domingo, 21 de maio de 2017

Ninguém está querendo pagar pelo Campeonato Brasileiro?



Assistam o vídeo acima. Se não quiser, nem precisa ver tudo, apenas repare nas placas de publicidade, aquelas que circulam o campo. Algo de "anormal" com elas? Pois bem:

atrás do gol da esquerda: reservado ao patrocinador do clube* - Gol (companhia aérea) - Cartola FC (joguinho do globoesporte.com) - Neo Química (laboratório farmacêutico) - Vivo (serviços de telefonia) - "Os Dias Eram Assim" (supersérie da Globo) - "Somos Iguais" (institucional da CBF) 

centro: Globo Play (serviço de streaming da Globo) - Globo Play (serviço de streaming da Globo) - Globo Play (serviço de streaming da Globo) - Vivo (serviços de telefonia) - BRASILEIRÃO 2017 - "A Força do Querer" (telenovela da Globo) - Elo (operador de cartões de débito e crédito) - Proibida (cervejaria) 

atrás do gol da direita: CBF Academy (institucional da CBF) - globoesporte.com (site de esportes da Globo) - Neo Química (laboratório farmacêutico) - Vivo (serviços de telefonia) - "Aqui é Emoção" (institucional da Globo) - Gol (companhia aérea) - reservado ao patrocinador do clube*


Das 21 (ou 22*) placas no estádio, 8 estão ocupadas por produtos diretamente vinculados à TV Globo, transmissora do evento. Não é uma coisa nova, desde o ano passado eu já notava esse fenômeno (tweet abaixo), mas a cada ano que passa parece que ele se agrava mais. E se você continuar analisando, das 13 (ou 14*) restantes, uma é o nome do torneio - que não possui mais naming rights -, duas são institucionais da federação que o organiza e outras quatro são propagandas "repetidas". Mas e então, por que parece que ninguém quer anunciar no campeonato nacional? 
Essa talvez não seja uma pergunta difícil de responder. Li na página de um dos blogueiros do UOL essa semana uma análise do tema - leia-a neste link -, onde se esclarecia da comercialização destes espaços, e aparentemente (como já era de se imaginar), uma única empresa só está dominando a maior parte das placas porque não dá conta de conseguir vendê-las. Situação que parece não se repetir na Série B, nem tampouco com a Série C (a D ainda não começou, logo, eu não tive como conferir)! Como acontece então na A, que tem uma visibilidade infinitamente maior? Simples; já adianto que eu não tenho como ter acesso a valores, mas mesmo assim posso afirmar que com certeza pedem um preço altíssimo pelas estáticas telas retangulares. Muito mais do que o próprio campeonato vale. Crise, futebol fraco, estádios vazios, pouca perspectiva de internacionalização e uma instituição constantemente associada a casos corrupção. Pode-se dizer que o anunciante "apenas" paga pelos 90 minutos de exposição na maior rede de TV do país (e no maior canal de esportes da TV paga). O que, vale deixar registrado, não é pouca coisa, afinal, ter a marca estampada na Globo é sempre garantia de retorno, mas temo que isso ainda não é o suficiente. Por mais que televisão seja um atrativo, uma liga forte, uma liga séria, ainda seria o caminho ideal para reverter esse cenário de desinteresse. Algo que, diga-se de passagem, ainda parece bem longe da nossa realidade. Claro, as placas não são motivo de alarde, elas provavelmente são a menor das fontes de renda do Brasileirão, mas servem pra gente pensar, a que nível está o nosso futebol?
E se for só pra fazer uma última observação, você ainda vê que pro ridículo não existe limite quando três placas em sequência são usadas pra fazer uma única propaganda, enquanto que em lugar nenhum se vê uma divulgação sequer do Premiere, o serviço de pay-per-view do campeonato que, ao menos em tese, deveria ser de interesse direto de todos os envolvidos (inclusive da empresa que anuncia nas três placas). 


*parece que pode estar tanto de um lado como do outro, mas não consegui entender se também pode estar dos dois. Alguma regra deve ter, só que eu não sei muito bem qual que é não.

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