parte 2
Não houve nenhum comunicado formal, mas em uma notícia dessas aleatórias que li no site institucional dos Jogos Pan Americanos de Lima 2019, ficou claro que o Pan de Santiago 2023, assim como esse do Peru e as outras três edições anteriores, também já é da Record (leia a matéria, em espanhol aqui. E entenda neste link o porquê da capital chilena já ser a sede do torneio antes mesmo do anúncio oficial, que está agendado só para setembro).
E eu sinceramente estava achando que a Record ia largar mão desse investimento, e 2019 seria sua última empreitada no ramo (o acordo para o Pan de Lima foi selado lá em 2011, muito precocemente, quando a emissora ainda estava na "febre" dos eventos olímpicos). E não é difícil construir essa ideia, basta ver o abandono gradativo que o canal foi dando para esses eventos, praticamente reservados à Record News, que é uma TV de audiência e alcance baixíssimos. Prova disso são os vídeos que abrem e fecham esta postagem. Se lhes acalma o coração, eu também não posso assisti-los, mas são oficiais do canal pago da Record no YouTube. Os pontos altos do último Pan, cerimônias de abertura e encerramento, pasmem, foram exibidos apenas pelo pequeno canal de notícias na TV aberta, que nem sinal em HD tinha na época (vocês devem lembrar que eu fiz uma super cobertura do Pan de Toronto aqui no blog, né?). Vale lembrar que vários fatores também devem ser analisados, principalmente a questão dessa ser uma competição de ainda muita pouca demanda, "descoberta" pelos brasileiros em 2007, por termos sido a sede - senão nem isso -, e que desde então passou a ser supervalorizado pela Record, muito em decorrência da divulgação de suas Olimpíadas de Londres, exclusivas, em 2012, ano seguinte à surreal cobertura dos Jogos de Guadalajara. Nenhum dos megaeventos mostrou resultados satisfatórios e até a tão esperada Olimpíada do Rio de Janeiro, no ano passado, foi colocada como segundo plano.
Mas por que a TV dos bispos, mesmo assim, quer continuar insistindo com uma coisa que tá na cara que não vai dá certo? Não creio na possibilidade de "minar a concorrência", prática de comprar os direitos de tudo quanto é coisa, não passar nada, mas com isso garante que os outros também não vão passar. Mas isso não é negócio pra Record, o único canal que a pode incomodar é o SBT, e lá não vão passar isso (a Globo com certeza não exibiria, só que com ou sem Pan, seria líder do mesmo jeito, logo, isso não faz diferença). Mas se o SBT não é concorrente, acredite, ele pode ter sido aliado. É sabido que Record, SBT e RedeTV! vivem um impasse com as operadoras de televisão por assinatura, e para resolvê-lo criaram a SIMBA, joint-venture com a finalidade de representá-las no campo da TV paga. Pauta da empresa é a negociação e criação de novos canais para adentrar esse mercado. Pois ora, se o Pan não produto de TV aberta (desculpa gente, mas não é), na TV fechada ele tem um baita de um espaço. Ainda não dá pra saber os direitos de 2023 são para todas as mídias, como foram os outros até então, mas muito provavelmente são. No eventual nascimento de um canal esportivo, eis aí o primeiro evento de peso. E que pode ser exclusivo (2015 e 2019 tiveram exibição pelo SporTV, um sublicenciamento da Record, mas daí pra frente não tem nada acertado). Mas atenção, num canal esportivo! Não adianta querer enfiar isso num canal de variedades, que é premissa de mais fracasso.
Mas outras razões, além da SIMBA, podem ter levado a emissora da Barra Funda a não desistir do empreendimento. Um deles é a chance de um evento desses voltar a ser realizado no Brasil. Ainda recentemente, sabe-se lá Deus de onde, surgiu a história de um Pan em São Paulo, mas que por motivos óbvios, acabou ficando só no boato mesmo. Só que isso, de maneira nenhuma, exclui a possibilidade de um futuro torneio em terras tupiniquins. Estamos na América, e modéstia a parte, temos uma estrutura esportiva, ainda que precária, muito melhor preparada que a maioria de nossos vizinhos - e isso não só em São Paulo e no Rio. Nesse cenário, ter uma relação próxima à ODEPA (Organização Desportiva Pan-Americana, em tradução livre), que permita renovações de contratos com certa antecedência é uma vantagem enorme. Outra questão está descrita na notícia que pedi para vocês lerem lá no começo do post. A Record - pelo menos até agora - detém direitos globais dos Jogos. Pode transmitir para qualquer lugar do planeta onde haja Record Internacional, a exceção apenas do país sede. E é sempre bom ressaltar, não é porque algo não tem mercado aqui, que não vai ter mercado lá fora.
O Pan é uma aposta. Não dá pra dizer que é uma realidade, nunca foi, não a toa nunca teve o devido tratamento que poderia ter tido no Brasil. A Record tentou mudar esse cenário, não conseguiu, mas tenta a sorte com mais esse tiro no breu, que é o Chile 2023. Se foi uma escolha acertada, não podemos afirmar nada nem de Lima ainda, mas é um evento legal, que eu gosto muito e somos potência nele. É até triste saber que pra televisão ele é um problema.
Não houve nenhum comunicado formal, mas em uma notícia dessas aleatórias que li no site institucional dos Jogos Pan Americanos de Lima 2019, ficou claro que o Pan de Santiago 2023, assim como esse do Peru e as outras três edições anteriores, também já é da Record (leia a matéria, em espanhol aqui. E entenda neste link o porquê da capital chilena já ser a sede do torneio antes mesmo do anúncio oficial, que está agendado só para setembro).
arte: Lucas R. F. Maester |
E eu sinceramente estava achando que a Record ia largar mão desse investimento, e 2019 seria sua última empreitada no ramo (o acordo para o Pan de Lima foi selado lá em 2011, muito precocemente, quando a emissora ainda estava na "febre" dos eventos olímpicos). E não é difícil construir essa ideia, basta ver o abandono gradativo que o canal foi dando para esses eventos, praticamente reservados à Record News, que é uma TV de audiência e alcance baixíssimos. Prova disso são os vídeos que abrem e fecham esta postagem. Se lhes acalma o coração, eu também não posso assisti-los, mas são oficiais do canal pago da Record no YouTube. Os pontos altos do último Pan, cerimônias de abertura e encerramento, pasmem, foram exibidos apenas pelo pequeno canal de notícias na TV aberta, que nem sinal em HD tinha na época (vocês devem lembrar que eu fiz uma super cobertura do Pan de Toronto aqui no blog, né?). Vale lembrar que vários fatores também devem ser analisados, principalmente a questão dessa ser uma competição de ainda muita pouca demanda, "descoberta" pelos brasileiros em 2007, por termos sido a sede - senão nem isso -, e que desde então passou a ser supervalorizado pela Record, muito em decorrência da divulgação de suas Olimpíadas de Londres, exclusivas, em 2012, ano seguinte à surreal cobertura dos Jogos de Guadalajara. Nenhum dos megaeventos mostrou resultados satisfatórios e até a tão esperada Olimpíada do Rio de Janeiro, no ano passado, foi colocada como segundo plano.
Mas por que a TV dos bispos, mesmo assim, quer continuar insistindo com uma coisa que tá na cara que não vai dá certo? Não creio na possibilidade de "minar a concorrência", prática de comprar os direitos de tudo quanto é coisa, não passar nada, mas com isso garante que os outros também não vão passar. Mas isso não é negócio pra Record, o único canal que a pode incomodar é o SBT, e lá não vão passar isso (a Globo com certeza não exibiria, só que com ou sem Pan, seria líder do mesmo jeito, logo, isso não faz diferença). Mas se o SBT não é concorrente, acredite, ele pode ter sido aliado. É sabido que Record, SBT e RedeTV! vivem um impasse com as operadoras de televisão por assinatura, e para resolvê-lo criaram a SIMBA, joint-venture com a finalidade de representá-las no campo da TV paga. Pauta da empresa é a negociação e criação de novos canais para adentrar esse mercado. Pois ora, se o Pan não produto de TV aberta (desculpa gente, mas não é), na TV fechada ele tem um baita de um espaço. Ainda não dá pra saber os direitos de 2023 são para todas as mídias, como foram os outros até então, mas muito provavelmente são. No eventual nascimento de um canal esportivo, eis aí o primeiro evento de peso. E que pode ser exclusivo (2015 e 2019 tiveram exibição pelo SporTV, um sublicenciamento da Record, mas daí pra frente não tem nada acertado). Mas atenção, num canal esportivo! Não adianta querer enfiar isso num canal de variedades, que é premissa de mais fracasso.
Mas outras razões, além da SIMBA, podem ter levado a emissora da Barra Funda a não desistir do empreendimento. Um deles é a chance de um evento desses voltar a ser realizado no Brasil. Ainda recentemente, sabe-se lá Deus de onde, surgiu a história de um Pan em São Paulo, mas que por motivos óbvios, acabou ficando só no boato mesmo. Só que isso, de maneira nenhuma, exclui a possibilidade de um futuro torneio em terras tupiniquins. Estamos na América, e modéstia a parte, temos uma estrutura esportiva, ainda que precária, muito melhor preparada que a maioria de nossos vizinhos - e isso não só em São Paulo e no Rio. Nesse cenário, ter uma relação próxima à ODEPA (Organização Desportiva Pan-Americana, em tradução livre), que permita renovações de contratos com certa antecedência é uma vantagem enorme. Outra questão está descrita na notícia que pedi para vocês lerem lá no começo do post. A Record - pelo menos até agora - detém direitos globais dos Jogos. Pode transmitir para qualquer lugar do planeta onde haja Record Internacional, a exceção apenas do país sede. E é sempre bom ressaltar, não é porque algo não tem mercado aqui, que não vai ter mercado lá fora.
O Pan é uma aposta. Não dá pra dizer que é uma realidade, nunca foi, não a toa nunca teve o devido tratamento que poderia ter tido no Brasil. A Record tentou mudar esse cenário, não conseguiu, mas tenta a sorte com mais esse tiro no breu, que é o Chile 2023. Se foi uma escolha acertada, não podemos afirmar nada nem de Lima ainda, mas é um evento legal, que eu gosto muito e somos potência nele. É até triste saber que pra televisão ele é um problema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário