Quadro de medalhas final Arte: Portal R7.com |
E com o fim dos Jogos Pan Americanos de Toronto, gostaria de tomar a liberdade e fazer eu mesmo um balanço. Deixei acima um vídeo fazendo sua própria leitura, com imagens das competições para vocês até poderem "reviver". O porquê de eu tê-lo colocado, com certeza não é mistério pra ninguém, se você estava me acompanhando por aqui ou por alguma outra rede social, durante todo esse período do Pan, sabe que acompanhei tudo pela Record News, então acho que eu não teria outro vídeo para deixar aqui - assistam ao finzinho dele e chorem. Mas nessa temática eu volto lá na frente, quando falar da transmissão em TV aberta.
Essa postagem, por ser mais ampla, será dividida em tópicos, para facilitar a leitura, coisa que não fiz nas anteriores. Falarei não só da transmissão e cobertura, mas também dos jogos num contexto geral, e da campanha do Brasil, que merece um destaque em especial. Reforço o que já disse postagens lá atrás, não sou especialista, nem estou aqui pra puxar o saco ou armado com mil pedras nas mãos, apenas quero apresentar uma visão leiga sobre tudo que vi nesse pouco menos de um mês.
Essa postagem, por ser mais ampla, será dividida em tópicos, para facilitar a leitura, coisa que não fiz nas anteriores. Falarei não só da transmissão e cobertura, mas também dos jogos num contexto geral, e da campanha do Brasil, que merece um destaque em especial. Reforço o que já disse postagens lá atrás, não sou especialista, nem estou aqui pra puxar o saco ou armado com mil pedras nas mãos, apenas quero apresentar uma visão leiga sobre tudo que vi nesse pouco menos de um mês.
Pan
A primeiríssima vista, esse Pan já parecia totalmente estranho quanto à questão de sedes. Arena de suas cerimônias, o Rogers Centre, casa do Toronto Blue Jays, time de beisebol da liga profissional norte americana, não foi sede de esporte nenhum, só das cerimônias mesmo. Nem dos jogos de beisebol! Depois disso, começo a achar estranho o fato da estrutura de algumas sedes serem aparentemente tão precárias para esse tipo de evento. Cheguei até a comparar algumas, em especial a do atletismo, com arquibancadas de rodeio, porque é o que parecia mesmo. E não caí do cavalo quando descobri que muitas dessas "arquibancadas de rodeio" ficavam em universidades? Ou seja, por mais que aparentasse uma estrutura para o público precária, talvez seja porque não foram arenas feitas para o público, sua funcionalidade vai muito mais além, e seu legado se estende lá pro futuro do esporte canadense. Li também que muitas praças esportivas se encontravam em cidades distantes de Toronto, e que isso complicou muito a vida de vários atletas. No futebol isso é normal, por ser um torneio sempre longo, mas nesse caso foi ao contrário. O futebol ocorreu numa cidade vizinha, e esportes menos populares como canoagem foram sediadas em lugares extremos. O mapa de sedes pode ser visto neste link, caso lhes seja interessante.
Outra coisa a ser observada é o público nas arenas. A tal crise que a televisão gosta tanto de falar deve ter atingido em cheio o Canadá, pois nem com boas competições, a campanha excepcional dos atletas do país e preços de ingressos relativamente baratos as arenas lotavam. Tudo bem que Pan-Americano não é torneio em que se espera grande sucesso de público, mas nesse ficava evidente o fracasso nessa área. Durante o discurso de encerramento, falou-se em mais de um milhão de ingressos vendidos, após a organização ter de apelar até para liquidação de bilhetes. Pelo menos a olho nu, não foi o que pareceu.
E se o medo de todo país na hora de fazer esses eventos é terrorismo, ainda mais o Canadá, por ser tão próximo de certo país aí, Toronto mesmo ficou só com a ameaça. Quanto à segurança corriqueira, estamos falando de uma das cidades mais seguras do Mundo, só isso já encerra a discussão.
O objetivo da cidade do Pan mais caro e com os "problemas mais latinos" (a gente gosta de pensar assim, né?) da América do Norte na história agora é ser sede olímpica. Desejamos sorte, mas mesmo que seja eleita, ainda não vai ser melhor que a nossa Olimpíada do ano que vem.
Brasil
O Brasil terminou o torneio na terceira colocação na classificação geral de medalhas. O quadro de medalhas final você pode ver colocado logo acima, nesta mesma postagem, em sua forma simplificada, para o quadro totalmente detalhado, clique aqui. Mas afirmo aqui, não fossem os canadenses estarem jogando em casa, o Brasil teria se saído muito melhor! Teria terminado em segundo? Não necessariamente. A concorrência com o Canadá seria mais igualitária, e talvez até Cuba se sairia melhor do que se saiu esse ano - terminaram em quarto, pela primeira vez em décadas atrás do Brasil -, mas o Brasil com certeza iria bater de frente para disputar o segundo lugar.
Exemplo disso que falei, basta olhar os resultados do atletismo. Brasil deixou muito a desejar na modalidade, com uma medalha de ouro apenas contra 11 dos canadenses. Em que outra circunstância estaríamos numa discrepância tão grande? A única explicação que encontro é fator casa, desculpa. Acreditar que todo mundo subiu de nível de um dia para o outro, em um [conjunto de] esporte[s] onde o Brasil sempre foi relativamente bem? Não é futebol! Nem Cuba foi páreo para o Canadá nesses jogos. No meu ver, o atletismo foi o fator primordial para não termos ultrapassado com folga nossa marca de 2011.
Nos esportes coletivos, mantivemos nossa tradição de sempre se destacar. Se não voltamos com ouro, com pelo menos alguma medalha sempre voltamos. Até no rúgbi ganhamos medalha. Talvez devêssemos cobrar mais do vôlei e do futebol masculino, nossos dois maiores esportes, sim, destes talvez, mas dos demais, representamos bem. Já nos individuais, várias surpresas. Esportes que geralmente não damos nada, como badminton, esgrima, luta, tiro esportivo e com arco, remo, canoagem e até boliche, voltaram com medalha. Caratê, judô, ginástica e outros já tradicionais também não nos decepcionaram.
Mas aí vem a questão: Dá pra cobrar alguma coisa do Brasil, afinal? Dadas as circunstâncias atuais, pelo menos a nível continental, acho que dá. Também não dá pra cobrar horrores, todos sabemos o quanto o esporte é deixado de lado no país, e que se você quiser jogar algo diferente, é de final de semana e é só hobby, nada mais além disso, se profissionalizar, nem pensar (muitas vezes nem federação existe). Isso claro, se você encontrar onde praticar esse esporte, já que muitos lugares são carentes de espaços de prática esportiva. Até as escolas, onde deveríamos encontrar um mínimo de estrutura, há essa negligência. Porém, desde que fomos escolhidos como sede dos Jogos Olímpicos de 2016, algumas coisas, pelo menos em tese, deveriam ter começado a mudar. Cito aqui como destaque o Bolsa Atleta do Governo Federal, que privilegia esportistas que se destacam Brasil afora. Muito do resultado obtido vem desse programa. Não é muito, nem são todos, mas já permite aumentar os voos de muita gente. E relembrando a polêmica das continências nos pódios, as Forças Armadas também estão financiando o esporte de alto rendimento no país. E não sejamos ingênuos, com as Olimpíadas na porta de casa, muita grana da iniciativa privada também chega para "ajudar" e poder ter seu nome na festa. Sabemos que em 2017 muito disso já vai ter acabado, mas hoje, talvez o esporte esteja vivendo uma época de fartura que nunca viveu em se tratando de recebimento de incentivos.
E não podemos esquecer também que existe a pressão, até natural, pelos Jogos Olímpicos do ano que vem, que atleta sente (e recebe). Se o Brasil realmente quer sua décima posição concorrendo com o Mundo inteiro, jamais menosprezando o esporte das Américas, mas não sei dizer se devemos ficar tão empolgados assim com nosso resultado.
Exemplo disso que falei, basta olhar os resultados do atletismo. Brasil deixou muito a desejar na modalidade, com uma medalha de ouro apenas contra 11 dos canadenses. Em que outra circunstância estaríamos numa discrepância tão grande? A única explicação que encontro é fator casa, desculpa. Acreditar que todo mundo subiu de nível de um dia para o outro, em um [conjunto de] esporte[s] onde o Brasil sempre foi relativamente bem? Não é futebol! Nem Cuba foi páreo para o Canadá nesses jogos. No meu ver, o atletismo foi o fator primordial para não termos ultrapassado com folga nossa marca de 2011.
Nos esportes coletivos, mantivemos nossa tradição de sempre se destacar. Se não voltamos com ouro, com pelo menos alguma medalha sempre voltamos. Até no rúgbi ganhamos medalha. Talvez devêssemos cobrar mais do vôlei e do futebol masculino, nossos dois maiores esportes, sim, destes talvez, mas dos demais, representamos bem. Já nos individuais, várias surpresas. Esportes que geralmente não damos nada, como badminton, esgrima, luta, tiro esportivo e com arco, remo, canoagem e até boliche, voltaram com medalha. Caratê, judô, ginástica e outros já tradicionais também não nos decepcionaram.
Mas aí vem a questão: Dá pra cobrar alguma coisa do Brasil, afinal? Dadas as circunstâncias atuais, pelo menos a nível continental, acho que dá. Também não dá pra cobrar horrores, todos sabemos o quanto o esporte é deixado de lado no país, e que se você quiser jogar algo diferente, é de final de semana e é só hobby, nada mais além disso, se profissionalizar, nem pensar (muitas vezes nem federação existe). Isso claro, se você encontrar onde praticar esse esporte, já que muitos lugares são carentes de espaços de prática esportiva. Até as escolas, onde deveríamos encontrar um mínimo de estrutura, há essa negligência. Porém, desde que fomos escolhidos como sede dos Jogos Olímpicos de 2016, algumas coisas, pelo menos em tese, deveriam ter começado a mudar. Cito aqui como destaque o Bolsa Atleta do Governo Federal, que privilegia esportistas que se destacam Brasil afora. Muito do resultado obtido vem desse programa. Não é muito, nem são todos, mas já permite aumentar os voos de muita gente. E relembrando a polêmica das continências nos pódios, as Forças Armadas também estão financiando o esporte de alto rendimento no país. E não sejamos ingênuos, com as Olimpíadas na porta de casa, muita grana da iniciativa privada também chega para "ajudar" e poder ter seu nome na festa. Sabemos que em 2017 muito disso já vai ter acabado, mas hoje, talvez o esporte esteja vivendo uma época de fartura que nunca viveu em se tratando de recebimento de incentivos.
E não podemos esquecer também que existe a pressão, até natural, pelos Jogos Olímpicos do ano que vem, que atleta sente (e recebe). Se o Brasil realmente quer sua décima posição concorrendo com o Mundo inteiro, jamais menosprezando o esporte das Américas, mas não sei dizer se devemos ficar tão empolgados assim com nosso resultado.
Transmissão
"Toronto, tô na Record News!!!" #PanRecordNews
— Lucas R. F. Maester (@LucasRFMaester) 27 julho 2015
Mesmo achando que o criador deste trocadilho cretino deva passar o resto da vida na RedeTV!, a última coisa que twitaria sobre os Jogos Pan-Americanos de Toronto não podia ser outra (depois disso vieram só retwites e virá a divulgação desta postagem).
Não canso de elogiar a Record News pela cobertura feita. Dezesseis dias de transmissões ao vivo sem parar, com uma equipe muito enxuta, sem nomes famosos do grande público, fazendo o máximo para poder mostrar a maior quantidade possível de esportes em um mesmo canal. Sem cobertura in loco nenhuma, sem repórteres de campo, apenas usando as imagens internacionais e as narrando direto de São Paulo. Pra muitos isso é um problema, mas eu não vejo assim. Considero que a Record News é um canal de audiência quase nula, e de alcance muito limitado, que sequer tem sinal em HD. Não sou hipócrita, sei que sacrificar três "Hora News" diários não faz diferença quase nenhuma na audiência e faturamento, mas ignorar a quantidade de conteúdo que nos foi trazida, olhando só para aspectos técnicos. Não é assim que o Mundo funciona.
Usufruindo da vantagem de "emissora oficial" por ser uma segunda Record, a Record News ainda nos trouxe esportes com exclusividade absoluta na televisão brasileira: Handball, hóquei, rúgbi, algumas competições de tiro com arco, ginástica rítmica e tênis de mesa, brasileiros no caratê e no taecondô, todos eventos que canal nenhum mais transmitia. Inclusive com uma tarja de "exclusivo" em sua marca d'água.
Se comparar com a atenção dada ao evento pela sua matriarca, da qual pode-se resumir que transmitiu apenas vôlei, futebol e ginástica, mas que mesmo assim permaneceu com os nomes de peso, a equipe in loco e a "fama" só pra ela, a Record News só me faz encontrar mais razões para elogios. Não exigiria que a Record desse à esse Pan a mesma cobertura exagerada que deu ao Pan de Guadalajara, até por entender o como a Record é muito mais comercial que a Record News, não está em seus melhores dias, e que dessa vez ela não precisa divulgar uma Olimpíada exclusiva, mas precisava um desdenho tão grande? Apenas como comparação, as cerimônias de abertura e encerramento, que já tratei de forma específica neste blog, e o programa especial com que abri esta postagem (com um formato diferente), quatro anos atrás foram solenemente exibidos pela Record, não pela Record News.
O Portal R7 transmitiu tudo também, mas apenas o que a televisão também passava, sem jogos ou modalidades exclusivas na internet.
Ainda na parte da transmissão, vale lembrar que esse Pan foi o Pan da precariedade na geração oficial de imagens, então muitos eventos não foram transmitidos por não terem câmeras ou estrutura no local mesmo, o que não deveria ser um problema nesse tipo de competição.
Lembrando, não assisti nada pelo SporTV pois não tenho o canal. E nem que tivesse, prefiro não levantar grandes discussões sobre TV fechada devido à restrição de público dela. Mas não duvido que tenha surgido uma cobertura tão excepcional ou até melhor, tendo em vista ser um canal especializado em esportes, mas eu não tenho conteúdo para falar sobre.
E para encerrar a postagem e o tópico sobre transmissão, me despeço desse Pan com a equipe que me possibilitou poder escrever isso tudo para vocês. "Valeu Toronto", e até o Rio ano que vem, e até Lima em 2019, e até o esporte, onde, quando, e como ele puder ser prestigiado e praticado!!!
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