2020 foi um ano atípico. Vimos as consequências de uma pandemia a níveis globais, o campo político do Brasil foi o caos e não vemos muita luz no fim do túnel. Este texto está sendo publicado em 1º de fevereiro de 2021 e em vários cenários 2020 ainda não foi superado. O futebol é um desses cenários.
O Campeonato Brasileiro está a pleno vapor, a Série B terminou na última sexta-feira e as finais da Copa do Brasil estão agendadas para o final do mês. Mas, no futebol brasileiro, temos como encerrada a Libertadores. E ah, que Libertadores foi essa?
Em 1999, quando o Palmeiras foi campeão da América (do Sul) pela primeira vez eu era muito pequeno. Muito provavelmente não era palmeirense e não me lembro de nada do título. Mesmo vendo os vídeos e as reprises, nada naquele título me apega emocionalmente. Já essa, em vários aspectos se torna marcante para mim.
A começar que ela foi interrompida por causa da covid-19. Comemoramos em 2021 a Libertadores que na verdade é de 2020! O campeonato começou na Globo em TV aberta e terminou no SBT, marcando o retorno definitivo da emissora de Silvio Santos aos torneios esportivos. Nesse meio tempo, muito se discutiu um cancelamento da edição, não se sabia como retornar em segurança com países lidando de maneiras tão distintas com a pandemia. O retorno, sem bolha, aparentemente sem segurança nenhuma, foi marcada pela falta de torcida nos estádios (à exceção da final) e surtos de corona vírus em diversas equipes. Acredito que o futebol em ano de pandemia ainda será um assunto estudado no futuro, mas para saber a apreensão e toda a questão do medo, da ansiedade e da revolta envolvida nisso, acredito que só vivendo mesmo (eu fui um dos que ficou revoltado).
Em campo, passei longe de ser o maior dos palmeirenses. Claro, queria muito ver meu time conquistar esse título, ter a chance de disputar um mundial e acabar com a piada infame que todo palmeirense conhece e é obrigado a lidar. Mas por outro lado, há tempo que meio que perdi a paciência com o futebol. Troquei a Libertadores pela A Fazenda 12 inúmeras vezes. Acompanhava, entretanto, os melhores momentos, as repercussões, mas pouquíssimo dos jogos ao vivo. Cabe a você, leitor, me julgar como mais ou menos palmeirense por causa disso, mas não é a você que eu devo justificativas (aliás, acho que a ninguém).
O ponto forte do torneio, para mim, como torcedor, foram sem dúvidas as semifinais contra o River Plate. Os jogos aconteceram nas duas primeiras semanas de janeiro, ainda na ressaca do ano novo. Nessa vibe de querer ver coisas novas, "virar de vez a chavinha" de 2020, já há umas semanas havia passado a ver futebol de novo. O primeiro jogo, 3 a 0 para o Verdão na Argentina havia me enchido na ânimo. Sinceramente, já estava acreditando em uma passagem antecipada à final. Mas o segundo jogo foi algo de outro planeta! Nunca imaginei que sofreria com um jogo de futebol como estava sofrendo com aquele jogo! Faz gol, anula gol, marca pênalti, chama o VAR, volta penalidade, 2 a 0 para os argentinos e pênalti em revisão no último minuto. Com a adrenalina no máximo (não conseguia nem dormir depois), agora era esperar a final. Ainda não sabíamos com quem, mas veio a ser com o Santos.
Aquela ansiedade pelo jogo, as fatalidades por covid-19 batendo recordes dia após dia (as festas de final de ano foram devastadoras) e a expectativa por um resultado positivo afligiam. Era a chance não só de acabar com a piadinha do mundial (vamos aguardar até semana que vem), mas também de nos aproximarmos de Grêmio, São Paulo e do próprio Santos, maiores campeões da Libertadores no Brasil. Era, ainda, uma forma de evitar que o Santos se isolasse no topo do ranque, com um troféu a mais que os outros dois times citados.
O risco de morte, minha e de meus familiares, não me permitia aglomerar. Era hora de fazer um rolê caseiro. Não há muito o que acrescentar sobre isso, apenas que o futebol serve para reaproximar as pessoas (sim, tem gente é distante dos parentes, mesmo morando junto). O resultado do jogo, já nos minutos além do acréscimo foi pra encerrar esse torneio e coroar esse título com a emoção que ele merece. Como vocês devem imaginar, não houve comemoração da minha parte em carreatas ou festas, abraços ou beijos. Talvez até nisso esse título é marcante. Ele é festa, por dentro, mas vem para mostrar que time ou esporte nenhum vale mais do que nossa saúde, nossa família e a sensação de estar preservando nossos amigos/família/namorada(o). E a festa, bom, quem sabe a gente não guarda ela para o final desse ano?
Abaixo, você que confere tanto o gol (primeiro vídeo, aos que tem pressa), como os melhores momentos da final no Maracanã (segundo vídeo)
E não poderia encerrar este post sem a campanha memorável da equipe palmeirense. Foram 10 vitórias, 2 empates e apenas uma derrota:
PARABÉNS, SOCIEDADE ESPORTIVA PALMEIRAS!
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