terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

PyeongChang 2018 na Globo. Tóquio 2020 também. Pequim 2022, Paris 2024 e outros/as que vierem, no mesmo lugar.




Ainda que passado meio despercebido, tivemos na última sexta o início oficial dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2018, realizados na cidade de PyeongChang, Coréia do Sul. Ocorrendo em meio a um período complicado do interminável conflito entre sul e norte coreanos, o evento, no Brasil, marca o recomeço de uma era na televisão, pois é a primeira de oito Olimpíadas (que se tornam dezesseis, se consideradas as da Juventude) adquiridas antecipadamente, num único tiro, pela Rede Globo junto ao COI (Comitê Olímpico Internacional). 

Não perca as contas, entre inverno-verão-inverno-verão, a emissora carioca detêm os direitos dos Jogos até o ano de 2032. O acordo, noticiado até no Jornal Nacional, bota o canal brasileiro em pé de igualdade à estadunidense NBC, maior patrocinadora olímpica, ainda que informalmente, do mundo - eles também conseguiram o acordo pelos mesmos 14 anos de forma antecipada. O acordo global é exclusivo para TV paga e internet e não exclusivo para TV aberta (o que quer dizer que SBT, Band e qualquer outra rede pode pode negociar os direitos com o COI, sem necessidade de falar com a Globo). 

Mas tá, Globo transmitindo Olimpíadas, nada de novo sob o Sol, não? Sim, de fato que sim, não estou dizendo nada além do esperado, mas é uma notícia que me faz pensar sobre a realidade da nossa televisão. Sabemos que a discrepância entre a Globo e suas concorrentes é algo surreal, assim como sabemos a importância de uma transmissão de Jogos Olímpicos, sejam eles de inverno ou de verão, para qualquer TV do mundo. É um evento que pode girar cifras astronômicas em um eventual leilão de direitos. Será que nossa TV é assim tão restrita a ponto de não valer uma disputa dessas? 

Para o Comitê Olímpico Internacional parece estar bem claro que não. Se essa negociação foi possível, foi porque esses cartolas viram lá no Ciclo Olímpico de 2010-2012 que Olimpíada, para gerar a visibilidade e retornar o lucro que eles querem, ou é na Globo ou não é em lugar nenhum. 2010 e 2012, Vancouver e Londres, lembram, as Olimpíadas da Record? Se a resposta for negativa, minha tese está confirmada. Embora a rede de Edir Macedo tenha sido muito importante para a divulgação do movimento olímpico, pela apresentação dos Jogos de Inverno ao grande público, nos de verão, que são os Jogos que realmente importam para o mercado brasileiro, o resultado foi um fiasco. Baixa audiência, pouca repercussão e um prejuízo financeiro sem tamanho para a TV exibidora. 

E se na Record, que é um canal riquíssimo e não tão estereotipado quanto o SBT, a aposta não deu certo, quem dirá em outros canais de menor expressão, como a RedeTV! ou Bandeirantes (aceitem), por exemplo? Logo, aos passos que andam nossa "caixa de maravilhas", como diz o vídeo que abre esta postagem, na Globo você vai ver, sim, vai, e por muito tempo. 

E nessa madrugada, com o fim do Carnaval, você finalmente começa a ver a transmissão, atrasada, mas ao vivo, de PyeongChang 2018 em TV aberta. E aproveitemos, pois quando o fuso horário não ajudar, é bem provável que isso [outra Olimpíada de Inverno] não vamos ver novamente. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário