vezes à essa "tradição". 
Não tenho histórias de milagres nem nunca chorei ao encontrar a imagem no seu nicho. Também tenho lá minhas críticas ao Santuário Nacional ao mesmo tempo que admiro seu "poder de marca" que extrapola as barreiras da religião. É inevitável, Aparecida, em todos os seus âmbitos, gera os mais diversos pensamentos e sentimentos, mas o que vale é saber o quanto sou, ainda que do meu jeito, eternamente grato à Mãezinha Aparecida por tudo que recebo - e que não é pouca coisa. As viagens à sua cidade, embora em muitos anos ache repetitiva e até meio chata, são praticamente a única oportunidade de um "rolê de família" que temos aqui em casa (além de ter sido onde eu aprendi a "viajar sozinho"). Sim, não viajamos muito, e quem me conhece também sabe que que não sou o cara mais família do mundo, mas saber que temos uma data que junta a nós quatro todo ano - ou quase todo ano - já acho que é mais do que motivo para agradecer dia e noite a Nossa Senhora Aparecida pela sua presença
Encerro este texto com meus vivas à Padroeira do Brasil, vivas aos seus 300 anos de glórias e histórias no nosso país e vivas, claro, a Nosso Senhor Jesus Cristo, sem o qual, nada disso sequer existiria. A tudo isso que falei, VIVA!