quarta-feira, 12 de julho de 2017

2028, agora?




Era para ser uma semana decisiva para o processo de seleção das cidades sede dos Jogos Olímpicos de Verão de 2024. Congresso do Comitê Olímpico Internacional (COI) em Lausanne, Suíça. Basicamente a apresentação das propostas à imprensa e aquela campanhazinha eleitoral básica por parte dos organizadores, algo que não mudaria muito o que já estaria mais ou menos decidido, mas ainda uma parte importante de todo esse processo que teria seu desfecho em setembro próximo, na cidade de Lima, Peru. O que ninguém esperava - bom, na verdade esperava sim, essa questão já foi levantada há bastante tempo - é que essa semana também seria crucial para as Olimpíadas de 2028! O mandatário máximo do esporte declarou formalmente que agora, em 2017, já seriam definidas sedes olímpicas para as próximas duas edições do torneio, mais ou menos nos mesmos moldes da FIFA em 2010, para a escolha dos anfitriões das Copas de 2018 e 2022 - Rússia e Catar, respectivamente
Pode até ser implicância minha, mas não consigo ver isso com bons olhos. Nada contra Paris e Los Angeles, metrópoles que receberão as disputas (a proposta básica de cada uma delas você pode ver no vídeo acima, em inglês), totalmente pelo contrário. Elas são as menos "culpadas" por isso. O modelo atual de megaeventos esportivos está defasado, poucos países, ou poucas cidades, estão se interessando em receber esse tipo de "privilégio", exemplo foram as várias desistências que esse mesmo processo foi recebendo, a sequência de HamburgoBoston, Roma e Budapeste. Embora a empreitada ofereça muitas vantagens, as chances de prejuízo sempre são enormes - o Rio de Janeiro não foi o primeiro a sofrer dessa tragédia -, e governo nenhum quer se comprometer com tamanho gasto e risco (a iniciativa privada, menos ainda). Nesse cenário, assegurar de uma vez dois corajosos convictos é obviamente uma escolha acertada. Além de ainda criar uma economia de tempo para se pensar em um novo formato. Até aí, tudo perfeito, mas e quem já estava se planejando para 2028? Investiu em um plano futuro, que não ficaria para pronto para suceder Tóquio, mas tinha esse "sonho" - e talvez até essa capacidade - , e de repente toma esse balde de água gelada? 
E vale lembrar que grandes eventos do esporte são alvos fáceis de corrupção. Antes e após qualquer escolha definitiva. 2020 e 2016 são exemplos disso, eleições sob suspeita de fraude. Então do nada, sem nenhuma explicação prévia, resolver anunciar um vencedor lá da frente, na pura base da mudança de regulamento, não soa nem um pouco estranho. Com a FIFA, que como eu já disse lá atrás nessa mesma postagem, fez algo parecido, soava, e o resultado é esse que vemos até hoje (mas também, Copa no Catar, desculpa. E com doze anos para se organizar do zero? Quem suspeitaria, né?). Leiam bem, eu não estou fazendo denúncia nenhuma, mas é algo de se pensar, sim. Ver de quem partiu essa ideia, se foi só um combinado aí entre o próprio trio (comitês olímpico, americano e francês), ou se foi algo democrático de verdade, o mínimo que esse tipo de "virada de mesa" deve ser. Espero estar errado, mas na minha visão, que é bom deixar claro, parte de alguém que nada tem a ver com o íntimo da história, essa é uma decisão totalmente errada, pra não dizer "esquisita". E não se assustem caso isso ainda dê muito pano pra manga. 
A ordem dos Jogos (quem recebe qual edição) será divulgada em 13 de setembro deste ano, na 130º Sessão do COI.

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