sábado, 4 de julho de 2015

"R7 Play" e a questão da gratuidade da Internet


Conseguiram assistir o vídeo acima? Não (se sim, cala a boca, assiste a novela e deixa o outro coleguinha responder)? Tem um porquê disso:








Logo, deu-se a entender oque o primeiro vídeo se trata de um vídeo, mesmo sendo do YouTube, pago. E a menos que você pague pelo serviço on demand que administra esses vídeos, no caso o tal do R7 Play, você não pode ter acesso ao que, pelo menos em teoria, deveria ser de graça (vou  chegar nessa questão). É uma ação comercial muito parecida com a realizada pela Globo já desde muito tempo atrás, de disponibilizar a íntegra de seus programas apenas para assinantes do seu provedor de internet. O serviço foi evoluindo com o passar dos anos, a ideia de provedor foi ficando ultrapassada, e hoje a TV Globo disponibiliza suas produções para assinantes que paguem apenas pelas íntegras,  a chamada globo.tv+, que inclusive,  até o fim da redação dessa postagem, apresentava dois planos diferentes de assinatura, um para todo tipo de programa, e outro apenas para novelas, mais barato. A grande "novidade" da Record talvez seja misturar a idéia da Globo com a prática do SBT de disponibilizar todos os seus programas via YouTube, criando inclusive canais próprios para grande parte dos programas, na tentativa de facilitar nossa vida, internautas (e ainda tem os exatos mesmos vídeos, em outro formato, no seu site oficial). Além do mais, ainda tem que YouTube é YouTube, é universal, todo mundo usa, com certeza é bem mais prático e vendável do que seria se usassem aquele player horroroso do R7, que nem pra controlar resolução dá (exemplo dele está aí em cima). Logo, pode-se dizer que a Record está fazendo o que a Globo faz, na plataforma que o SBT usa, só que restringindo público e repartindo lucros (uma ideia genial, não me estranha de onde venha).
Mas uma coisa é de se elogiar, o momento que escolheram para lançar o R7 Play: durante o "boom" de Os Dez Mandamentos, sob o ódio de telespectadores que não tinham como (re)ver a novela pela internet (o máximo possível era ver os "melhores momentos" de cada capítulo, selecionados de uma forma muito estranha. Exemplo disso aqui), e às vésperas dos Jogos Pan-Americanos de Toronto. Não havia outro momento para fazê-lo senão esse! Prefiro não entrar na questão do conteúdo oferecido, sobre até onde vale ou não a pena pagar, porquê acho que isso vai ser questão do gosto pessoal de cada um, então me abstenho. 
E lembrando que citei apenas as maiores emissoras para comparações, existem outras que também disponibilizam seus conteúdos na íntegra pelo YouTube ou outros sites gerais de vídeos, outras que usam plataformas próprias, outras que só disponibilizam excertos, isso vai de cada uma, mas no caso desta postagem, preferi focar meus exemplos nas mídias que com certeza todos conhecem, até porque seria impossível citar todos os exemplos do Brasil aqui.

Mas a grande questão não é essa. Acho que uma empresa não só pode como deve ter a autonomia de escolher a maneira de divulgar e disponibilizar seu produto, mas fico meio com um pé atrás quando o assunto é uma rede de televisão aberta, como é o caso da Record, ou até mesmo da Globo, que faz a mesma coisa. TVs fechadas que querem fazer isso, como HBO, FOX, GloboSat, etc.,que já o fazem, estão mais do que certas em cobrar, mas no caso de veículos que deveriam ser abertos para o público? Nem entrando na questão de "concessão pública" dessas mídias, porque sabemos que isso, na prática, não significa nada, a concessão é pública, mas as empresas são privadas, é um negócio que eu próprio admito não entender muito, tampouco saberia explicar. Acho que deveria existir alguma lei para o caso desse tipo de mídia deixar seu conteúdo com acesso livre ao público em geral, gerando não só o entretenimento ou a informação que seriam próprios dos programas, mas também abrindo mais oportunidades até de pesquisa para com tais conteúdos, tendo em vista que televisão pode servir como uma fonte histórica, sociológica, filosófica e artística riquíssima de ser estudada, mas muitas vezes seu acesso se torna muito dificultado por parte de seus "proprietários". 
Agora imaginem, o que em tese deveria ser público, sendo "público" uma definição muito contestável, passa a partir diretamente para o privado, sem contestação nenhuma desse segundo termo. Com certeza isso é algo que vem de fora, mas e se criar um "Netflix próprio" se tornar moda entre todas essas mídias? Tudo bem que ainda temos excertos gratuitos por parte desses veículos, mas atentem-se bem à esse "ainda" que utilizei na frase. Eu mesmo nem sabia que o YouTube tinha vídeos pagos. E que basicamente qualquer um pode ter um canal pago! Hoje ainda ninguém sabe dessas coisas, mas talvez daqui 10 anos ninguém mais se lembre de que já existiram vídeos que eram de graça! Em um mundo onde tudo é tão facilmente monetizado, espero que isso seja só mais uma paranoia ou reflexão/ideia maluca minha, mas infelizmente, dessa vez acho que não é. 

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