Não, não estou aqui pra falar da tal "propaganda gay" que tantas alas religiosas tanto acusam os globais de fazer. E se fosse pra falar disso eu com certeza nem no assunto tocaria, não vale a pena levantar polêmica pra esse tipo de discurso ignorante (sim, porque é isso que isso é). O ponto que quero levantar vai pro campo místico mesmo. Duas séries recentes da Globo, SuperMax, acima, e Vade Retro, abaixo, me instigaram por tocar em um assunto diretamente ligado à fé cristã. A primeira fala de um reality show ambientado em uma cadeia de segurança máxima no meio da Floresta Amazônica, onde criminosos reais concorreriam a um prêmio, seriam votados pelo pessoal de casa, a estilo Big Brother. Mas a trama começa de verdade quando esses participantes se veem abandonados no lugar e tem que se virar sozinhos para sair de lá. ### ALERTA DE SPOILER (só que é um spoiler que vocês precisam saber pra continuar no texto, acho que vocês deviam ler) ### Mais adiante na série, eles se descobrem prisioneiros de uma "entidade" auto proclamada Baal, mesmo nome de um ídolo assírio-babilônico bastante citado na Bíblia. A série conta com um padre, condenado injustamente, que abandona larga a batina diante das dificuldades da cadeia ### FIM DO SPOILER ###. Um seriado muito bom, gerou um jogo de celular e até uma versão para o mercado hispânico, mas peca pelo excesso de complexidade, além de deixar muitas pontas soltas (meu próximo post provavelmente vai falar disso). A segunda produção trás a história de uma advogada meia boca que, por ter sido beijada por João Paulo II - sim, eles não fazem nem questão de disfarçar - quando bebê, é procurada por um homem que se diz o Diabo. Se ele é ou não é, vou deixar que vocês mesmos tirem suas conclusões hoje a noite (ou a hora que quiserem na Globo Play). A série mistura vários elementos da cultura pop do terror, mas também vem com várias simbologias religiosas. O último capítulo vai ao ar lá pelas 23 e tanto, e vai fechar uma série mediana. Bons personagens, bons atores - Mônica Iozzi maravilhosa no papel de Celeste, tá perdoada por ter deixado o Vídeo Show -, boa história, mas errou apostando no populacho e no excesso de piadas prontas de forma exaustiva. Consegue se salvar nos seus dois últimos capítulos. Nesse assunto, destaque para a mãe da protagonista, uma senhorinha "beata" que dá bastante trabalho para o vilão. Sim, eu sei que são coisas que em tese ofenderiam católicos também. Aliás, ofenderiam muito mais os católicos, isso é quase um ataque direto, mas católico tá pouco se ferrando pra essas coisas. Na verdade, pra católico você pode falar o que quiser, que a maioria não vai nem ligar, então já adiantei no título que o público alvo é o evangélico mesmo.
Ambas as séries mexem diretamente com o tema "demônio" (no "sentido século XXI" da palavra). Sim, não é nada social, nada que faça grande diferença no dia a dia das pessoas, mas é um tema que mexe com pessoas mais sensíveis. Mas entre religião, Cristianismo e demonologias, afinal, por que a Globo resolveu "atacar" esse público (não vou entrar em argumentação de Record porque isso, pra mim, é algo que já está mais do que ultrapassado)? Simples, eles dão repercussão. E muita repercussão. Não é necessário muito tempo de internet para ver que não existe nada mais barulhento do que crente (ser vizinho de uma igreja às vezes ajuda a ter essa noção também). E não uso o termo de maneira maldosa, totalmente pelo contrário. Acho que neopentescostais souberam historicamente fazer um tão bom uso dos meios de comunicação, que adentrar à era da internet, para eles, foi de uma facilidade sem igual. Nas redes sociais é comum vermos causas levantadas por este grupo que rapidamente ganham força (fica a seu julgo definir se isso é bom ou ruim), gerando debates entre seus apoiadores e opositores. Independentemente do posicionamento, algo é fato, falar com o evangélico é garantia de publicidade. Ou ao menos deveria ser.
Essas recentes produções "dark" da Globo, talvez à exceção de Amorteamo, série de 2015 que não tinha nada de polêmica (e ainda era super bonitinha), foram fiascos de audiência e repercussão. No caso de Vade Retro, o fiasco deve ter sido tão grande que a série até mudou de horário. E nem no Twitter, rede social que se tornou oficial aos que veem TV, se observa qualquer sobrevida à série de Mônica Iozzi e Tony Ramos (acho até que ela foi encurtada em razão disso). Está tudo muito silencioso, e esse silêncio está me assustando. E ao núcleo de teledramaturgia do (antigo) PROJAC, ainda mais! Por mais que seja "vantajoso" usar dessa citada estratégia, é algo que ainda tem seus riscos. E esses riscos podem ser letais para uma obra de massas. O (neo) protestantismo é a denominação religiosa que mais cresce no Brasil e tem grande apelo entre os jovens, justamente o maior público consumidor de séries em geral, e de quebra, são os protagonistas do meio virtual que propaga esse formato. Caso sua experiência dê certo, tudo bem, um pouco de lenha na fogueira não vai fazer mal - contanto que não exagere, e nem fique só nisso. Mas se ela der errado, contar com a reprovação de quase metade do país vai ser uma coisa nem um pouco bacana. E se, mesmo com o auxílio desse tipo de artimanha, na maior emissora do continente, seu produto tenha se saído um fracasso sem nenhum bafafá nem proposta de boicote dessa galera - que é que eu penso ser essas duas situações -, acho que é hora de rever a divulgação desses seus seriados (aliás, um desabafo: sempre quis entender o porquê do brasileiro idolatrar tanto a série estrangeira e condenar tanto a nacional, e quase sempre sem sequer assistir as nossas).
Essas recentes produções "dark" da Globo, talvez à exceção de Amorteamo, série de 2015 que não tinha nada de polêmica (e ainda era super bonitinha), foram fiascos de audiência e repercussão. No caso de Vade Retro, o fiasco deve ter sido tão grande que a série até mudou de horário. E nem no Twitter, rede social que se tornou oficial aos que veem TV, se observa qualquer sobrevida à série de Mônica Iozzi e Tony Ramos (acho até que ela foi encurtada em razão disso). Está tudo muito silencioso, e esse silêncio está me assustando. E ao núcleo de teledramaturgia do (antigo) PROJAC, ainda mais! Por mais que seja "vantajoso" usar dessa citada estratégia, é algo que ainda tem seus riscos. E esses riscos podem ser letais para uma obra de massas. O (neo) protestantismo é a denominação religiosa que mais cresce no Brasil e tem grande apelo entre os jovens, justamente o maior público consumidor de séries em geral, e de quebra, são os protagonistas do meio virtual que propaga esse formato. Caso sua experiência dê certo, tudo bem, um pouco de lenha na fogueira não vai fazer mal - contanto que não exagere, e nem fique só nisso. Mas se ela der errado, contar com a reprovação de quase metade do país vai ser uma coisa nem um pouco bacana. E se, mesmo com o auxílio desse tipo de artimanha, na maior emissora do continente, seu produto tenha se saído um fracasso sem nenhum bafafá nem proposta de boicote dessa galera - que é que eu penso ser essas duas situações -, acho que é hora de rever a divulgação desses seus seriados (aliás, um desabafo: sempre quis entender o porquê do brasileiro idolatrar tanto a série estrangeira e condenar tanto a nacional, e quase sempre sem sequer assistir as nossas).
Vale ressaltar que não estou aqui pra criar ou reforçar nenhuma teoria da conspiração sobre uma Globo satanista ou qualquer outra coisa do tipo. Acho totalmente sem nexo essas histórias (até porque, eu sou católico, então...), mas uma coisa dá pra afirmar, e isso eu tentei deixar claro nesse texto, na era de redes sociais, comunicação instantânea e polarização extremada, escolher um lado é essencial. O que não quer dizer que a emissora esteja posicionada contra os cristãos, mas tê-los como "adversários", em vários momentos, é o mesmo de tê-los como aliados (e isso serve pra todo tipo de binarismo, viu "direita x esquerda"?).
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