O Brasil - e a Igreja Católica em sua totalidade - ganhou neste último dia quinze 30 novos santos. Canonizados na Basílica de São Pedro pelo papa Francisco, os mártires de Cunhaú e Uruaçu, como são conhecidos, agora posam lado a lado de Frei Galvão e Madre Paulina (é, vamos considerar) no ainda discreto panteão de santos tupiniquins. Mas o que esses homens e mulheres brutalmente mortos naquelas então pequenas vilas do Rio Grande do Norte há mais de trezentos anos têm para nos falar hoje?
Eu particularmente não acredito muito em coincidências, principalmente quando o assunto são as coisas do "mundo místico". O fato desse evento ter aparecido justamente nesse momento do Brasil, em que política e religião flertam entre si como em poucas vezes em nossa história, me pareceu muito providencial. Tempos de expressiva bancada evangélica no Congresso, ataques contra a arte, a mídia e educação sob alegação de uma suposta (e esse suposta está aqui por diversos motivos) moral cristã a ser violada e o advento de diversos grupos da sociedade civil e política invocando um conservadorismo que chega a assustar nos fazem lembrar de algo que foi essencial para o episódio do dito martírio no nordeste do Brasil (detalhes no vídeo que abre esta reportagem): a não separação entre Estado e religião.
Sim, esse grupo não foi assassinado por religião alguma lá em 1645, foi assassinado por um projeto de Estado, um modelo de "país" (que ainda não podia ser chamado desse jeito). Modelo em que o catolicismo infelizmente não podia fazer parte. Podemos acusar uma "inquisição protestante", termo que muitos sites gostam de trazer? Talvez até possamos, mas o protestantismo, propriamente dito, é o menos importe nessa história. Era um período de formação de identidades, criação de nações, expansão de impérios, onde o que pesa de verdade é apenas o nome Holanda. Holanda, que assim como várias outras nações europeias, aproveitaram da Reforma de Lutero (que aliás está comemorando 500 anos hoje) para adotar "novos cristianismos" para integrar seus projetos de Estado. E nesse contexto, pouca diferença faria a "igreja escolhida" pois o resultado seria o mesmo.
E o recado, pelo menos para mim, está mais do que claro: independente de você ser católico, evangélico ou muçulmano, se você tem em mente que toda a sociedade deve seguir a risca o seu código moral, não permitindo brecha para nenhum outro estilo de vida ou forma de visão e acha que a Lei deva dar garantia isso, pode ter certeza, só o que você está fazendo é abrindo caminho para o surgimento de outros 30, 40, 50 ou seja lá quantos novos mártires de Cunhaú e Uruaçu.
Eu particularmente não acredito muito em coincidências, principalmente quando o assunto são as coisas do "mundo místico". O fato desse evento ter aparecido justamente nesse momento do Brasil, em que política e religião flertam entre si como em poucas vezes em nossa história, me pareceu muito providencial. Tempos de expressiva bancada evangélica no Congresso, ataques contra a arte, a mídia e educação sob alegação de uma suposta (e esse suposta está aqui por diversos motivos) moral cristã a ser violada e o advento de diversos grupos da sociedade civil e política invocando um conservadorismo que chega a assustar nos fazem lembrar de algo que foi essencial para o episódio do dito martírio no nordeste do Brasil (detalhes no vídeo que abre esta reportagem): a não separação entre Estado e religião.
Sim, esse grupo não foi assassinado por religião alguma lá em 1645, foi assassinado por um projeto de Estado, um modelo de "país" (que ainda não podia ser chamado desse jeito). Modelo em que o catolicismo infelizmente não podia fazer parte. Podemos acusar uma "inquisição protestante", termo que muitos sites gostam de trazer? Talvez até possamos, mas o protestantismo, propriamente dito, é o menos importe nessa história. Era um período de formação de identidades, criação de nações, expansão de impérios, onde o que pesa de verdade é apenas o nome Holanda. Holanda, que assim como várias outras nações europeias, aproveitaram da Reforma de Lutero (que aliás está comemorando 500 anos hoje) para adotar "novos cristianismos" para integrar seus projetos de Estado. E nesse contexto, pouca diferença faria a "igreja escolhida" pois o resultado seria o mesmo.
E o recado, pelo menos para mim, está mais do que claro: independente de você ser católico, evangélico ou muçulmano, se você tem em mente que toda a sociedade deve seguir a risca o seu código moral, não permitindo brecha para nenhum outro estilo de vida ou forma de visão e acha que a Lei deva dar garantia isso, pode ter certeza, só o que você está fazendo é abrindo caminho para o surgimento de outros 30, 40, 50 ou seja lá quantos novos mártires de Cunhaú e Uruaçu.