Foi anunciado já há um tempo pela Globo que estreia amanhã Carcereiros, série de teor policial baseada no livro homônimo de Dráuzio Varella (sim, o médico do Fantástico). Mas não, não vão jogar Vade Retro pras duas e meia da manhã, o novo seriado será exibido, com exclusividade, no Globo Play, serviço de streaming da maior rede de TV do país. Apenas para assinantes.
Faz já tempo que a Globo tenta se firmar nesse mercado de assinaturas de vídeos. Desde a época em que isso ainda nem era mercado por aqui (mentalizem uma linha e a dividam em duas partes. Ponham nela a.N. e d.N., antes e depois da Netflix. Está aí a história do streaming no Brasil), o canal da família Marinho já anunciava em intervalos comerciais que adquirindo um tal provedor "globo.com" você teria teria acesso às integras das novelas e programas no portal de mesmo nome, pagando valores quase que simbólicos, um real e pouco por mês, ou nem isso. Quando os provedores de rede foram extintos, a Globo até reformulou seu site, lançou a Globo.tv (já falei dela aqui no blog), mas provavelmente nunca emplacou. O serviço sequer fora desvinculado da nomenclatura anterior, que o consumidor ainda associava com o dito provedor (e convenhamos, esse negócio de provedor é algo confuso pra caramba). Porém, quando se consolidou o conceito dos vídeos pagos on demand, a Vênus resolveu investir pesado. Pegou toda a estrutura que já existia, acrescentou TV ao vivo - mas apenas para algumas cidades -, botou um fundo preto e rebatizou de Globo Play. Após disso, foi só gravar propagandas com suas maiores estrelas e vender como algo novo. Deu certo. Não sei se dá lucro, mas hoje a marca é um sucesso.
Mas dado certo ou não, o importante a destacar é que o serviço nunca se acomodou. Oferecer apenas aquilo que a televisão já mostrou já não é mais atrativo suficiente para acarrear assinantes. Iniciativa como a de Carcereiros já foi vista em Brasil a Bordo, série de Miguel Falabella, que abre esta reportagem, e que assim como a debutante de amanhã, não tem nem previsão de exibição na TV. O projeto de "maratonar" as séries na internet é resposta à demanda atual de jovens, que perderam a capacidade de esperar por um episódio após o outro, e teve início com SuperMax, quando na época uparam o seriado todo no site, deixando apenas o último capítulo exclusivo para a telinha, dando assim um "hiato" de pelo menos uns dois meses e meio para que a pessoa que viu tudo de uma vez pudesse descobrir o fim da história. Nem preciso dizer que essa foi uma ideia catastrófica, né? Mesmo disponibilizando conteúdo extra para esse público, foi algo que não vingou, e acho muito pouco provável que repitam a experiência (públicos de internet e televisão são diferentes, não adianta querer forçar). Outras estratégias, como disponibilizar um capítulo, "o próximo", no caso, horas (Justiça) ou dias (Vade Retro e Mister Brau) antes da exibição na TV. Algo que te dá uma falsa impressão de "tô tendo prioridade", mas no final é o mesmo modelo televisivo, onde você tem que esperar o tempo X para ver o seu programa. Se diferencia apenas pela mídia. A última coisa que destaco é a chegada de Anos Rebeldes ao canal, como "material complementar" de Os Dias Eram Assim. Já disse lá em cima do conteúdo extra que às vezes é disponibilizado, mas uma série inteira, lá dos anos 90? Pra mim, estão de parabéns.
Mas no grosso, o serviço está no caminho certo? Eu acho que sim, mas tem muita coisa que a matriz ainda poderia usar para impulsionar o seu produto. Dei no parágrafo anterior vários exemplos de séries, mas temos que lembrar que Globo não é apenas teledramaturgia. A Globo Play, obviamente, também não. Existem vários eventos que poderiam muito bem ser "desmembrados" de outros sites do grupo para criar uma certa centralização no canal de vídeos. A primeira leitura, isso pode parecer meio pesado, mas não é. A divisão virtual da Globo é basicamente o G1, como portal de notícias, o globoesporte.com, responsável pelo esporte, o Gshow, site de entretenimento da rede aberta e o próprio GloboPlay (tem outros, mas esses são os mais importantes). Os acontecimentos esportivos e culturais dos quais a emissora detém direitos on line costumam ser distribuídos entre esses portais. Por que não direcionar então as transmissões ao vivo desses eventos para apenas plataforma então? Com uma transmissão especial, visando o público da internet? Os outros sites ficariam responsáveis pela cobertura dos espetáculos com fotos, notícias, etc. Lembrando que a Globo Play já aplicou este modelo com os Jogos Olímpicos de 2016 (o mais que maravilhoso #PlayNosJogos) e nas duas partidas, de ida e de volta, da semifinal que deu vaga à Juventus na final da Liga dos Campeões deste ano. Só que sempre em simultâneo com o globoesporte. E mesmo que prefira assim, em parceria, seja por questões de anunciantes, razões contratuais, ou quaisquer outros motivos, por que ainda assim não levar para o Play atrações como o Rock in Rio, o Lolapalooza ou o João Rock (G1 e Gshow)? A Copa das Confederações, a Copa América, a Eurocopa e a Champions desde o começo? O Jogo das Estrelas do NBB e as classificatórias da Fórmula 1 (globoesporte.com)? Sozinho ou junto das outras três páginas, focar nisso, de forma gratuita, seria o ideal para estes eventos que não tem espaço na televisão aberta, e que nem por isso, necessariamente, rompem a autonomia com da TV fechada. A internet fala outra língua, abrange outras pessoas, se sabido como trabalhar os dois - ou três - espaços, todos só vão se ajudar (e além do mais, todas são a mesma empresa, não dá pra dizer que existiria "concorrência" entre eles).
Pode-se dizer que a Globo tem um produto de enorme potencial nas mãos. E conteúdo suficiente pra expandi-lo para onde quiser. Talvez faltem definições absolutas do impacto econômico disso, a curto, médio e longo prazo, até pelo serviço ser algo relativamente novo, mas, assim como já fazia desde a época do provedor, lá no começo do século, o importante é nunca parar de reinventar. E para quem diz que é besteira pagar pelo que passa na TV aberta, quero adiantar que o futuro é esse, por mais infeliz que ele possa parecer. E o essencial para o presente é descobrir o como se vender isso lá na frente.
Faz já tempo que a Globo tenta se firmar nesse mercado de assinaturas de vídeos. Desde a época em que isso ainda nem era mercado por aqui (mentalizem uma linha e a dividam em duas partes. Ponham nela a.N. e d.N., antes e depois da Netflix. Está aí a história do streaming no Brasil), o canal da família Marinho já anunciava em intervalos comerciais que adquirindo um tal provedor "globo.com" você teria teria acesso às integras das novelas e programas no portal de mesmo nome, pagando valores quase que simbólicos, um real e pouco por mês, ou nem isso. Quando os provedores de rede foram extintos, a Globo até reformulou seu site, lançou a Globo.tv (já falei dela aqui no blog), mas provavelmente nunca emplacou. O serviço sequer fora desvinculado da nomenclatura anterior, que o consumidor ainda associava com o dito provedor (e convenhamos, esse negócio de provedor é algo confuso pra caramba). Porém, quando se consolidou o conceito dos vídeos pagos on demand, a Vênus resolveu investir pesado. Pegou toda a estrutura que já existia, acrescentou TV ao vivo - mas apenas para algumas cidades -, botou um fundo preto e rebatizou de Globo Play. Após disso, foi só gravar propagandas com suas maiores estrelas e vender como algo novo. Deu certo. Não sei se dá lucro, mas hoje a marca é um sucesso.
Mas dado certo ou não, o importante a destacar é que o serviço nunca se acomodou. Oferecer apenas aquilo que a televisão já mostrou já não é mais atrativo suficiente para acarrear assinantes. Iniciativa como a de Carcereiros já foi vista em Brasil a Bordo, série de Miguel Falabella, que abre esta reportagem, e que assim como a debutante de amanhã, não tem nem previsão de exibição na TV. O projeto de "maratonar" as séries na internet é resposta à demanda atual de jovens, que perderam a capacidade de esperar por um episódio após o outro, e teve início com SuperMax, quando na época uparam o seriado todo no site, deixando apenas o último capítulo exclusivo para a telinha, dando assim um "hiato" de pelo menos uns dois meses e meio para que a pessoa que viu tudo de uma vez pudesse descobrir o fim da história. Nem preciso dizer que essa foi uma ideia catastrófica, né? Mesmo disponibilizando conteúdo extra para esse público, foi algo que não vingou, e acho muito pouco provável que repitam a experiência (públicos de internet e televisão são diferentes, não adianta querer forçar). Outras estratégias, como disponibilizar um capítulo, "o próximo", no caso, horas (Justiça) ou dias (Vade Retro e Mister Brau) antes da exibição na TV. Algo que te dá uma falsa impressão de "tô tendo prioridade", mas no final é o mesmo modelo televisivo, onde você tem que esperar o tempo X para ver o seu programa. Se diferencia apenas pela mídia. A última coisa que destaco é a chegada de Anos Rebeldes ao canal, como "material complementar" de Os Dias Eram Assim. Já disse lá em cima do conteúdo extra que às vezes é disponibilizado, mas uma série inteira, lá dos anos 90? Pra mim, estão de parabéns.
Mas no grosso, o serviço está no caminho certo? Eu acho que sim, mas tem muita coisa que a matriz ainda poderia usar para impulsionar o seu produto. Dei no parágrafo anterior vários exemplos de séries, mas temos que lembrar que Globo não é apenas teledramaturgia. A Globo Play, obviamente, também não. Existem vários eventos que poderiam muito bem ser "desmembrados" de outros sites do grupo para criar uma certa centralização no canal de vídeos. A primeira leitura, isso pode parecer meio pesado, mas não é. A divisão virtual da Globo é basicamente o G1, como portal de notícias, o globoesporte.com, responsável pelo esporte, o Gshow, site de entretenimento da rede aberta e o próprio GloboPlay (tem outros, mas esses são os mais importantes). Os acontecimentos esportivos e culturais dos quais a emissora detém direitos on line costumam ser distribuídos entre esses portais. Por que não direcionar então as transmissões ao vivo desses eventos para apenas plataforma então? Com uma transmissão especial, visando o público da internet? Os outros sites ficariam responsáveis pela cobertura dos espetáculos com fotos, notícias, etc. Lembrando que a Globo Play já aplicou este modelo com os Jogos Olímpicos de 2016 (o mais que maravilhoso #PlayNosJogos) e nas duas partidas, de ida e de volta, da semifinal que deu vaga à Juventus na final da Liga dos Campeões deste ano. Só que sempre em simultâneo com o globoesporte. E mesmo que prefira assim, em parceria, seja por questões de anunciantes, razões contratuais, ou quaisquer outros motivos, por que ainda assim não levar para o Play atrações como o Rock in Rio, o Lolapalooza ou o João Rock (G1 e Gshow)? A Copa das Confederações, a Copa América, a Eurocopa e a Champions desde o começo? O Jogo das Estrelas do NBB e as classificatórias da Fórmula 1 (globoesporte.com)? Sozinho ou junto das outras três páginas, focar nisso, de forma gratuita, seria o ideal para estes eventos que não tem espaço na televisão aberta, e que nem por isso, necessariamente, rompem a autonomia com da TV fechada. A internet fala outra língua, abrange outras pessoas, se sabido como trabalhar os dois - ou três - espaços, todos só vão se ajudar (e além do mais, todas são a mesma empresa, não dá pra dizer que existiria "concorrência" entre eles).
Pode-se dizer que a Globo tem um produto de enorme potencial nas mãos. E conteúdo suficiente pra expandi-lo para onde quiser. Talvez faltem definições absolutas do impacto econômico disso, a curto, médio e longo prazo, até pelo serviço ser algo relativamente novo, mas, assim como já fazia desde a época do provedor, lá no começo do século, o importante é nunca parar de reinventar. E para quem diz que é besteira pagar pelo que passa na TV aberta, quero adiantar que o futuro é esse, por mais infeliz que ele possa parecer. E o essencial para o presente é descobrir o como se vender isso lá na frente.
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