quarta-feira, 26 de julho de 2017

A História venceu em Lima




A mascote dos Jogos Pan e Parapan Americanos de Lima 2019 foi revelada na noite de ontem. A personagem que representará o maior evento multidesportivo da América foi escolhida em votação popular e teve sua inspiração em um ídolo indígena pré-colombiano. Seu nome é Milco. E eu fiquei muito feliz pelo resultado. 
Calma, vou explicar tudo certinho pra vocês. O Comitê Organizador dos Jogos de Lima promoveram um processo pra lá de bacana para escolher o boneco que representaria a competição. Como vocês devem saber, mascotes são elementos vitais na divulgação desse tipo de evento, além de também serem uma das maiores fontes de renda por todo o período que antecede o torneio, devido a seu apelo entre as crianças, o que atrai inúmeras empresas para seus licenciamentos (pode-se até dizer que marketing de Pan, Olimpíada e Copa do Mundo, citando apenas os maiores exemplos, se divide entre antes e depois do lançamento das mascotes). Até por isso, a escolha da mascote tem de ser a mais criteriosa possível. Porém, ao contrário do que aconteceu por aqui, todo o caminho percorrido até a definição do resultado, passando pela confecção do desenho até a escolha do vencedor, foi aberto à participação do público. Quem quisesse poderia enviar um desenho - contanto que fosse peruano ou naturalizado -, com nome e justificativa, e uma comissão escolheria os três finalistas que seriam colocados em uma eleição via internet. A votação ficou no ar por coisa de mais ou menos um mês, e nesta fase qualquer pessoa, em qualquer parte do planeta, poderia opinar.
Os candidatos foram Wayqi, uma espécie de lagartixa encontrada nos sítios arqueológicos da capital peruana, Amantis, representando uma flor de amancaes, planta natural da região de Lima e o já citado Milco, adaptação de um cuchimilco, estatueta indígena para usos religiosos. E indígena, nesse caso vale ressaltar, não necessariamente quer dizer "Inca", que com certeza é o primeira palavra que nos vem à cabeça quando pensamos em "índios" e "Peru". O grupo em questão eram os Chancay, que posteriormente até chegou a ser anexado ao poderoso Império Inca, mas não se pode chamá-los de incas. E eu votei nesse terceiro, que sinceramente, achei o mais feinho, mas em compensação, o que tinha a justificativa mais legal. Não imaginava que ele fosse ganhar (tinha certeza que quem ganharia seria lagartixa), mas, feliz ou infelizmente, eu estava errado.
Eu não sei como os peruanos lidam, emocionalmente, com seu passado. Pela lógica, diria que com grande orgulho, por estarem sobre o território que um dia pertenceu a uma das maiores civilizações que conhecemos. Muitos peruanos - e andinos em geral -, com certeza até hoje descendem de pessoas que séculos atrás fizeram parte do grande império incaico, dizimado pelos espanhóis no século XVI. Mas como já disse, eu não sou de lá, não pertenço àquela realidade, então pra mim é muito difícil afirmar qualquer coisa, mas trazendo isso para a realidade nossa, imaginem: qual seria a chance de algum elemento ligado à cultura Tupi-Guarani, Yanomami, ou de qualquer outro grupo indígena brasileiro, ganhar uma disputa dessas? Com certeza não passariam nem pela peneira do juri responsável pela escolha dos finalistas! 
Dos três grandes eventos, quatro com as Paralimpíadas(que eu não costumo separar das Olimpíadas, por ser tudo "Rio 2016"), que tivemos recentemente no Brasil, os mascotes foram Cauê, um solzinho sorridente para o Pan de 2007, Fuleco, o tatu bola que amávamos odiar na Copa de 2014, e Vinicius e Tom, representantes da riquíssima diversidade de fauna e flora do nosso país nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do ano passado. A impressão que fica é que adoramos nos mostrar através de nossa natureza, mas nunca por nosso povo. E essa regra serve até para o concurso de trajes típicos do Miss Universo. E tudo bem, não temos obrigação nenhuma de representar essa ou aquela comunidade em competição nenhuma, ainda mais quando estas envolvem cifras muito altas, como é o caso desses eventos que citei, mas a reflexão não deixa de ser válida. Se perguntem novamente, qual a probabilidade
Sei que a escolha do mascote é uma coisa muito pequena, perto de tantas outras, mas é algo que me deixou feliz. O "orgulho" de ser nativo-americano é algo que resiste em alguns lugares. E se levarmos em conta o enorme número de crianças que participaram dessa campanha (houveram votações nas escolas, pelo que pude acompanhar nas redes sociais), talvez nossa - sim, nossa - alegria possa ser ainda maior. 
Milco, Wayqi e Amantis, as três candidatas a mascote
dos Jogos Pan e Parapan Americanos de Lima 2019,
pela ordem da classificação final
imagem: Lima 2019

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Doctor Who: Pode até não melhorar, mas vai surpreender




Já sabemos quem será o 13º Doutor. E como em Doctor Who o tempo nada mais é do que apenas um detalhe, o título desta postagem está no futuro, mas as surpresas começaram agora. O 13º Doutor (me permitam usar o termo em português, por favor), é uma mulher. A atriz Jodie Whittaker foi escolhida para suceder Peter Capaldi neste Natal (se você não entende nada de Doctor Who, pesquise por "regeneração"). É a primeira vez, em mais de 50 anos, que a série não sera protagonizada por um homem!
Claro que isso causou um enorme falatório entre os fãs - e também entre babacas que não têm sequer ideia do que seja Doctor Who, mas ainda assim querem vir dar palpite. A discussão, claro, veio em cheio na questão do sexo da nova Doutora (em português isso fica muito confuso, chamo de "Doutor" ou de "Doutora"?). Alguns argumentam usando a lógica da série, o que é muito bacana, enquanto outros querem debater usando apenas de sexismos, reduzindo tudo em "o Doutor é homem, logo, não poderia se transformar em uma mulher", sendo que o próprio seriado já mostrou em algumas vezes que isso é sim possível. Veja o Master/Missy, por exemplo, personagem de destaque, que passou pela mesma situação. 
Mas o que eu acho de tudo isso? Primeiramente, não vejo erro em achar que o Doutor deva ser pra sempre homem. Uma das principais características de Doctor Who, e uma das coisas que torna a série tão apaixonante, são as inúmeras possibilidades que ela oferece. As bases desse universo estão sim fincadas na televisão, mas Doctor Who também é quadrinho, é livro, é rádio drama, é filme e muitas outras coisas. Inúmeros autores já mexerem em na lógica de funcionamento do show, o que o faz ser muito mais do que só um programa de TV. Doctor Who é, e isso já fazem décadas, uma franquia multimidiática. E não, não estou falando de fanfics e outros trabalhos feitos por fãs, estou falando de obras escritas e interpretadas por grandes nomes, e tudo devidamente reconhecido como cânone ("história real") pela própria BBC (a dona da "franquia"). É óbvio que nessa miscelânea de opiniões e interpretações, deve haver muita coisa em que se basear para dizer que "não, o Doctor não pode ser mulher" (e ainda para explicar o porquê disso ter acontecido com outros personagens). Fonte para poder desenvolver sua opinião é algo que com certeza não falta, logo, o que não vale é querer dar piti usando de "lógicas do mundo real", pois não necessariamente elas vão servir para o mundo da ficção (e às vezes nem para o mundo real essas suas ideias servem, viu?). E eu acho super positiva essa regeneração. Primeiramente porque é algo que há muito já era pedido pelos fãs - e também debatido, já que essa discussão não é nova, vira e mexe aparece em todas as notícias de troca de ator -, mas também por ser algo bastante oportuno para os dias de hoje, quando questões de gênero passam a estar tão em voga por todos os lugares - apesar de eu estar torcendo muito para que a narrativa evite tocar de forma muito direta nesse assunto, para que ele não pareça com algo "sobrenatural" -, e por fim, e principalmente, porque isso é algo que eu tenho certeza que vem para mudar, novamente, toda a mitologia dos Senhores do Tempo (a espécie alienígena à qual o Doutor faz parte). 
Vale ressaltar que essa é uma opinião minha, mas eu acho que mais da metade da era Capaldi, essas duas últimas temporadas, principalmente, foi um tempo para ser esquecido na série. É como se algo acontecesse que ela tivesse "perdido a mão" (pera, mas perder a mão não é o 10th?), e, salvo por uns ou outros episódios - os fins de temporada encabeçam essas exceções -, Doctor Who se tornou uma grande confusão, cheia de coisas ficando por resolver e mistérios de demasiada complexidade que parecem se solucionar por mágica, fazendo com que o telespectador simplesmente tenha de, com cara de tacho, aceitar o que é proposto e ponto final. Há quem não veja problema, mas eu acho que as coisas não precisam ser desse jeito. Apenas a troca de showrunner (o cabeça do programa), saindo o já há muito contestado Steven Moffat para a entrada do cheio de expectativa (ao menos da minha parte) Chris Chibnall, já me fazia esperar ansioso pelo próxima ano, mas agora, com a imensidão de novidades que uma Doctor pode trazer, eu só posso estar contando os dias para rever a série que, sem exagero nenhum, de vários modos mudou a minha vida e o meu jeito de olhar para a realidade. E se for pra nos surpreender e de novo revirar tudo que já sabemos, que venha, e por favor, venha logo!

quarta-feira, 12 de julho de 2017

2028, agora?




Era para ser uma semana decisiva para o processo de seleção das cidades sede dos Jogos Olímpicos de Verão de 2024. Congresso do Comitê Olímpico Internacional (COI) em Lausanne, Suíça. Basicamente a apresentação das propostas à imprensa e aquela campanhazinha eleitoral básica por parte dos organizadores, algo que não mudaria muito o que já estaria mais ou menos decidido, mas ainda uma parte importante de todo esse processo que teria seu desfecho em setembro próximo, na cidade de Lima, Peru. O que ninguém esperava - bom, na verdade esperava sim, essa questão já foi levantada há bastante tempo - é que essa semana também seria crucial para as Olimpíadas de 2028! O mandatário máximo do esporte declarou formalmente que agora, em 2017, já seriam definidas sedes olímpicas para as próximas duas edições do torneio, mais ou menos nos mesmos moldes da FIFA em 2010, para a escolha dos anfitriões das Copas de 2018 e 2022 - Rússia e Catar, respectivamente
Pode até ser implicância minha, mas não consigo ver isso com bons olhos. Nada contra Paris e Los Angeles, metrópoles que receberão as disputas (a proposta básica de cada uma delas você pode ver no vídeo acima, em inglês), totalmente pelo contrário. Elas são as menos "culpadas" por isso. O modelo atual de megaeventos esportivos está defasado, poucos países, ou poucas cidades, estão se interessando em receber esse tipo de "privilégio", exemplo foram as várias desistências que esse mesmo processo foi recebendo, a sequência de HamburgoBoston, Roma e Budapeste. Embora a empreitada ofereça muitas vantagens, as chances de prejuízo sempre são enormes - o Rio de Janeiro não foi o primeiro a sofrer dessa tragédia -, e governo nenhum quer se comprometer com tamanho gasto e risco (a iniciativa privada, menos ainda). Nesse cenário, assegurar de uma vez dois corajosos convictos é obviamente uma escolha acertada. Além de ainda criar uma economia de tempo para se pensar em um novo formato. Até aí, tudo perfeito, mas e quem já estava se planejando para 2028? Investiu em um plano futuro, que não ficaria para pronto para suceder Tóquio, mas tinha esse "sonho" - e talvez até essa capacidade - , e de repente toma esse balde de água gelada? 
E vale lembrar que grandes eventos do esporte são alvos fáceis de corrupção. Antes e após qualquer escolha definitiva. 2020 e 2016 são exemplos disso, eleições sob suspeita de fraude. Então do nada, sem nenhuma explicação prévia, resolver anunciar um vencedor lá da frente, na pura base da mudança de regulamento, não soa nem um pouco estranho. Com a FIFA, que como eu já disse lá atrás nessa mesma postagem, fez algo parecido, soava, e o resultado é esse que vemos até hoje (mas também, Copa no Catar, desculpa. E com doze anos para se organizar do zero? Quem suspeitaria, né?). Leiam bem, eu não estou fazendo denúncia nenhuma, mas é algo de se pensar, sim. Ver de quem partiu essa ideia, se foi só um combinado aí entre o próprio trio (comitês olímpico, americano e francês), ou se foi algo democrático de verdade, o mínimo que esse tipo de "virada de mesa" deve ser. Espero estar errado, mas na minha visão, que é bom deixar claro, parte de alguém que nada tem a ver com o íntimo da história, essa é uma decisão totalmente errada, pra não dizer "esquisita". E não se assustem caso isso ainda dê muito pano pra manga. 
A ordem dos Jogos (quem recebe qual edição) será divulgada em 13 de setembro deste ano, na 130º Sessão do COI.

terça-feira, 11 de julho de 2017

Aviso

arte: Lucas R. F. Maester

Gente, o recado é basicamente esse, que já anunciei no Twitter hoje a tarde. Minha vida, feliz ou infelizmente, não é apenas este blog, e eu não posso me desdobrar em dois para dar conta da rotina frenética de postagens que eu estava mantendo. Sim, porque pode até não parecer, mas elaborar de dois a três bons textos por semana dá muito trabalho (e olha que eu nem sei se eles são tão bons mesmo). Mas eu não reclamo, pois pra mim isso é muito gratificante. Porém, até idos de agosto, pelo menos, estarei meio ocupado com outras atividades, e em decorrência delas, vou ter que dar uma freada por aqui. 
Mas isso não significa que vocês não vão ficar sem texto não, totalmente pelo contrário: ao menos uma atualização por semana eu me comprometo a continuar fazendo. Já deixei vocês na mão por muito tempo, garanto que não vou deixar de novo (inclusive, acho que amanhã mesmo já terá postagem nova, fiquem ligados).
Desde já agradeço a compreensão, peço paciência, e vai ser só uma questão de tempo até que tudo volte ao normal. Muito obrigado.

quarta-feira, 5 de julho de 2017

A mão invisível da internet




Ainda mês passado troquei umas palavrinhas aqui com vocês sobre a emergente carreira internacional da Anitta (leia aqui), tentando deixar mais ou menos claro o caminho da cantora, passo pós passo, fazendo "feat." em músicas de astros já mais famosos do que ela, para assim ir, aos poucos, conseguindo seu espaço. E antes de começar a falar qualquer coisa nesta postagem, quero já deixar avisado que passa muito longe da intenção deste texto querer comparar a carreira dessas artistas, porém, no último domingo, é inegável que o Brasil acordou o foi dormir boquiaberto com a notícia de que nossa rainha do rebolado, Gretchen, iria gravar um clipe com ninguém mais ninguém menos que Katy Perry! Não é Maluma (???), não é Iggy Azalea; é Katy Perry, um dos maiores expoentes do universo pop na atualidade. A estrela norte americana argumentou que a escolha por Gretchen aconteceu devido ao imenso número de memes da brasileira que recebia de seus fãs (basta meia hora de Facebook para ter uma noção disso). Sim, por causa de uma brincadeira de internet, não só ressuscitamos a carreira de "Maria Odete", mas também a colocamos vai saber quantas casas acima da Anitta, que até a semana passada figurava como a maior superstar do país, meio que num passe de mágica!
Claro que é muita inocência achar que apenas o meme por si só foi responsável por esse convite, com certeza há o trabalho de um grande agente nos bastidores, mas que em contrapartida, de pouca coisa serviria não fossem os milhares de gifs que neste momento estão circulando nas redes sociais. E é isso que vale a pena ser observado. A internet às vezes tem um poder que não conseguimos mensurar. Garanto que ninguém levava a sério esse assunto de "meme", como já falei lá em cima, tudo era apenas uma brincadeira, que às vezes as pessoas faziam apenas mesmo para ridicularizar essa mulher (Inês Brasil, você não está nem um pouco longe dessa realidade, querida). E eu próprio achava que essas imagens animadas sequer saíam de dentro de nossas fronteiras. E que alguém me diga hoje, em 2017, como isso começou. Acho que é impossível descobrir. Toda a dinâmica que move a internet tem vida própria, e provavelmente não existe mais controle nenhum sobre o que circula apenas por lá, e o que vai acabar saindo para o mundo real. Swich Swich - o nome da música - é o exemplo mais recente desse fenômeno pós-moderno (não sei nem se posso usar esse termo aqui) de junção do concreto com o virtual. E provavelmente logo, coisa de dias ou horas, já será substituído por outro acontecimento tão extasiante quanto esse, e eis esse o lado triste desse negócio. Mas posso dizer? Que privilegiados somos de presenciar isso tudo (não a música, mas as transformações de mundo mesmo). 
O clipe em questão está anexado na abertura desta postagem. E a Katy Perry não aparece nele. Ah, e Gretchen, não pense que estou te menosprezando, ou diminuindo sua carreira aí de mais de trinta anos, totalmente pelo contrário, pra mim, ver o Brasil brilhar no exterior é sempre um motivo de alegria. E se através de uma personagem assim, tão popular, ainda mais. Desejo muito mais sucesso pra você, pra Anitta, e pra qualquer outro/a representante nosso planeta afora. Caso algum dia formos grandes nesse meio - o que eu acho muito difícil -, tenha certeza, vai ser muito devido à essas portas que estão sendo abertas por você(s) hoje.

terça-feira, 4 de julho de 2017

VAR, o presente chegou ao futebol, e não há polêmica nenhuma nisso




Dentre todas os testes realizados nesta Copa das Confederações da FIFA, um merece um destaque especial, o do controverso árbitro auxiliar de vídeo ("VAR", na abreviatura em inglês). Vale lembrar que a função não debutou neste campeonato, já havia aparecido durante o Mundial de Clubes do ano passado e também na Copa do Mundo sub-20 deste ano, mas foi no torneio preparatório para o Mundial da Rússia que ele teve sua maior visibilidade. 
Apenas para informar os desavisados, a arbitragem de vídeo é composta por três ou quatro juízes que acompanham o jogo, por vários ângulos, em uma sala a parte do estádio. Servem para dar o veredito em lances duvidosos que possam comprometer a partida, como impedimentos que resultariam em gol e na marcação ou não de faltas dentro da grande área. É uma função polêmica pois muitos torcedores argumentam que o futebol precisa do "fator humano", aquele gerado no calor do momento, e que os erros fazem parte do jogo. Render-se à frieza das telas de computador é destruir boa parte do que torna o esporte tão apaixonante. Mas aí eu te pergunto, é parte da graça quando o prejudicado é o seu time? Ou a regra só valo para os outros? 
Eu mesmo já fui muito arredio para todas essas inovações que a FIFA vira e mexe aparece propondo. Lembro que até da tecnologia de linha do gol (aquela que faz exatamente o que o nome diz), testada na nossa Copa do Mundo, em 2014, eu fui crítico. Hoje acho que essas intervenções necessárias. O mundo está em constante mudança, por que o futebol tem que parar no tempo? O futebol só é o futebol que conhecemos hoje porque soube se adaptar às realidades externas. Só pra servir de exemplo, autorizou a profissionalização de atletas quando o esporte, em âmbito geral, era quase todo amador, inclusive peitando os organizadores das Olimpíadas a fazerem o mesmo, lá no começo do século XX. Passados quase cem anos, vemos o abismo que existe entre as outras modalidades e o futebol. Seja em número de aficionados pelo mundo, seja no tamanho das cifras que envolvem suas negociações, ou seja na importância de seu principal campeonato - o COI só se ateve à importância das profissionalizações ainda após a Segunda Grande Guerra. O Campeonato Mundial da FIFA se tornou a única competição, até os dias de hoje, em condições de bater de frente com os Jogos Olímpicos -. Não devemos fechar os olhos à História, ela é a prova de que se adequar é o único meio de continuar no topo. Concorrentes como o vôlei, o tênis e o futebol americano já usam de recursos eletrônicos para a conferência de lances, e ao menos aparentemente, não existe reclamação nenhuma para com eles. O quão "mágico" é o futebol, que precisa se tornar algo intocável? E vale uma última reflexão, numa sociedade cada vez mais cibernética, daqui a alguns anos, quão atrativo vai estar um desporto tão "analógico"?  
Lembrando que o modelo já começou a ser testado no Brasil. E já começou apresentando problemas ao andamento da partida, e depois foi decisivo para a decisão de um título. E independentemente de gostarmos ou não, é uma realidade que está aí, e é uma vamos ter que nos adaptar a ela (já tecnologia de linha do gol já nos foi descartada devido ao preço, vamos ter que nos contentar com essa mesmo, um pouco mais mais barata e bem menos eficiente).