quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Uma dica de série para a Record


imagem: Wikimedia Commons

    Fui ao cinema assistir ao filme dos Mamonas Assassinas nesses últimos dias. Um filme que que cumpre sua missão em divertir o público e, ao menos na minha opinião, que está bem longe de ser essa tragédia toda que tanta gente anda dizendo na internet. Bom, mas não é para falar do filme dos meninos de Guarulhos que eu estou aqui. O longa metragem dos Mamonas me serve de gancho neste post por um pequeno detalhe que passa desapercebido pelo público comum (e que eu não vi ser creditado em momento nenhum, nem na abertura nem no encerramento da película): esse filme não era para ser um filme, mas uma série. Uma série que seria exibida, e inclusive foi até mesmo anunciada, pela Rede Record de Televisão. Não é preciso dizer que isso nunca aconteceu. 

    Eu não sei os motivos disso então não cabe a mim fazer especulações. Posso, entretanto, supor que esse tipo de conteúdo passa bem longe da linha editorial do canal, descaradamente focado em um público mais cristão, majoritariamente evangélico, e conservador. Há problema nisso? Ao meu ver, nenhum. Todos têm a liberdade de produzir e consumir aquilo que lhe seja mais rentável, ou mais aprazível. Mas é inegável que a série biográfica de uma banda que se consagrou pelo "besteirol" típico dos anos 1990 talvez não fosse ter muito espaço na telinha do telespectador médio da Record.


    Todo esse contexto denuncia o que é tratado no tuíte (eu não sei se os tuítes ainda se chamam tuítes após o Twitter deixar de ter esse nome) destacado acima. Não, ele não é irônico, eu de verdade acredito que a Record deveria fazer uma série (série, não novela) biográfica sobre a vida de João Ferreira de Almeida, o tradutor da Bíblia para o português.

Exemplo de Bíblia atual com a
tradução de João Ferreira de Almeida.
imagem: Lucas R. F. Maester
    Os motivos são vários. O principal deles é que a vida deste homem realmente merece nossa atenção. Li recentemente uma reportagem sobre o mesmo na versão brasileira do site da BBC (que você pode conferir aqui). Nascido em Portugal, foi ainda cedo para a Ásia e muito jovem já realizava o trabalho de tradução que o consagraria.

    Vale destacar também o "espírito da Reforma", muito presente na época de João (século XVII), o que foi sua glória e sua desgraça. A glória por ter apresentado aos público lusófono a Bíblia em sua língua, já a desgraça por ter sido mal recebido em quase todos os lugares por onde passou, devido à sua burlesca intolerância religiosa, direcionada à Igreja Católica. 

    Vale lembrar que em 2017 já pipocavam notícias de uma suposta série retratando a vida do "pai da Reforma Protestante", Martinho Lutero, na TV da Barra Funda. Ficou só na notícia mesmo.

  Por fim, é um nome com a qual milhares, senão milhões de brasileiros se deparam diariamente (ou dominicalmente) e para maioria das pessoas, "nunca nem tchum" de quem é esse cara - como se diria aqui na minha cidade. Pessoas essas que são, imagina-se, em sua grande maioria o público comum da Record.

    E sobre a parceria, ela realmente pode acontecer? Aí eu já não tenho como saber, mas sendo uma personalidade portuguesa, por que não tentar? São cooperações que, dentro de circunstâncias parecidas, a concorrência consegue (e ainda seria pertinente para evitar, ou ao menos atenuar, qualquer tipo de proselitismo).

    E ah, Record, só uma última coisa: caso esteja lendo este texto, não exite tanto em lançar sua produção. Vai que no meio do caminho ela vira filme de novo, né?

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